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Segurança

O que está por trás dos atentados com arma de fogo no Brasil e no Mundo?

A Rádio Jaraguá apresenta uma série de reportagens com especialistas sobre os recentes atentados com armas de fogo no Brasil e também no Mundo

26 Mar 2019 - 06h00Por Jordana Medeiros

Em uma série de reportagens especiais sobre os atentados envolvendo armas de fogo registrados nas últimas semanas no Brasil e também no mundo, a Rádio Jaraguá foi atrás de especialistas das mais diversas áreas para responder algumas perguntas: Como identificar atiradores ativos; Mitos e verdade sobre o tiro esportivo; Os transtornos psicológicos dos criminosos; e Os procedimentos para a aquisição de uma arma de fogo.

Cultura do Tiro Esportivo

Vivemos numa região onde o tiro esportivo é destaque positivo a nível nacional. Tanto que, desde 1989, quando foi criada a Associação de Clubes e Sociedade de Tiro do Vale do Itapocu, não houve casos de incidentes com armas de fogo entre os praticantes da atividade. O diretor de tiro da Associação, Nilvo Sjoeberg, lembra que em um evento na Sociedade Alvorada, no fim de semana, foram disparados cerca de 5,5 mil tiros de chumbinho, prática comum na região.

A Notícia - clicRBS

Sjoeberg destaca que, além do alto custo para se tornar um atirador na modalidade carabina 22, o interessado passa por uma série de exames psicológicos e técnicos para provar que é apto à prática. 

O diretor de tiro é favorável à posse de armas ao cidadão de bem.

Dando sequência à série de reportagens, amanhã vamos conversar com o Delegado de Polícia de São Paulo, Paulo Bilynskyj, que recentemente participou de um treinamento junto à Polícia de Miami, nos Estados Unidos, onde se trabalhou a identificação do denominado Atirador Ativo.  


Especialista faz reflexão sobre a falta de estrutura brasileira para lidar com atentados como o de Suzano

O Delegado de Polícia de São Paulo, instrutor de armamento e tiro e professor de Criminologia, Medicina Legal e Lei Orgânica, Paulo Bilynskyj, participou de um treinamento junto à Polícia de Miami, nos Estados Unidos, e traz um ponto de extrema relevância para início de debate.

Um dos exercícios em Miami focou na forma de resposta dos policiais neste tipo de atentado.

Paulo Bilynskyj com Bene Barbosa, ativista e especialista brasileiro em segurança pública - Foto: Redes Sociais

Bilynskyj salienta, inclusive, a importância do planejamento de segurança de um local, que vise controlar as entradas e saídas, possibilitar o fluxo de pessoas e organizar o sistema de evacuação em casos de emergência.

Com relação à discussão sobre a facilitação da posse de armas no país, o Delegado é favorável à medida.

Paulo Bilynskyj lembra que nenhum dos criminosos do atentado em Suzano possuía documentação para o armamento. Portanto, as armas de fogo que portavam eram ilegais. Por fim, o entrevistado diz que é impossível restringir o acesso do indivíduo à arma de fogo, já que esta é uma questão própria da natureza humana de praticar crime.


Como bem salientou o Delegado Paulo Bilynskyj, o procedimento adotado pelos Estados Unidos para eventos desta natureza é extremamente eficiente. O subcomandante do 14º Batalhão de Polícia Militar, major João Carlos Benassi Borges Kuze, que igualmente conhece o preparo norte-americano, discorre o protocolo por eles utilizado é chamado de “corra, se esconda e lute”.

Referindo-se ao “corra”, o major comenta a fuga deve ser a mais rápida possível para tirar o principal objeto do atirador ativo, que é ceifar a vida de pessoas.

A terceira atitude, caso nenhuma das anteriores tenham surtido efeito, e ainda que a maioria da população tenha sido “adestrada” a não reagir, é de fato lutar.

