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POLÍTICA

Filhos e 'despreparo' incomodam eleitores de Bolsonaro

29 Abr 2019 - 12h15Por Carla Bridi e Paulo Beraldo, com colaboração de Caio Sartori e Daniel Bramatti

Ao analisar os dados de quatro pesquisas mensais feitas até agora, a diretora-executiva do Ibope Inteligência, Marcia Cavallari, afirma que, de janeiro a abril, as taxas de avaliação do governo Jair Bolsonaro como ruim e péssimo subiram em todas as sondagens. Mas as taxas de ótimo e bom caíram só até março, e ficaram estáveis em abril, o que poderia indicar neste caso um piso para as avaliações.

"A insatisfação aumenta, mas a aprovação pode estar próxima de um piso. As próximas pesquisas vão mostrar o tamanho desse núcleo que mais aprova o governo", diz ela.

Governos recém-empossados despertam otimismo entre os eleitores, mesmo entre os que não votaram no vencedor. O que é raro, indica a análise das pesquisas do Ibope, é a "lua de mel" durar tão pouco. Pelos dados, o presidente Jair Bolsonaro não conseguiu manter por muito tempo a janela de boa vontade, o que é afirmado até por aqueles que votaram no candidato do PSL no ano passado.

O advogado Antônio Carlos Mello, de Lins, no interior paulista, diz ter votado em Bolsonaro para romper com um ciclo político encabeçado nos últimos anos por PT e PSDB. Neste sentido, viu como positivas as escolhas dos ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro. "O Bolsonaro estancou aquela sangria de dar verba para parlamentar a torto e a direito. Isso também foi bom."

O que tem incomodado o apoiador de Bolsonaro é a participação dos filhos no governo. "Por mais que o Carlos Bolsonaro goste do pai, ele não pode esquecer que é parlamentar (vereador) do Rio, tem de cuidar do trabalho dele lá. Ele fica interferindo e isso atrapalha", afirma. "Se ele quiser ir para Brasília, que espere mais quatro anos e tente", completou Mello.

Confiança

Com a queda da avaliação positiva e da aprovação ao modo de governar, caiu também a confiança na figura do presidente - 51% em abril, ante 62% em janeiro. Moradora de Salvador, a tecnóloga Dilmara Serafim optou por Bolsonaro no segundo turno das eleições do ano passado, mas diz que vê no governo um "despreparo administrativo". Ela pondera, no entanto, que ainda é cedo para uma "ideia definitiva". "Vejo que tem boa intenção e espero que, com mais tempo, ele adquira capacidade."

Outro segmento em que Bolsonaro perdeu mais apoio do que na média nacional é o de moradores de capitais e de cidades com mais de 500 mil habitantes, nas quais mais de três a cada dez apoiadores pularam do barco no período. O presidente se sai melhor em municípios pequenos e do interior, com 37% de avaliação positiva em ambos os casos.

Eleitor de Bolsonaro no primeiro e no segundo turnos da eleição, o empresário paulistano Roberto Guariglia afirma não estar satisfeito com o que vê, principalmente na economia. Apesar de a escolha do candidato ter sido feita pela "falta de opção", como ele define, o empresário enxergou motivos para depositar o voto em Bolsonaro para além da motivação de "não continuar com o pessoal do PT no poder".

"Foi o único que apareceu nessa safra de políticos novos que conseguiria encarar o cargo. Já tinha um histórico político que poderia ajudar no trâmite com o Congresso, e eu achava que seria capaz de fazer essa retomada econômica", diz.

Ao fim do quarto mês de governo, a avaliação de Guariglia se inverteu. "Estou me sentindo abandonado, vejo que não vai dar em nada", diz. "A reforma da Previdência é importante, mas existem outras coisas que poderiam estar em andamento, como a redução da taxa de juros e o apoio do BNDES para pequenas empresas." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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