POLÍTICA

Sem citar Temer, Bolsonaro relaciona prisão de autoridades com troca de favores

21 Mar 2019 - 21h57Por Carla Bridi e Daniel Weterman, enviado especial

Em transmissão ao vivo pelas redes sociais durante viagem oficial ao Chile, o presidente Jair Bolsonaro voltou a relacionar a prisão do ex-presidente Michel Temer com acordos políticos feitos no passado. Bolsonaro afirmou que prisões de autoridades ocorrem pela maneira que governantes buscam governabilidade.

"Basicamente é pela forma de buscar governabilidade", disse Bolsonaro ao citar prisões de autoridades sem fazer referência direta a Temer. Bolsonaro afirmou que a prisão é consequência de atos praticados por um presidente da República quando oferece cargos em estatais. "O que acontece no futuro é o que vocês estão vendo agora? Prisão de autoridades, além de ineficiência do Estado e corrupção."

Assim como fez em entrevista concedida na chegada ao hotel, o presidente se defendeu da suposta falta de diálogo com o Congresso. "Eu gostaria que a imprensa me dissesse o que eu tenho que fazer pela governabilidade. Se é para conversar com parlamentar, tenho conversado. Acredito que grande parte ou a maioria deles estão de acordo com nossa proposta."

O presidente também comentou a respeito do uso de urnas eletrônicas nas eleições brasileiras. Ele pretende enviar um projeto para aprovação no Congresso para que as próxima eleições presidenciais sejam auditadas.

"Um milagre foi a minha eleição, em cima inclusive de uma urna eletrônica. Vamos dar um projeto brevemente para que as eleições sejam auditadas no futuro, porque essa (passada) não teríamos como auditar, se bem que acho que só ganhamos porque tínhamos muitos votos, muita gente apoiando, seria impossível uma fraude".

Durante a campanha eleitoral do primeiro e segundo turno, Bolsonaro dirigiu ataques constantes duvidando da credibilidade das urnas e do Tribunal Superior Eleitoral e incentivando eleitores a fiscalizarem as urnas de suas sessões eleitorais em busca de fraudes. Posteriormente, admitiu "caneladas".

O decreto a respeito da aplicação da Lei Ficha Limpa para contratação de comissionados também foi comentado pelo próprio presidente e pelo ministro da Controladoria Geral da União, Wagner Rosário, presente na transmissão. "Estamos preparando a documentação para todas as nomeações serem revisadas, e quem não cumprir os requisitos sairá do governo", disse. Após pressão por parte do Congresso, o decreto foi posteriormente modificado por Bolsonaro para que indicações feitas durante seu mandato também fossem avaliadas.

Viagem aos EUA

Bolsonaro voltou a se retratar sobre a presença de seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) em reunião exclusiva com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. "Parte da mídia brasileira falou que o Eduardo lá dentro estava servindo para desprestigiar o nosso chanceler Ernesto Araújo", afirmou, em referência implícita à análise publicada pelo Estado. "Vale lembrar que o chanceler dos EUA também não estava lá", complementou.

Na viagem ao Chile, Rosário especificou que um dos objetivos principais da CGU é adquirir dados de um sistema do país na área de transparência e anticorrupção. "Assinaremos um acorde de troca de informações com o Chile, que vai passar um sistema completo que desenvolveram, uma base de controle de agendas e regulamentação do lobby. Vai ser um câmbio de informações entre os dois países", explicou.

Gafes

No início da transmissão ao vivo, Bolsonaro, quis fazer uma homenagem ao Dia Internacional da Síndrome de Down, comemorado em 21 de março. "Hoje é o dia da Síndrome de 'drown'". Ficou a cargo do ministro do Gabinete de Segurança Institucional, General Heleno, corrigir o presidente.

Ao prestar solidariedade a Moçambique, atingido pelo ciclone que deve ter matado quase mil pessoas, segundo estimativa do presidente do País africano, Bolsonaro se referiu a Moçambique como um estado.

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