Jaraguá do Sul

Especialistas analisam movimento contrário a participação da jornalista Míriam Leitão na Feira do Livro de Jaraguá

A 13ª edição da Feira acontece na Scar, no mês de agosto e nós conversamos com especialistas sobre a decisão tomada pela organização de cancelar a participação da jornalista

17 JUL 2019 • POR Camila Silveira Rosa • 11h26

Você já deve ter ouvido a seguinte frase “É livre a manifestação do pensamento”, bem como a chamada “Liberdade de Expressão ou de Pensamento”, garantida através do inciso IV do artigo 5º da Constituição Federal, de 1988. Dessa forma, os cidadãos jaraguaenses se manifestaram contra e a favor, da permanência ou não, da jornalista Míriam Leitão, através de petições online, na 13ª edição da Feira do Livro de Jaraguá do Sul, que acontece no mês de agosto, na Sociedade Cultura Artística (Scar).

Com relação ao caso, um ouvinte da Rádio Jaraguá, André Luís Sotoriva, resolveu manifestar a sua opinião. Ele é designer e alega não exercer nenhuma função política e nem de associação partidária.

Segundo o doutor em sociologia política pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Flávio Ramos, esse ambiente de intolerância não faz bem a ninguém.

A doutora em antropologia social e professora universitária, Maria Elisa Máximo, comenta que esse é um tipo de comportamento polarizado bastante radical entre esquerda e direita, caracteriza várias situações que estamos vivenciando. Segundo ela, de uma forma muito superficial, pode-se tratar esse tipo de comportamento como uma dificuldade de lidar com o contraditório.

Perguntamos a Maria Elisa sobre a decisão tomada na manhã desta terça-feira (16), pela comissão organizadora da Feira do Livro, em cancelar a presenta da jornalista Míriam Leitão e Sérgio Abranches, “Em virtude das recentes manifestações”, como se pronunciaram por nota oficial, e ela comenta que democracia não é necessariamente o governo da maioria.

Segundo o mestre em sociologia política pela UFSC, Eduardo Guerini, quando uma petição online impede que cidadãos participem de eventos, demonstra que a “fera está ferida”, do ponto de vista do debate.

De acordo com a doutora em antropologia, essa não foi a melhor escolha, pois você impede que quem deseja ouvir os jornalistas não seja contemplado. Dessa forma, uma solução seria ter nomes de outros escritores para debater - sobre livros, pois ela viria para participar da mesa "Biblioteca Afetiva", em que falaria de livros que marcaram sua trajetória pessoal e profissional - com a mesa que seria formada por eles.

Nessa mesma linha de raciocínio, o doutor em sociologia política, Ramos, comenta que a crítica e a reflexão é sempre bem-vinda.

Segundo Guerini, o diálogo traz benefícios e ajuda a construir uma capacidade de construir uma sociedade mais aberta, rompendo com o mundo de extremos.

Maria Elisa comenta que devido ao tema da Feira do Livro ser “Literatura em Movimento”, a decisão tomada pela organização devido a pressão social das redes sociais, não combinam.

A doutora em antropologia social, comenta que ao invés dessas pessoas estarem pedido para a jornalista Míriam Leitão não vir, elas poderiam estar pedindo para vir outro pensador que pudesse rebater o pensamento dela.

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