ECONOMIA
Local e externo favoráveis permitem alta da Bolsa, mas há cautela com reforma
O bom humor externo e a expectativa positiva em relação à reforma da Previdência e à Petrobras permitiram abertura em alta do Ibovespa nesta quarta-feira, 17, pelo terceiro dia seguido. Entretanto, operadores ponderam que há dúvidas tanto lá fora quanto aqui que podem limitar os ganhos na B3.
Apesar de números melhores que o esperado da economia chinesa, que afastam o temor de arrefecimento mundial mais intenso, a especulação de que Pequim poderá reduzir suas medidas de estímulo tendem a diminuir o ânimo dos mercados.
Às 10h18, o Ibovespa subia 0,47%, aos 94.773,67 pontos. Ontem, fechou com elevação de 1,34%, aos 94.333,31 pontos.
A despeito de a reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara já estar agendada para o período da manhã para dar prosseguimento às discussões e votar o parecer sobre a admissibilidade da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Previdência, há incertezas.
Além do temor sobre se haverá ou não quórum o suficiente para votar a PEC, também está no radar dos investidores a possibilidade de alteração no teor da proposta.
"Qualquer mudança que eventualmente for feita agora não deve ser bem vista. Pode atrapalhar lá na frente, na Comissão Especial", diz um analista de mercado.
O líder da maioria na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), admitiu que pode haver modificações no parecer do relator Marcelo Freitas (PSL-MG), porém afirmou que não pretende alterá-lo. O líder do PP, Arthur Lira (AL), disse que a ideia é retirar da matéria os chamados "jabutis", ou seja, pontos que não tratem especificamente sobre a reforma previdenciária.
A LCA Consultores observa que o desgaste das relações entre o governo e o Congresso acendeu um alerta amarelo nas expectativas de mercado para o andamento da reforma da Previdência e de outros pontos importantes da agenda econômica. "Ao lado disso, a atividade econômica doméstica permanece em modo de crescimento anêmico e irregular - gerando frustração no mercado, que continua a rebaixar suas projeções para o PIB Produto Interno Bruto, sobretudo para 2019", avalia a nota.
Contudo, acrescenta que em relação à economia mundial, os sinais são de o pior da recente desaceleração parece ter passado, o que tende a reafirmar a expectativa de que a recessão será evitada. Com efeito, cita a LCA, as duas economias que vinham registrando maior esfriamento - a Europa e a China - começam a mostrar indícios de retomada.
Dados do PIB, produção industrial e vendas no varejo da China, divulgados na noite de ontem, apresentarem resultados acima do que esperavam analistas, dando margem para abertura em alta em Nova York. Na Europa, a maioria dos mercados acionários sobe, após o superávit da balança comercia da zona do euro de fevereiro maior que o previsto.
A exceção é a bolsa de Londres, que cai, com destaque para recuo das BHP e Rio Tinto caindo após a Vale obter autorização da Justiça para retomar operações na mina de Brucutu, em São Gonçalo do Rio Abaixo (MG). No pré-mercado de Nova York, contudo, os papéis da mineradora subiam modestamente há pouco. No Ibovespa, iniciaram o dia com valorização.
Da mesma forma, as ações da Petrobras começaram com ganhos dando continuidade a este movimento. Depois da suspensão do reajuste de 5,7% do diesel a pedido do presidente Jair Bolsonaro, os ministros se esforçaram para transmitir a imagem de que a estatal é livre para decidir sua política de preços. No entanto, um operador pondera que só isso não basta, é preciso saber como ficarão os preços daqui em diante, sem falar do temor de paralisação do setor de transportes, que demonstrou certo descontentamento com o pacote de medidas para a categoria.