Este paralelo - “corra, se esconda e lute” - é a indicação feita pelo Major Kuze para o cidadão que não está condicionado a reagir em atentados desta natureza. Além disso, na opinião do entrevistado, como cidadão e instrutor credenciado de tiro, o resultado do atentado teria sido muito diferente se alguma pessoa estivesse armada no local do crime.


Especialista em psiquiatria analisa os recentes atentados sob o olhar da saúde mental

O médico especialista em psiquiatria, Dr. Daniel Bittencourt de Medeiros, salientou inicialmente que, cometido o delito, o criminoso deve passar por uma avaliação psíquica especializada determinada pelo juízo do caso. 

Segundo o psiquiatra, quando uma pessoa comete um crime desta natureza geralmente se desconfia que ela é portadora de algum transtorno de personalidade, como a psicopatia.

O entrevistado salienta, ainda, que existem padrões comportamentais para determinadas faixas de idade (infância, adolescência, fase adulta e velhice). Esta é uma análise importante para tentar identificar se uma pessoa tem ou não algum tipo de transtorno.

Além disso, para que um indivíduo planeje um crime de forma detalhada, é preciso que ele tenha o que muitos chamam de sangue frio.

O doutor informa, por fim, que os psicopatas geralmente não atingem um estado de cura. Uma pessoa com este tipo de transtorno possivelmente voltará a cometer crimes iguais ou piores quando colocada em liberdade.

Quando devidamente identificados, estes casos necessitam de tratamento para o resto de suas vidas.


Psicólogas avaliam os atentados do ponto de vista comportamental e como a sociedade pode colaborar com a questão

A psicóloga social e psicoterapeuta e especialista em saúde da família, Luciana Rosa, informa que a saúde mental de uma pessoa é influenciada por diversos fatores e, nestes tipos de crime, deve ser analisada com ainda mais cautela.

Sobre uma possível maneira de mudar este cenário de violência no país, a psicóloga clínica especializada em terapia cognitivo-comportamental e psicologia positiva, Tatiana Santana, destaca duas medidas importantes.

A construção de laços afetivos é outra forma da sociedade contribuir para a questão.

Além disso, as famílias e a sociedade devem estar sempre atentas ao comportamento uns dos outros, principalmente na fase da infância e adolescência.

Com relação à influência de jogos violentos e internet no comportamento das pessoas, não há uma causa específica, segundo Tatiana. O que existe é uma pré-disposição do indivíduo a ter algum tipo de transtorno mental, como a psicopatia. 


Juiz avalia atentados como atos de pessoas com "possível transtorno mental"

Na visão do magistrado, uma pessoa que se dispõe a praticar esse tipo de conduta, possivelmente tem algum tipo de transtorno mental. Porém, isso não significa que não responderá criminalmente.

Brüning lembra que o enquadramento do tipo penal depende dos fatos. No caso da escola em Suzano (SP) é necessário verificar se o atentado teve motivação por razões de xenofobia ou algum outro tipo de preconceito. Não sendo, o mais correto é responder pela soma dos homicídios e tentativas de homicídio praticados. 

Para o juiz, o atentado na escola em Suzano deve reacender a discussão da maioridade penal.

Documento elaborado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), ainda no ano passado, e divulgado recentemente, aponta que escolas de todo o país podem ser avaliadas, a partir deste ano, quanto aos conflitos que ocorrem dentro dos centros de ensino, à segurança e a situações de intimidação entre alunos.

Na avaliação do juiz Rafael Brüning, a segurança pública nas escolas merece uma atenção especial do estado.  “Com o aumento da violência que tem se verificado, não se pode descartar as escolas como um local onde haja reprodução da violência”. Ele destaca ainda que a partir do momento que a criança ou adolescente é deixado na escola, transfere-se a responsabilidade ao Estado. 
 

Em relação ao acesso às armas de fogo, na visão do magistrado o problema não está na facilitação pela lei no sentido de pessoas de “boa fé” as adquirirem.  Ele lembra que a maioria dos atentados, utilizando arma de fogo, ocorreu com armamento ilegal.  


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