feirão de empregos
POLÍTICA

Governo Bolsonaro ainda não tem um plano de comunicação

25 Fev 2019 - 12h09Por Felipe Frazão

Quase dois meses depois de tomar posse, o presidente Jair Bolsonaro ainda não tem uma estratégia desenhada para a comunicação do governo. O problema ficou evidente há 11 dias, quando uma reunião da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom) com todas as repartições federais - incluindo equipes de ministérios, empresas estatais e entidades vinculadas - foi encerrada sem a apresentação das diretrizes para a divulgação das realizações de cada área. O motivo alegado foi o de que o plano não estava pronto.

Bolsonaro tem sido criticado por aliados e até por integrantes de seu partido, o PSL, por adotar tom de campanha nos pronunciamentos. No Congresso, é comum ouvir que o presidente ainda não desceu do palanque. É geral a avaliação de que a falta de um plano de comunicação ajuda a esconder eventuais realizações do governo, enquanto a agenda da crise se sobressai - como a que culminou, na semana passada, com a demissão do ministro da Secretaria-Geral, Gustavo Bebianno.

O receio de auxiliares de Bolsonaro é de que as turbulências na política respinguem nas negociações com o Congresso em torno da proposta de reforma da Previdência.

A reunião da Secom, no dia 14, vinha sendo tratada como o "1.º encontro sobre comunicação global" do Sistema de Comunicação de Governo do Poder Executivo Federal. O sistema reúne o conjunto de equipes de comunicação dos órgãos que compõem a administração pública federal. O evento lotou o auditório do prédio anexo no Palácio do Planalto.

Foram convocadas para o encontro as equipes de todos os ministérios, de empresas públicas, autarquias e fundações e demais órgãos federais. Houve envolvimento da cúpula da Secom com os responsáveis pelos setores de Imprensa, Pesquisa e Opinião Pública, Gestão e Controle, Publicidade e Promoção, Patrocínios, Eventos, Articulação e também pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

Os assessores se apresentaram, trocaram contatos e ouviram discursos do ministro da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto dos Santos Cruz, que abriu a reunião, depois presidida pelo chefe da Secom, Floriano Barbosa de Amorim Neto, publicitário de confiança do presidente e ex-assessor parlamentar do clã Bolsonaro.

Ao final, os participantes também puderam levantar dúvidas e sugestões. O principal recado do Palácio do Planalto foi o de que é preciso cortar despesas, mas a reunião transcorreu sem que fosse apresentada a linha de comunicação a ser trabalhada pelo governo.

O jornal O Estado de S. Paulo conversou com cinco pessoas que estiveram no encontro. Todas disseram que Amorim chegou a anunciar que apresentaria um plano na reunião. Mesmo assim, passou pelo constrangimento de dizer que ele não ficara pronto a tempo. A reportagem pediu detalhes da reunião à Secom, mas não obteve resposta.

Redes

Desde a campanha eleitoral, Bolsonaro tem privilegiado a comunicação pelas redes sociais, e, para tanto, tem o apoio dos três filhos: o vereador Carlos (PSC-RJ), o deputado federal Eduardo (PSL) e o senador Flávio (PSL) (mais informações na pág. A8). Ativo nas redes, Carlos é apontado como o responsável por mensagens postadas nas contas do pai.

Na semana passada, o ministro demitido Gustavo Bebianno deixou vazar áudio de uma conversa privada em que Bolsonaro trata a TV Globo como "inimiga" e diz não falar com jornalistas. No Planalto, o próprio chefe da Secom não costuma atender a imprensa.

Ministro da Secretaria de Governo, o general Santos Cruz disse na reunião da Secom que a ordem é otimizar recursos e unificar o discurso governamental, mas não deu detalhes sobre o que será feito.

Amorim também não falou em estratégia. Até agora, ele tem dedicado sua agenda a discussões internas no governo. Recentemente, recebeu apenas representantes do Google e do Twitter, além de autoridades públicas e a deputada Bia Kicis (PSL-DF). Boa parte da agenda do chefe da Secom tem sido dedicada a discutir o futuro da EBC. A interlocução com veículos de imprensa vem sendo feita por ministros, como Santos Cruz, e outros secretários.

Em administrações anteriores, as reuniões da Secom eram usadas para apresentar o planejamento de comunicação do governo, alinhar estratégias, definir temas relevantes e mídias prioritárias, além de estabelecer a coordenação de ações conjuntas entre ministérios, instituições vinculadas, empresas estatais e a Presidência.

Assessorias

No encontro do dia 14, foram dados exemplos de como todos os ministérios podem fazer a defesa da reforma da Previdência - que tem uma campanha publicitária específica, para a qual foi contratado o marqueteiro Daniel Braga. Houve, ainda, quem reclamasse da falta de pessoal nas assessorias, uma vez que muitos ministérios estão com equipes reduzidas desde que Bolsonaro tomou posse.

É o caso de Meio Ambiente, Defesa e Cidadania - a pasta que acumulou atribuições de três ministérios (Desenvolvimento Social, Esporte e Cultura) e tem o contrato em processo de licitação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Matérias Relacionadas

Política

Mexendo com o cenário de SC

Confira os bastidores da política desta segunda-feria (10) com o comentarista Cláudio Prisco Paraíso
Mexendo com o cenário de SC
Política

Deputado defende o impeachment do presidente Lula

Fábio Schiochet (UB) foi entrevistado nesta segunda-feira, 10, no Diário da Jaraguá
Deputado defende o impeachment do presidente Lula
Política

Nina Camello, assume Coordenadoria Regional de Saúde de Jaraguá do Sul

Ex-vereadora vai ocupar o cargo até então ocupado pelo dentista Sérgio Luiz Pacheco (PSDB). 
Nina Camello, assume Coordenadoria Regional de Saúde de Jaraguá do Sul
Política

Aumenta ou não?

Confira os bastidores da política deste sábado (8) com o comentarista Cláudio Prisco Paraíso
Aumenta ou não?
Ver mais de Política