Variedades

Dez anos de WhatsApp: como o serviço de mensagens conquistou o mundo

No dia 24 de fevereiro, o WhatsApp comemorou dez anos de existência

03 Mar 2019 - 16h00Por Emerson Alecrim / Tecnoblog

No dia 24 de fevereiro, o WhatsApp comemorou dez anos de existência. Motivos para celebrar não faltam. O serviço coleciona números grandiosos, entre eles, a marca de 1,5 bilhão de usuários ativos atingida no começo de 2018. Mas uma pergunta ronda todo esse sucesso: como o WhatsApp conseguiu triunfar se há tantas opções tecnicamente melhores?

Não existe resposta simples, mas uma boa olhada no passado do WhatsApp nos ajuda a entender como o serviço de mensagens se transformou em um fenômeno global e aparentemente inabalável.

Do Yahoo ao “não” do Facebook
Acompanhado da mãe, Jan Koum imigrou para os Estados Unidos em 1992. Ambos saíram da Ucrânia para escapar do clima antissemita que pairava sobre o país. Com ajuda do governo americano, eles foram morar em um apartamento de dois quartos na Califórnia.

Então com 16 anos, o jovem Koum passou a trabalhar como faxineiro em uma mercearia enquanto a mãe obtinha algum dinheiro cuidando de crianças. Como a renda não era suficiente, eles frequentemente recorreriam a “food stamps”, espécie de auxílio-alimentação fornecido pelo governo.

A situação que já não era favorável ficou pior quando a mãe de Jan Koum foi diagnosticada com câncer. A subsistência deles passou a depender da renda por invalidez que ela recebia.

Apesar do momento delicado, Koum tinha algo a seu favor: ele estava no lugar certo. O diminuto apartamento que ele dividia com a sua mãe ficava em Mountain View, um dos principais celeiros de inovação do Vale do Silício. Só para dar um exemplo, a sede do Google fica por lá.


Brian Acton à esquerda e Jan Koum (Foto: The New York Times)

Mas foi em outra companhia, o Yahoo, que a vida de Koum começou a mudar. Em 1997, ele dividia o seu tempo com os estudos na Universidade Estadual de San Jose (largados mais tarde) e um emprego de analista de segurança na Ernst & Young. Certo dia, ele visitou o Yahoo para inspecionar o sistema de publicidade da empresa. Foi lá que ele conheceu Brian Acton.

A visita ao Yahoo e o fato de Koum ter conhecido David Filo (cofundador do Yahoo) em uma conferência sobre segurança o levaram a conseguir uma vaga de engenheiro de infraestrutura na empresa. Ao mesmo tempo, a nova amizade crescia, tanto que Acton acabou ajudando Koum a lidar com a morte da mãe, em 2000.

Nos anos seguintes, o Google já figurava como um gigante da publicidade online. O Yahoo dormiu no ponto e precisava mergulhar o quanto antes nesse promissor mercado para tirar o atraso, razão pela qual colocou várias mentes para cuidar do assunto. Acton e Koum estavam nessa turma. Só havia um problema: ambos odiavam publicidade. Esgotados e desmotivados, os dois acabaram saindo do Yahoo em setembro de 2007.

Com a experiência que acumularam, eles se sentiram confiantes para tentar a sorte no Facebook. Receberam um não. Doeu? Doeu. Mas, anos mais tarde, eles arrancariam bilhões de dólares da companhia de Mark Zuckerberg.

Surge o “what’s up”, ou melhor, o WhatsApp
Jan Koum estava irritado. Era o começo de 2009 e ele tinha comprado um iPhone, mas frequentemente percebia que havia perdidos ligações importantes enquanto estava na academia — não era permitido usar celulares por lá.

Ao mesmo tempo, Koum notou que a então recém-lançada App Store tinha potencial. Essa percepção combinada à questão das ligações o fez ter a ideia de criar um aplicativo que mostrava o status do usuário na lista de contatos dos amigos: “na academia”, “em uma ligação”, “com pouca bateria”, coisas desse tipo.

O nome WhatsApp foi uma escolha quase que natural, pois é um trocadilho perfeito entre a palavra “app” e a expressão “what’s up”, que pode ser interpretada como o nosso “e aí” ou, no contexto do aplicativo, como “o que está acontecendo?”, com a resposta vindo no status.

Em 24 de fevereiro de 2009, Jan Koum criou a WhatsApp Inc. Só que o aplicativo foi um verdadeiro fiasco, tanto que, depois de um mês do seu lançamento, Koum confidenciou a Acton a intenção de abandonar tudo e voltar a procurar emprego. Acton o orientou a persistir na ideia e esperar mais alguns meses.

Talvez o WhatsApp não estaria hoje em uma infinidade de smartphones se Koum não tivesse seguido esse conselho. Em junho de 2009, a Apple liberou notificações push no iPhone. Sem perder tempo, Koum atualizou o WhatsApp para que o app mostrasse notificações toda vez que os contatos do usuário mudassem o status.

Pouco tempo depois, o senso de oportunidade bateu novamente à porta: os usuários passaram a usar as mudanças de status como uma espécie de chat. Naquela época, MSN Messenger (ou Windows Live Messenger) e Google Talk eram fortes, mas apenas no desktop. O único serviço de mensagens com alcance significativo nos celulares era o BBM, mas ele era restrito aos aparelhos da BlackBerry.

