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ECONOMIA

Capital deve deixar EUA e Brasil ser um dos maiores beneficiados, diz Gavekal

23 Abr 2019 - 16h24Por Altamiro Silva Junior e Aline Bronzati

O cofundador e economista-chefe da consultoria internacional Gavekal Research, Anatole Kaletsky, disse nesta terça-feira, 23, que o Brasil e outros emergentes devem ser os mercados mundiais mais beneficiados pela esperada saída de capital dos Estados Unidos em busca de maior retorno. "No Brasil, vocês podem ficar surpresos de que o maior problema de câmbio que o país terá é o da moeda brasileira ficar muito forte ao invés de muito fraca, resultado desse capital saindo dos Estados Unidos", disse ele em evento do Itaú Unibanco.

"Estamos entrando em um período onde os mercados emergentes vão ter desempenho significativamente superior, em termos de ações, bonds e moedas", afirmou Kaletsky. Em sua apresentação, ele destacou que normalmente a maior parte do capital que deixa os Estados Unidos migra para a Europa, mas a região está enfraquecida economicamente e, além disso, com riscos políticos altos de avanço do populismo. Nesse ambiente, os investidores vão preferir os emergentes, que estão em crescimento e, alguns deles, resolvendo problemas domésticos.

O economista ressaltou que o desempenho da economia americana tem se dado muito acima de outras economias desenvolvidas. OS EUA se recuperaram logo após a crise financeira mundial de 2008, enquanto outras regiões do planeta, como a zona do euro e o Japão demoraram mais tempo. No caso da zona do euro, foram cinco anos depois, disse ele. Muitos emergentes só se recuperaram oito ou nove anos depois, completou.

Essa defasagem de crescimento entre os EUA e as demais regiões do planeta provocou um fluxo forte de capital para o mercado financeiro americano, valorizando as ações das bolsas em Nova York. Mas se a economia mundial continuar a crescer nos próximos dois ou três anos, enquanto os EUA perdem força, este 'gap' tende a se estreitar e os ativos fora dos EUA vão ter desempenho melhor que os americanos. "Haverá uma rotação para outros ativos fora do mercado americano". E é aqui que os emergentes entram, observou o executivo.

Kaletsky destacou que o ano de 2018 foi marcado pela redução de uma série de riscos importantes para a economia mundial. Entre os principais, se reduziu a preocupação com uma guerra comercial entre Washington e seus parceiros, em meio ao avanço das tratativas da Casa Branca com Pequim.

Outro ponto importante foi a "virada dovish" do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que no final do ano passado passou a sinalizar maior paciência no processo de normalização das taxas de juros dos EUA. Agora, há expectativa até por queda das taxas, disse ele.

Entre os riscos que permanecem no radar em 2019 está o de recessão ou de "persistente crescimento baixo" nos EUA e outras economias desenvolvidos, além de uma guinada populista em países importantes da Europa. Neste ambiente, Kaletsky alertou que uma das maiores preocupações é o enfraquecimento adicional da economia da zona do euro. "A Europa vai permanecer a região mais arriscada do mundo até ao menos o final deste ano", ressaltou ele.

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