dengue 2
POLÍTICA

'Quem divulga esse tipo de mensagem faz parte do povo', diz Bolsonaro

19 Mai 2019 - 09h43Por Renato Onofre, com colaboração de Lorenna Rodrigues

Após compartilhar um texto que descreve o País como "ingovernável" se não existir "conchavos" políticos, o presidente Jair Bolsonaro disse neste sábado, 18, que quem divulga este tipo de mensagem é "parte do povo" e que "devemos ser fiéis a eles e ponto final".

O texto, revelado pelo jornal O Estado de São Paulo, foi compartilhado na sexta-feira por ele pelo WhatsApp. Bolsonaro foi questionado sobre a repercussão da mensagem em frente ao Palácio da Alvorada, após se encontrar, à tarde, com crianças de um colégio paulista - pela manhã ele havia tirado fotos com crianças de uma escola de Brasília.

"Eu passo muita mensagem no WhatsApp, muita, e boto no Facebook. E, geralmente, eu não boto ali a minha opinião. Eu boto assista, tire suas conclusões. Esse pessoal que divulga isso faz parte do povo. Esse pessoal a quem devemos ser fiéis a eles e ponto final. Quem tem de ser forte é o povo. Quem tem de dar o norte é povo. Não sou eu", afirmou. Mais cedo, o presidente havia dito que tinha repassado a mensagem para "meia dúzia de pessoas".

O texto diz que o presidente sofre pressões de todas as corporações, em todos os Poderes, e que o País "está disfuncional", mas não por culpa de Bolsonaro. O analista da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) Paulo Portinho assumiu a autoria do texto e negou que sua intenção tenha sido criticar o governo ou o Congresso Nacional.

A mensagem repassada pelo presidente foi interpretada por lideranças do Congresso como mais um ataque à classe política. Questionado sobre se acreditava na tese do texto, Bolsonaro respondeu que se reservava ao direito da não emitir sua opinião. Diante da insistência da imprensa, o presidente disse: "Leia de novo o texto".

No Twitter, o presidente escreveu que "somente com o apoio de todos vocês poderemos mudar de vez o futuro do nosso Brasil!"

Bolsonaro defende aprovação de MP e volta a criticar manifestantes

O presidente também defendeu a aprovação integral da medida provisória que reestrutura a administração pública e voltou a falar que os manifestantes que foram às ruas na quarta-feira passada são "idiotas uteis". Se a medida provisória que trata da reforma administrativa não for aprovada até 3 de junho pelo Congresso, perderá a validade. Nesse cenário, o governo poderá ter de recriar até dez ministérios. Editada em janeiro por Bolsonaro, a MP 870 diminuiu o número de pastas de 29 para 22. Questionado, Bolsonaro disse estar confiante de sua aprovação.

"Para que aumentar os ministérios? Tem 22, eu queria que tivesse menos", afirmou o presidente. "Espero que aprovem as medidas provisórias do jeito que eu mandei para lá. O Congresso é soberano para decidir, mudar, rejeitar. A bola está com eles, e isso é bom porque se tudo que eu fizer tiver que ser acolhido, não é bom. O Congresso tem que dar o polimento, melhorar. Mas o foco é Brasil, juntos."

Sobre as manifestações contra o contingenciamento do orçamento do Ministério da Educação, que reuniu milhares de pessoas em mais de 200 cidades, o presidente voltou a chamar os manifestantes de "idiotas úteis". Ao comentar o assunto, acabou utilizando a palavra "corte", em vez de contingenciamento. "E esse movimento do pessoal que eu cortei a verba. O que vocês acharam? É uma minoria que manda na escola. Pessoal faz aí porque alguns (professores) (estavam) oferecendo pontos, facilidades. E o pessoal (os alunos) nem sabe o que foi fazer nas ruas", afirmou o presidente. "São idiotas úteis. É verdade."

Anistia a partidos políticos

Bolsonaro também voltou a criticar a imprensa e disse ser "mentira" que tenha anistiado os partidos políticos. Na sexta-feira, o presidente assinou a sanção do projeto de lei que anistia multas aplicadas a partidos políticos. A estimativa é a de que o perdão possa chegar a R$ 70 milhões, valor dos débitos dos diretórios municipais de quase todas as legendas. O texto deve ser publicado na edição desta segunda-feira, 20, do Diário Oficial da União.

"Sei que vocês são funcionários (se dirigindo aos repórteres) e não têm poder junto aos editores. Mas a imprensa está dizendo que eu sancionei uma lei para anistiar multas de R$ 60 milhões de partidos políticos. É mentira. Eu vetei. Grande parte da mídia só vive disso. Desinformando e atrapalhando. A mídia, se for isenta no País, que mostre. Se eu errei, que mostre a verdade".

O teor do texto sancionado foi confirmado pelo Porta-voz da Presidência da República em entrevista coletiva no Palácio do Planalto. É a primeira vez que um presidente autoriza o cancelamento deste tipo de punição às siglas desde 1995, quando a Lei dos Partidos foi criada. A nova lei sancionada por Bolsonaro altera a Lei dos Partidos. Entre outros pontos, ele estabelece que as siglas que tenham direcionado dinheiro do Fundo Partidário para candidaturas femininas entre 2010 e 2018, ainda que não tenham cumprido o mínimo de 5%, não poderão ter suas contas rejeitadas ou ser alvo de qualquer outra penalidade.

Bolsonaro vetou apenas um artigo do projeto aprovado pelo Congresso. Ele retirou do texto o item que desobrigava as legendas de devolver aos cofres públicos as doações que receberam de servidores comissionados filiados às próprias siglas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Matérias Relacionadas

Política

Seja gentil, não buzine: projeto identifica veículo que transporta pessoa autista

O deputado explica que a maioria dos autistas possui disfunções sensoriais, caracterizados essencialmente como distúrbios biológicos que afetam a capacidade do cérebro de interpretar estímulos sensoriais, entre eles o auditivo
Seja gentil, não buzine: projeto identifica veículo que transporta pessoa autista
Política

Google não permitirá anúncios de políticos nas eleições de outubro

Medida está de acordo com resolução do TSE para restringir uso de IA
Google não permitirá anúncios de políticos nas eleições de outubro
Política

Lunelli volta cobrar a nomeação de policiais militares aprovados em concurso público

Atualmente, de acordo com dados de um estudo apresentado no Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a PMSC conta com 9.580 policiais
Lunelli volta cobrar a nomeação de policiais militares aprovados em concurso público
Política

Adriano Zimmermann e Dênis Lunelli participam de evento com Bolsonaro e Jorginho

Encontro ocorreu na terça-feira (23), em Florianópolis, durante passagem do ex-presidente por SC
Adriano Zimmermann e Dênis Lunelli participam de evento com Bolsonaro e Jorginho
Ver mais de Política