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POLÍTICA

'Não vou me intimidar, vou tacar mais ovos', diz alvo de buscas por fake news

16 Abr 2019 - 17h32Por Julia Affonso

Investigada no inquérito sobre supostas fake news contra ministros do Supremo Tribunal Federal, Isabella Trevisani afirmou que a ordem judicial do ministro Alexandre de Moraes, da Corte, não vai intimidar. "Vou tacar mais ovos", ela postou em sua conta no Facebook, nesta terça-feira, 16.

"Acabei de ficar sabendo que a Polícia Federal já esteve na minha casa, já fez busca e apreensão, já levou meu computador. Ela já esteve lá às 6h da manhã, só que eu não estava sabendo, porque ontem eu vim para a Paulista e acabei ficando para cá", disse Isabella em um vídeo publicado em sua rede social.

"Eles já levaram meu computador, já levaram tudo o que eles podiam. Minha mãe recebeu a Polícia Federal em casa às 6h da manhã. Essa é a ditadura do Judiciário, eles querendo calar o povo brasileiro que luta contra eles nas ruas, eles querendo impedir, censurar de todas as maneiras possíveis."

"Então, eu só tenho um recado a vocês. Ministro Alexandre de Moraes, ministros do STF brasileiro, a hora de vocês está chegando. Vou tacar mais ovos nos carros, nos prédios, onde eu conseguir."

"Pode me aguardar. Eu não vou me calar, eu não vou me intimidar, não vai intimidar o povo brasileiro. Nós continuaremos nas ruas contra esse descaso, esse desrespeito, essa arbitrariedade imensa que vocês vêm fazendo contra nós, essa censura."

Isabella pregou o fechamento do STF no vídeo que dura cerca de 1 minutos e 30 segundos. "O STF vai cair. Eles estão é com medo. Estão tentando nos calar, porque sabem exatamente sabe que vai cair."

Alexandre viu "subversão da ordem" e ordenou buscas contra investigados por "graves ofensas à Corte".

Foram alvo de operação da PF nesta terça-feira, 16, o general da reserva Paulo Chagas, o membro da Polícia Civil de Goiás Omar Rocha Fagundes, além de Isabella Sanches de Sousa Trevisani, Carlos Antonio dos Santos, Erminio Aparecido Nadini, Gustavo de Carvalho e Silva e Sergio Barbosa de Barros.

O inquérito apura fake news, falsas comunicações de crimes, denunciações caluniosas, ameaças e outras infrações contra a "honorabilidade e a segurança do Supremo Tribunal Federal, de seus membros" e alcança familiares dos ministros "quando houver relação com a dignidade" deles.

A investigação mira também supostos "esquemas de financiamento e divulgação em massa nas redes sociais, com o intuito de lesar ou expor a perigo de lesão a independência do Poder Judiciário e ao Estado de Direito".

Em manifestação enviada ao ministro Alexandre de Moraes, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, informou o arquivamento do inquérito contra membros da Corte. O procedimento havia sido instaurado de ofício pelo presidente do Supremo, Dias Tofolli, em 14 de março.

Entenda o caso

Em março, o presidente do Supremo, Dias Toffoli, mandou abrir um inquérito contra "notícias fraudulentas (fake news), denunciações caluniosas, ameaças e infrações revestidas de animus caluniandi, diffamandi ou injuriandi, que atingem a honorabilidade e a segurança do Supremo Tribunal Federal, de seus membros e familiares, extrapolando a liberdade de expressão". Na ocasião, o ministro citou um artigo do regimento interno do STF, segundo o qual, "ocorrendo infração à lei penal na sede ou dependência do Tribunal, o Presidente instaurará inquérito, se envolver autoridade ou pessoa sujeita à sua jurisdição".

Ao autorizar a operação desta terça, Alexandre também mandou bloquear contas dos investigados no Facebook, no WhatsApp, no Twitter e no Instagram.

"Autorizo desde logo o acesso, pela autoridade policial, aos documentos e dados armazenados em arquivos eletrônicos apreendidos nos locais de busca, contidos em quaisquer dispositivos", ordenou Alexandre. "Após a realização das diligências, todos os envolvidos deverão prestar depoimentos."

Na segunda-feira, 15, no âmbito do inquérito, o ministro determinou à revista "Crusoé" e ao site "O Antagonista" que retirassem do ar imediatamente a reportagem intitulada "amigo do amigo de meu pai", que cita o presidente da Corte, Dias Toffoli. A revista repudiou a decisão e denunciou o caso como censura. Alexandre impôs ainda uma multa diária de R$ 100 mil em caso de desobediência.

"Determino que o site O Antagonista e a revista Crusoé retirem, imediatamente, dos respectivos ambientes virtuais a matéria intitulada 'O amigo do amigo de meu pai' e todas as postagens subsequentes que tratem sobre o assunto, sob pena de multa diária de R$ 100 mil, cujo prazo será contado a partir da intimação dos responsáveis. A Polícia Federal deverá intimar os responsáveis pelo site O Antagonista e pela Revista Crusoé para que prestem depoimentos no prazo de 72 horas", ordenou.

O ministro não fez nenhuma declaração sobre sua decisão, mas a interlocutores próximos ressaltou que não impôs censura às publicações. Na avaliação de Alexandre, "liberdade de imprensa impede a censura prévia, mas não responsabilização posterior".

O ministro ressaltou que "a notícia se baseou na PGR, que a desmentiu, mesmo assim insistiram na fake news". "Isso está claro na decisão."

A reportagem está tentando localizar as defesas de todos os citados. O espaço está aberto para manifestação.

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