Dicas

Dicas 22/09/15

23 Set 2015 - 10h51
POR QUE SE ESCREVE “MUITO” MAS SE FALA “MUINTO”?
A palavra “muito” vem do latim multo. Com o tempo, o grupo “lt” evoluiu para “it”. A pronúncia, inicialmente, era mui-to, sem nasalação, mas, já na época de Camões, a pronúncia do “ui” nasalizou-se por causa do “m”, que inicia a palavra. Na época, surgiu uma grafia em que sobre o ditongo “ui” colocava-se um til. Apenas na Reforma Ortográfica Brasileira de 1943 é que esse sinal de nasalação foi abolido e a grafia da palavra passou a ser “muito”. De qualquer forma, a pronúncia “muinto” não deixou de ser utilizada.

 

MESES DO ANO

Ao longo da História, já foram feitas várias versões do calendário romano. De acordo com a primeira delas, da qual herdamos a maioria dos nomes dos meses, o ano tinha início em março, no dia do equinócio de primavera no Hemisfério Norte, e contava apenas com dez meses. Feita pelo Imperador Rômulo (753-717 a.C.), essa versão logo foi modificada por seu sucessor Numa Pompílio (717-673 a.C.), que acrescentou dois meses – janeiro e fevereiro – aos já estabelecidos. De acordo com o novo calendário, os novatos seriam o décimo primeiro e o décimo segundo meses do ano. Foi apenas a partir do Calendário Juliano, estabelecido pelo Imperador Júlio César (100-44 a.C.), que o ano passou a se iniciar em janeiro. Vale lembrar que o calendário que seguimos hoje não é nenhum desses, e sim o Gregoriano, criado em 1852 pelo papa Gregório XIII, uma evolução dessas versões. O nome dos meses, contudo, permanecem os mesmos desde o início do milênio passado.

 

QUAL A ORIGEM DOS NOMES DOS MESES DO ANO?

Janeiro – Homenagem a Jano, deus romano considerado o senhor das passagens, deus dos inícios. Janus o deus do começo. Por isso, foi escolhido como o 1º mês do ano.

Fevereiro – Deriva do deus Fébruo, a quem nessa época do ano os romanos homenageavam com festas de purificação, a fim de apaziguar os mortos com sacrifícios e oferendas.

Março – Homenagem a Marte, deus da Guerra.

Abril – Há quem diga que este nome faz referência a Afrodite, deusa do Amor. Para outros, o termo vem do verbo latino aperire, referência à abertura das flores, já que este mês marca a primavera no Hemisfério Norte

Maio – Referência a Maia, deusa da Honra e da Reverência. A linda deusa dos campos.

Junho – Homenagem à deusa Juno, a esposa de Júpiter e protetora das mulheres (especialmente das casadas) e da maternidade.

Julho – Inicialmente, este mês era chamado de Quintilis, por ser então o quinto mês do ano. Porém, pouco depois do assassinato do Imperador Júlio César, ocorrido nessa época (no ano de 44 a.C.), passou a ser denominado julho, em homenagem a ele.

Agosto – Originalmente chamado de Sextillis (derivado de sextus), por ser então o sexto mês do ano. Em 8 a.C., porém, o imperador romano César Augusto (sucessor de Júlio César) estabeleceu que fosse denominado agosto em sua homenagem, já que vários bons acontecimentos de sua vida haviam passado nesse mês.

Setembro – O termo vem do latim septem (sete), pois originalmente era o sétimo mês do ano, no antigo sistema de 10 meses, que foi usado até 600 anos antes de Cristo..

Outubro – Deriva do latim octo (oito), já que originalmente era o oitavo mês.

Novembro – Vem do latim nouem, pois alguns séculos foi o nono mês.

Dezembro – Termo derivado do latim decem, por ter sido o décimo mês, pelo velho sistema de 10 meses.

 

OCEANOS

Vem do latim oceanus, resultante do grego Okeanos, um dos 12 titãs filhos de Urano, o céu, e Gaia, a Terra, os primitivos senhores do Universo na mitologia grega. Oceano, na verdade, era considerado um rio que fluía ao redor da Terra.


