Política
Nunca antes o Brasil se esforçou tanto pelo título de republiqueta das bananas
Confira os bastidores da política com o comentarista Cláudio Prisco Paraíso

Patético. É assim que pode ser definido o interrogatório realizado, terça-feira, ao longo do julgamento da tal trama golpista de 8 de janeiro, que só existiu em algumas cabeças coroadas da República. Na tarde de terça, foi a vez do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Ridículo o seu interrogatório, a começar pelas respostas, pela sua manifestação. Ele iniciou pedindo desculpas a Alexandre de Moraes, porque lá atrás o havia acusado de ter recebido R$ 50 milhões para fraudar as urnas. Fez isso no exercício do cargo de presidente, o que reforça o que está evidenciado já há muito tempo: Bolsonaro não tem guarda-roupa, não tem pedigree, não tem estatura para ter exercido o cargo de Presidente da República. Simples assim.
O mesmo raciocínio, evidentemente, serve para Lula da Silva — mas por outras razões, talvez mais graves, quando se fala em malversação do dinheiro público. Mas, retomando a Bolsonaro, até foi um gesto de humildade e de reconhecimento, que ele atribuiu a uma retórica em meio a um pronunciamento, um comício. Ocorre que um presidente equilibrado não faz uma declaração dessas. Ponto.
Amarelou
Além de pedir desculpas, quis dar uma descontraída e convidou Alexandre de Moraes para ser seu candidato a vice. Ou seja, o interrogatório virou uma sessão patética — mais do que patética — deprimente.
Política e leis
Até aqui, as considerações versaram sob o aspecto político da peça circense. Observemos também o lado jurídico-judicial da figura de Alexandre de Moraes. Sim, ele é o relator do 8 de janeiro — episódio este que, longe de ter sido um golpe, levou o Supremo Tribunal Federal a ser objeto da trama canhota. Consequentemente, evidentemente, a mesma Corte não poderia ser palco desse julgamento, já que, supostamente, seria uma das vítimas.
Jardim de infância
Para entender essa parte, não se faz necessário ser letrado nem ter cursado a Faculdade de Direito. Está à luz do dia. Em qualquer grande democracia — seja nos Estados Unidos ou mesmo na comunidade europeia. Mas, no Brasil, vale tudo.
Juiz e vítima
E com um detalhe: além de o Supremo ser objeto, Alexandre de Moraes é vítima direta. Vítima direta no processo. Sim, porque o que mais se falou é que, dentro dessa trama, havia uma articulação para matá-lo — assim como a Lula da Silva e a Geraldo Alckmin.
Carochinha
Claro que se trata de um discurso fantasioso, digno de alucinados. Mas, de qualquer forma, ele é vítima. E, sendo vítima — inclusive de ataques do Presidente da República, que ontem se penitenciou.
Aliás, Alexandre de Moraes também é julgador. Vai julgar a si próprio.
Tudo certo
Soma daqui, subtrai dali, ontem nós tivemos o ministro Moraes como relator, e o julgamento envolvendo o cidadão Moraes. E tudo dentro da mais absoluta “normalidade”. Tudo visto com absoluta naturalidade pelos veículos de comunicação. Eis um rápido resumo do que está em curso no Brasil.
Tartarugas ninja
Um país em que o poder Judiciário, além de julgar — e julgar mal, na forma e no conteúdo (sem imparcialidade e com tendenciosismo) — também legisla e governa.
Amarrado
O presidente de plantão obedece. Obviamente, porque só deixou a prisão, só foi descondenado e só concorreu à eleição graças a esse mesmo Supremo Tribunal Federal — a quem ele deve obediência, e também deve sua eleição num processo eleitoral contaminado e capcioso.
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