Mais uma atualização veio, desta vez para permitir mensagens instantâneas. Deu certo. O número de usuários começou a crescer exponencialmente. Acton percebeu que a troca de mensagens via WhatsApp era muito mais prática do que o SMS e entrou para o negócio. Por ter conseguido investidores rapidamente, ele acabou recebendo o status de cofundador da empresa.

A fórmula do sucesso do WhatsApp (e o US$ 1 que ninguém pagava)
Quando o WhatsApp começou a fazer sucesso como serviço de mensagens, a empresa passou a receber um volume gigantesco de e-mails pedindo expansão para outras plataformas, a grande maioria de usuários de iPhone que queriam se comunicar com contatos que usavam sistemas como BlackBerry, Symbian e Android — o WhatsApp praticamente acompanhou a ascensão deste último.

O senso de oportunidade novamente deu as caras. Koum e Acton não perderam tempo e trataram de fazer o WhatsApp um mensageiro multiplataforma. Essa nunca é uma tarefa fácil, mas como o serviço foi idealizado para ser o mais simples possível (só não mais do que aquela coisa ultrapassada chamada SMS), o trabalho acabou não sendo tão desafiador.

A simplicidade é o fator-chave do sucesso do WhatsApp, por várias razões. A primeira é justamente ter facilitado a abordagem multiplataforma. A segunda é que, por exigir poucos recursos de processamento, o WhatsApp funciona bem mesmo em aparelhos com hardware simples.

Tão importante quanto é a terceira razão: a simplicidade culminou em uma facilidade de uso que permite que o WhatsApp seja dominado até por pessoas com pouca intimidade com a tecnologia — só é preciso ter um número de celular, não uma conta com login e senha.

Além da abordagem multiplataforma, em pouco tempo o WhatsApp já estava permitindo troca de arquivos de áudio, imagem e vídeo, além mensagens em grupo. Tudo isso sem necessidade de pagar os custos de chamadas ou mensagens de texto (para desespero das operadoras), tampouco visualizar anúncios — lembra que Koum e Acton odeiam publicidade online?

Não deu outra: o WhatsApp não faz muito sucesso nos Estados Unidos e foi bloqueado na China, mas virou febre em outras partes do mundo, com destaque para a América Latina e Índia. Em fevereiro de 2013, o serviço acumulava 200 milhões de usuários. Em abril de 2014, já eram 500 milhões.

Durante algum tempo, o WhatsApp até cobrou uma taxa de US$ 1 anual que quase ninguém pagava. Era mais do que uma tentativa de levantar dinheiro: a cobrança fazia a ferramenta passar de grátis para paga nas lojas de apps, e isso ajudava a desacelerar o crescimento do serviço, ainda que só discretamente, para evitar gargalos nos servidores.

De modo geral, a ideia sempre foi a de fazer o WhatsApp crescer de modo consistente. A preocupação com o dinheiro era secundária. Soa estranho, mas funcionou. Em fevereiro de 2014, Jan Koum e Brian Acton foram à casa de Mark Zuckerberg para fechar negócio: o WhatsApp se tornou tão relevante que o Facebook topou comprá-lo por US$ 19 bilhões.

A vida sofrida de Koum tinha, definitivamente, ficado no passado. Hoje, uma das suas diversões é colecionar carros de luxo.

WhatsApp faz dez anos
Para comemorar o aniversário de dez anos do WhatsApp, a empresa criou um vídeo cheio de rostos felizes e um infográfico com alguns momentos marcantes do serviço:

É uma celebração modesta perto do poder que o WhatsApp tem. Ali, funcionar o suficiente sempre foi mais importante do que funcionar com excelência. Ofereça o básico e, se necessário, aperfeiçoe depois. Essa é a estratégia que permitiu ao WhatsApp responder rapidamente às demandas que surgiam e, assim, priorizar o objetivo mais importante: crescer.

Está aí a razão para Telegram, Signal e outros rivais tidos como mais confiáveis ou funcionais não terem o mesmo alcance. Eles podem até ser melhores em diversos aspectos, mas o espaço que almejam já está ocupado. No fim das contas, a ideia de que todo mundo pode ser encontrado via WhatsApp pesa mais para o usuário comum.

O efeito colateral disso é que questões importantes acabam sendo deixadas em segundo plano, talvez em terceiro. Ao longo dos seus dez anos, o WhatsApp esteve no meio de várias polêmicas, com destaque para falhas de segurança e, mais recentemente, manipulação política.

Insatisfeitos com os rumos do serviço, os dois fundadores já não trabalham mais no Facebook. Jan Koum saiu em maio de 2018. Já Brian Acton deixou a empresa cinco meses depois aparentando certo arrependimento com a venda ao Facebook: “eu vendi a privacidade dos meus usuários para um benefício maior. Eu fiz a escolha e um compromisso. E eu vivo com isso todos os dias”.

De qualquer forma, a dupla ficou rica. E o Facebook comemora o domínio sobre uma ferramenta de comunicação tão poderosa que, mesmo com todas as controvérsias, não dá sinal de desgaste. Se continuar assim, esses dez anos vão virar 20 fácil, fácil.

Fonte: Tecnoblog. Com informações: Wired, Forbes, CNBC, The New York Times.


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