 

MAR MORTO

O mar Morto tem esse nome por causa da alta concentração de sal em suas águas, dez vezes maior que nos oceanos. Os peixes despejados pelo rio Jordão têm morte instantânea ao caírem no mar morto. Apenas algumas bactérias e plantas localizadas nas margens conseguem sobreviver.

No mar Vermelho, cresce uma infinidade de algas flutuantes, que soltam um pigmento vermelho, colorindo a água durante o verão, daí seu nome.

 

CONTINENTES

A palavra vem do latim continens ou continentis e seu significado é “contínuo”, “ininterrupto”, ou seja, perfeito para as vastas extensões de terra que formam os continentes.

Segundo a mitologia grega, Europa foi uma ninfa muito bonita que despertou os amores de Zeus, deus-rei do Olimpo.

Oceano, o deus dos rios, deu origem à Oceania, enquanto sua filha Ásia, mãe das fontes e dos rios, é o nome de batismo do continente vizinho.

África é uma deusa que carrega um chifre e um escorpião.

Dos grandes continentes, só o nome América tem origem pagã. Seu inspirador foi o navegador italiano Américo Vespúcio (1454-1512). Para se harmonizar com os outros nomes femininos, Américo tornou-se América.

 

PLANETAS

Se dependesse da etimologia da palavra, a Terra estaria fora de órbita. O termo vem do latim planeta ou planetae que, por sua vez, é proveniente do grego planes, “errante, vagabundo”, ou planao, que significa “afastar-se do caminho certo, desviar do caminho, extraviar”.

O nome dos outros planetas tem origem no nome de deuses da mitologia:

Mercúrio – Deus romano dos viajantes

Vênus – Deusa romana do amor e da beleza

Marte – Deus romano da guerra

Júpiter – Pai de todos os deuses

Saturno – Deus grego da fartura

Urano – Rei dos céus

Netuno – Deus romano do mar

Plutão – Deus romano do inferno

 

Idolatria

Em latim, idolum quer dizer imagem. Em grego, fonte da língua dos Césares, eídolon tem o mesmo significado. Em português, ídolo dá nome a objeto, entidade ou pessoa por quem se tem sentimentos exagerados de afeição. Por quê? Por uma razão simples. A gente lhes atribui qualidades excepcionais. Pelé, Ayrton Senna, Neymar, Maria Bethânia, Fernanda Montenegro servem de exemplo.

Ídolo é criatura tão excepcional que só tem uma forma — a masculina. Ele é o ídolo. Ela é o ídolo. Nosso repórter embarcou em brincadeirinhas de ídolas. Em português nota 1000, ele teria escrito: Agora em 2015 é o universitário Michael Azevedo, 25 anos, que fará o que for preciso para ficar mais perto de seu ídolo: a cantora Rihanna

 

Internet é substantivo comum, escrito com inicial minúscula. F acebook é também substantivo comum?

Internet nasceu substantivo próprio. Escrevia-se com a inicial grandona. Com o tempo, tornou-se nome de mídia como jornal, rádio, tevê. Tornou-se vira-lata: Obtenho informações no jornal, no rádio, na tevê e na internet.

Facebook joga em outro time. É nome próprio como Instagram, WhatsApp, You Tube, TV Brasília, TV Globo, Diário de Pernambuco .  Daí a inicial com pedigree.

 

INGRATIDÃO

O czar Ivan IV da Rússia, que reinou de 1533 a 1584, mandou executar na fogueira um matemático a quem pedira, apenas para divertir a corte, que calculasse o número exato dos tijolos necessários para construir determinado prédio. Ao término da obra, verificada a precisão dos cálculos, Ivan IV sentenciou o matemático à morte como bruxo, porque era dotado de estranhos e perigosos poderes.

 

OS PRIMEIROS BISCOITOS

Os primeiros registros sobre o preparo de biscoitos remetem à época dos faraós, no Antigo Egito. Graças aos ciclos de enchentes e vazantes do rio Nilo que fertilizavam suas margens, os egípcios puderam se dedicar ao cultivo do trigo. E um povo que baseava no trigo sua principal produção agrícola acabaria infalivelmente por descobrir o pão. Com a utilização do fogo e de fornos rústicos, os pães eram assados, tornando-se muito mais apetitosos. Daí até a elaboração de biscoitos, o caminho foi relativamente curto.

