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Transmissão de HIV de mãe para filho cai 42% em Santa Catarina

02 Dez 2016 - 10h24

De acordo com o Boletim Epidemiológico divulgado quarta-feira, 30, pelo Ministério da Saúde, a taxa de detecção de HIV/Aids em crianças menores de cinco anos em Santa Catarina passou de 6,2, em 2009, para 3,6 casos/100.000 habitantes, em 2015. “Esse índice é resultado do esforço que o estado e os municípios vêm fazendo ao longo dos últimos anos para ampliar a realização de testes de HIV nas gestantes durante o pré-natal e, assim, evitar a transmissão do HIV de mãe para o filho. Muito ainda precisa ser feito para zerar a transmissão vertical, no entanto, verificamos que estamos no caminho certo”, afirmou Eduardo Macário, diretor da Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde.


Outro destaque registrado em Santa Catarina é a diminuição no intervalo de tratamento, ou seja, o número de pessoas diagnosticadas com HIV que não estão em tratamento com antirretroviral, por não terem aderido ou por terem abandonado o procedimento. O intervalo de tratamento caiu 32% em apenas três meses, entre junho e setembro deste ano, passando de 4.609 para 3.128 pacientes. Esse índice é superior à meta de 10% de redução estabelecida pelo Ministério da Saúde.

“Com a entrada de mais pessoas em tratamento, consequentemente teremos o aumento da qualidade das pessoas vivendo com HIV/Aids e a diminuição da mortalidade por Aids a médio prazo em Santa Catarina”, destacou Eduardo Macário. O tratamento para todos é a estratégia adotada pelo novo Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas para Manejo do HIV, lançado em 2013 e atualizada em 2015, pelo Ministério da Saúde. “Por isso, é fundamental o diagnóstico precoce. O Teste Rápido tem papel primordial nessa estratégia”, enfatizou o diretor da Vigilância Epidemiológica. O Teste Rápido é oferecido gratuitamente nas unidades de saúde.

Ações do dia mundial de luta contra a Aids

O dia 1º de dezembro marca o dia mundial de luta contra a Aids, e está sendo comemorada em diversas regiões do estado durante toda a semana. Em Florianópolis, a Diretoria de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde realizou ação educativa em frente ao Terminal de Integração do Centro (Ticen), incluindo a distribuição de preservativos masculinos e femininos, gel lubrificante e materiais informativos. O foco da ação é na prevenção, por meio do uso do preservativo em todas as relações sexuais, e do diagnóstico precoce por meio do teste rápido. Também está sendo divulgada a Profilaxia Pós Exposição (PEP).

Ao contrário do preservativo, que evita que uma pessoa entre em contato com o vírus presente no sêmen durante a relação sexual, a PEP atua quando a pessoa já foi exposta ao vírus, ou tem suspeita de exposição. São comprimidos antirretrovirais que devem ter a primeira dose tomada entre as duas primeiras horas depois da exposição, até no máximo 72 horas depois. Para garantir a eficácia do procedimento, a medicação deve ser utilizada por 28 dias consecutivos, sem interrupções. As testagens para verificar a sorologia da pessoa exposta devem ser feitas 30 e 90 dias depois da possível infecção. Este serviço está sendo expandido em todos os municípios catarinenses, e faz parte do plano de fortalecimento das ações de vigilância, prevenção e controle do HIV/Aids no estado.

Panorama epidemiológico

Casos de Aids - De 1984, quando foi registrado o primeiro caso de Aids em Santa Catarina, até junho de 2016, foram notificados 43.101 casos de Aids no estado. Em 2015, foram 2.755 novos casos, representando taxa de detecção de 31,9/100.000 habitantes – a segunda maior taxa do país, atrás apenas do Rio Grande do Sul (34,7). De janeiro a junho deste ano, foram 838 novos casos em Santa Catarina. Em 2015, Florianópolis foi a segunda capital do país com a maior taxa de detecção de Aids: 53,7/100.000 habitantes. A primeira é Porto Alegre com 74,0/100.000 habitantes.


Óbitos por Aids - De 1984 a 2015 foram registrados 11.578 óbitos por Aids em Santa Catarina. Em 2015, 580 pessoas morreram por Aids no estado, representando uma taxa de mortalidade de 7,6/100.000 habitantes. SC está em quinta posição entre os estados com maior taxa de mortalidade. Florianópolis é a terceira capital com a maior taxa de mortalidade por Aids -  13,6/100.000 habitantes, atrás de Porto Alegre (23,7) e de Belém (16).

Gestantes com HIV - De 2000, quando os casos de HIV em gestantes passaram a ser notificados, a junho de 2016, foram registrados 7.076 casos de HIV em gestantes. Em 2015, foram 521 novos casos em gestantes, representando taxa de 5,6 casos/1.000 nascidos vivos. De janeiro a junho de 2016, foram notificadas 351 gestantes com HIV no estado. Florianópolis é a segunda capital com a maior taxa de detecção – 8,4 casos/1.000 nascidos vivos, atrás de Porto Alegre (22).

Crianças menores de cinco anos com HIV/Aids - De 1980 a junho a 2016 foram diagnosticadas 1.027 crianças menores de cinco anos com HIV/Aids em Santa Catarina. Em 2015, 15 crianças foram diagnosticadas com HIV/Aids – taxa de 3,6 casos por 100.000 habitantes. De janeiro a junho deste ano quatro casos foram notificados.

Índice composto - O índice composto é uma forma de avaliação da qualidade das ações de vigilância, prevenção e atenção à saúde das pessoas vivendo com HIV/Aids entre os estados, capitais e municípios com mais de 100 mil habitantes. Ele considera os seguintes indicadores: taxa de detecção, taxa de mortalidade e primeira contagem de CD4 (células de defesa). A contagem do primeiro CD4 é um indicador de início de tratamento precoce. Quanto mais alta a taxa do CD4 na primeira contagem, mais precoce o diagnóstico foi feito e melhor será a resposta ao tratamento. No índice composto, Santa Catarina ocupa a 11ª posição entre os estados. Dos 100 municípios brasileiros analisados, dez são catarinenses: Itajaí (4ª posição), Lages (16ª posição), São José (17ª posição), Balneário Camboriú (21ª posição), Tubarão (44ª posição), Joinville (57ª posição), Blumenau (70ª posição), Criciúma (84ª posição), Palhoça (91ª posição) e Florianópolis (97ª posição).

O desempenho catarinense, segundo Eduardo Macário, reflete o investimento que tem sido feito nos últimos três anos em Santa Catarina na qualificação dos serviços de saúde que atendem pessoas vivendo com HIV/Aids. “Neste período já foram capacitados mais de 2,5 milprofissionais de saúde, entre médicos, enfermeiros, técnicos e demais profissionais em vigilância, prevenção e manejo clínico do paciente com HIV/Aids”, complementou.

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