Fecomércio SC

Empresário precisa inovar e oferecer condições adequadas à nova situação do consumidor, diz Bruno Breithaupt

26 Ago 2015 - 11h22

CNC Notícias - Qual é sua perspectiva de contratação de mão de obra para o final do ano? E de reposição de estoques?
Bruno Breithaupt -
A expectativa para a contratação de mão de obra para o final de ano continua positiva, apesar de ser menor que em anos anteriores. Nosso Estado ainda é um dos únicos da federação que continuam criando vagas, e creio que seguiremos assim até o final do ano, especialmente nos setores de comércio e serviços. Quanto à reposição do estoque, ela é prejudicada em razão da alta inflação, mas nossos empresários tendem a se adiantar a esse fator, buscando fornecedores mais baratos ou negociando os preços de uma forma melhor.

CNC Notícias - Como o senhor vê a evolução da economia/comércio em seu estado até o final do ano?
Breithaupt -
A economia catarinense, como a do restante do Brasil, vem enfrentando um período de estagnação e retração. Temos inflação alta, juros elevados e aumento do desemprego. Entretanto, os investimentos continuam chegando ao nosso estado, e apresentamos a segunda melhor geração de empregos entre as unidades da Federação, num ano em que muitos outros estados já demitem mais do que contratam. Isso faz com que Santa Catarina apresente os menores índices de desemprego do Brasil, fator determinante para nos encontrarmos em melhor situação que o restante do país. Além disso, a estrutura econômica bastante diversificada cria grandes oportunidades para investimentos nos mais variados setores, permitindo uma alocação mais eficiente dos recursos, à medida que a retração econômica se desenrola em nível nacional. Por fim, nosso estado é formado por uma imensa maioria de micros e pequenas empresas e com nível de renda acima da média brasileira. Isso nos torna capazes de dinamizar a economia de maneira mais rápida e vigorosa em períodos de incertezas, já que o crédito tende a se reduzir menos, assim como o poder aquisitivo - dois fatores essenciais para uma retomada vigorosa do crescimento.

CNC Notícias - Na área em que o senhor atua como empresário, que as medidas prudenciais que devem ser adotadas pelos empresários? Quais as alternativas para o empresariado do comércio de bens, serviços e turismo no cenário econômico até o final de 2015?
Breithaupt -
É fundamental para o empresário, nesses períodos de dificuldade econômica, buscar inovar, diversificar seu mix de produtos e também, na medida do possível, procurar estender os prazos de pagamentos e oferecer novas condições que se adequem à nova situação do consumidor.

CNC Notícias - A alta de gastos do setor  - como energia, pessoal, combustíveis - tem afetado os negócios?
Breithaupt -
Sem dúvida, tivemos muitos aumentos neste ano de 2015. Infelizmente, o governo represou os preços até o limite; e não fez isso de maneira gradual, ao longo de vários anos. Certamente, se assim fosse feito, os impactos negativos seriam minimizados. Agora em agosto, ainda, tivemos um terceiro aumento da energia elétrica em menos de 12 meses. A situação natural é repassar o aumento desses custos ao preço do produto final. Entretanto, num contexto de retração das vendas - tivemos, em abril, o pior resultado desde 2003 - e desaceleração da renda das famílias, o repasse fica comprometido, prejudicando os investimentos no setor e a saída do país desse cenário de queda no crescimento econômico. Além disso, aumentos como esse poderiam ser evitados, caso as obras em andamento tivessem terminado. No Brasil, existem 272 projetos de infraestrutura energética atrasados, o que já gerou um prejuízo de R$ 65,4 bilhões ao país e forçou o aumento da energia elétrica em até três vezes desde 2006. A Fecomércio-SC considera importantes as medidas que promovam a economia de energia, mas elas não podem vir por meio do aumento dos custos, como é o caso das bandeiras tarifárias, que penalizam aqueles consumidores que mais consomem. Portanto, diante desse cenário, reforça-se a necessidade de adoção de políticas de eficiência energética.

CNC Notícias - A inflação é a maior vilã para o comércio atualmente?
Breithaupt -
É uma das vilãs, ao diminuir o poder de compra do consumidor. Mas junto com ela vem uma elevação das taxas de juros que é igualmente prejudicial, especialmente para os segmentos que dependem fundamentalmente do crédito, como eletroeletrônicos e móveis. O que se observa é que o consumo se retrai mais pela elevação da taxa de juros do que pelo aumento da inflação.