Inicialmente, o biscoito ocupava um lugar ligado a rituais egípcios. Moldado a partir de formas animais e humanas, ele era oferecido às divindades em troca de chuvas, para que se assegurasse a fertilidade do solo.

Em pouco tempo, o hábito de produzir biscoitos estendeu-se por outras regiões do Mediterrâneo e Oriente Médio. Assírios, babilônios e gregos foram alguns dos povos que, a exemplo dos egípcios, passaram a regalar seus deuses com biscoitos de trigo e mel. Com o transcorrer dos séculos, os franceses começaram a descobrir novas técnicas para essa produção. Eles concluíram que, se assassem o biscoito duas vezes, a umidade seria reduzida, permitindo a conservação do produto por um tempo maior. Vem daí o nome biscoito, forma aportuguesada da palavra francesa bis-cuit, que significa assado duas vezes.

 

0,6% POR EXTENSO

Como devemos  escrever 0,6% por extenso.

Ora, se levarmos em consideração a Matemática, devemos escrever "seis décimos por cento"; no entanto, como nem todo o mundo convive em paz com o sistema decimal, o usual é escrever o número como se estivéssemos "lendo" símbolo por símbolo: "zero vírgula seis por cento". Podemos escolher.

 

AMBIGUIDADE

Um dia desses, estava dando umas voltinhas pela praça com o meu cachorrinho. Numa casa próxima, li a placa: ‘‘Deixe seu cão longe dos jardins e limpe suas fezes’’. Achei esquisita a frase. ‘‘Parece que as fezes são do dono do cão, não parece?’’.

Parece. A culpa é do possessivo. Suas é bivalente. Pode se referir à 2ª pessoa (você). Ou à 3ª (ele). Por isso, é ambíguo. No caso, as fezes podem ser do cão (ele) ou do dono do cão (você).
Como safar-se? Livrando-se do suas: Deixe seu cão longe dos jardins e limpe as fezes dele. Deixe seu cão longe dos jardins e limpe-lhe as fezes.

É isso. A língua oferece um leque de possibilidades.

 

A GENTE VAI DE ÔNIBUS?  OU VAI EM ÔNIBUS?

Ao indicar simplesmente meio de transporte, a preposição de pede passagem: Eu vou a São Paulo de avião, mas vou a Porto Alegre de ônibus. Gostaria de ir à Europa de navio, mas a viagem é longa.
Ao referir não o meio de transporte, mas alguma característica do veículo, o em tem vez: Fui a Curitiba num ônibus para lá de ruim. Foi a Paris num avião moderno. Vou a Florianópolis num carro do início da década de 50.

 

DEIXE DE HISTÓRIAS, LUCIANO.

O verbo deixar, com o sentido de "abrir mão" é pronominal. Logo:
Deixe-se de histórias, Luciano.

 

SE EU TIVER DÚVIDA SOBRE A GRAFIA DE UMA PALAVRA NUM DICIONÁRIO, COMO POSSO FAZER?

A saída é pedir socorro ao Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, elaborado pela Academia Brasileira de Letras. É uma obra de referência para a criação de dicionários, porque traz a grafia atualizada das principais palavras de nossa língua e sua classe gramatical, mas sem o significado delas. É nele que pesquisadores, autores e revisores tiram suas dúvidas sobre ortografia. A última edição do Vocabulário foi lançada em 1999.

 

OS DICIONÁRIOS SÃO CONHECIDOS TAMBÉM COMO “PAI DOS BURROS”.

POR QUE SE CHAMA DE BURRO UMA PESSOA QUE NÃO CONSEGUE APRENDER?


É muito provável que essa má fama do burro venha de seu hábito de empacar. Se alguma coisa o assusta, ele simplesmente pára, demonstrando teimosia e um temperamento cismado, arredio. Apesar dessa característica, especialistas em treinamento de animais para cinema e publicidade garantem que o burro tem capacidade de aprender: é possível treiná-los para balançar a cabeça em sinal de negação, andar em determinada direção, empacar e manter-se parados.

 

DE ONDE VEM A EXPRESSÃO “PAI DOS BURROS”

A expressão foi inspirada na profissão do pai de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, autor do famoso Dicionário Aurélio. Ele fabricava carroças muito confortáveis não apenas para os usuários mas também para os burros que as puxavam. Os passageiros não tinham palavras para elogiar o serviço de seu pai e, assim, Aurélio fez um pequeno sumário de termos com essa finalidade, o que seria seu primeiro dicionário.

 

ACUDI LOGO O CHAMADO DE ROBERTO.

O verbo acudir, na acepção de ir em socorro, é transitivo indireto. Só quando no sentido de socorrer ou de retorquir é transitivo direto:
Acudi logo ao chamado de Roberto.

 

RASGANDO SEDA

A expressão "rasgando seda", que significa fazer um elogio exagerado, é originária de uma das comédias do dramaturgo Luís Carlos Martins Pena (1815-1848), o fundador do teatro de costumes no Brasil. Em uma cena, um vendedor de tecidos tenta cortejar uma moça bonita e, como pretexto, oferece alguns cortes de fazenda a ela, "apenas pelo prazer de ser humilde escravo de uma pessoa tão bela". A garota entende o recado e responde: "Não rasgue a seda, que se esfiapa".

 


SENHOR - ETIMOLOGIA
latim senìor,óris 'mais antigo, mais velho', comparativo de senex,senis 'ancião, velho', adj. que, já no latim, aparece por vezes como substantivo 'velho, ancião'; na baixa latinidade, o vocábulo senìor tornou-se um termo de respeito, equivalente a domìnus 'dono da casa, senhor, proprietário'; no português arcaico, como ocorria com todas as palavras terminadas em -or, a forma senhor era tanto masculina como feminina; como tratamento, pode ocorrer na linguagem popular do Brasil sob as formas reduzidas siô, sô, sinhô, inhô, inhor, nhô, nhonhô, ioiô, seu ...

 

ATÉ ONTEM, A LOJA NÃO TINHA ENTREGUE O APARELHO.

Um locutor de uma grande rede de TV terminou a reportagem com essa frase. Sabe qual a inadequação?
Entregar é verbo abundante, ou seja, possui dois particípios:

Particípio regular: Forma locução verbal na voz ativa com o verbo ter ou com o verbo haver; é terminado em -ado ou em -ido.

Particípio irregular: Forma locução verbal na voz passiva com o verbo ser ou com o verbo estar; possui várias terminações: -to, -so, -po.

Portanto, usaremos a palavra entregue somente com ser ou estar. Por exemplo, as frases A encomenda foi entregue. O aparelho já está entregue. Com ter ou haver, deveremos usar a palavra entregado. Por exemplo, a frase Ele não tem entregado as encomendas em dia. Então a frase apresentada está errada. Deveremos corrigir para:

Até ontem, a loja não tinha entregado o aparelho.

 

ESFINGE

Volta e meia, alguém é classificado de ‘‘enigmático como esfinge’’. O título pertenceu a Greta Garbo. Mais recentemente passou para José Dirceu. Ele ficou uns 20 anos casado sem nunca ter revelado à mulher a verdadeira identidade. Vá ser frio assim no Pólo Norte! Minha questão: qual a origem da imagem?

A Esfinge parecia mulher. Mas mulher não era. Tinha rosto e peito de moça. O corpo era de leão. As asas, de urubu. E a cauda, de dragão. A monstra veio não se sabe de onde. Instalou-se em Tebas (Grécia) no alto de um rochedo. Quando um viajante passava, ela o obrigava a parar. E exigia que ele desvendasse este enigma:

— Qual o animal que tem quatro patas de manhã, duas ao meio-dia e três à noite?
Os coitados não descobriam a resposta. Ela os devorava. Depois, lambia os beiços de prazer. Um dia, Édipo passou por ali. A Esfinge pensou que mais uma comidinha estava no papo. Parou o rapaz e apresentou a mesma adivinhação. Ele respondeu rapidinho:

— O homem. Engatinha de quatro. Caminha em duas pernas. E, quando fica velhinho, usa bengala.

Frustrada, ela se matou. Mas virou substantivo comum. Esfinge é a pessoa calada, cheia de mistérios. Um enigma.