Dicas

Dicas 09/11/2015

09 Nov 2015 - 16h11
HORAS "EXTRA"

As pessoas fazem horas extras, voos extras e leem edições extras. A palavra varia normalmente no plural, e a pronúncia correta é êstra(s). Mesmo que haja um supermercado com esse nome, a pronúncia continua a mesma: Êxtra.

 

POSSO USAR EXPOENTE EM ALGARISMO ROMANO?

Não.

No entanto, nossos jornais estampam Iº XEQUE-MATE – uma jogada de mestre - com expoente!

Se quiser uma verdadeira jogada de mestre escreva o algarismo romano sem expoente ou o arábico com expoente.

É lamentável com se vê cartazes de toda a natureza com erros crassos de português. Escrever correto, obedecendo às normas vigentes da nossa língua não é só cultura como também um dever cívico de cada brasileiro.

 

DIFERENÇA ENTRE "MAL" E "MAU"
Numa de suas provas, a Universidade de São Paulo, pediu aos alunos que escrevessem três frases com a palavra "mal". Mas era necessário usar os três valores gramaticais da palavra "mal".

Todo mundo se lembra imediatamente de dois desses valores.

"Mal" pode ser advérbio, como ocorre na frase:

Aquele jogador joga mal em que "mal" designa o modo como alguém joga.

"Mal" também pode ser substantivo:

Nunca pratique o mal; pratique sempre o bem.

E o terceiro valor gramatical da palavra "mal"?

É o de conjunção indicativa de tempo e equivalendo a "logo que", "assim que", "imediatamente depois que":

Assim que você saiu

Logo que você saiu

Mal você saiu, ela chegou

Esse "mal" se escreve com "L" e é conjunção.

Outra dúvida em relação a essa palavrinha diz respeito a sua grafia. Isso ocorre porque também existe "mau", com "U".

Para resolver essa questão, há uma dica muito útil: "mau" com "u" se opõe a "bom"; "mal" com "L" se opõe a "bem".

Roberto Carlos joga bem.

Mauro joga mal.

Eduardo é bom jogador.

Plínio é mau jogador.

Dica:

Caso você esqueça quem é o contrário de quem, coloque em ordem alfabética: "mal" vem antes de "mau" e "bem" vem antes de "bom". Pronto: está resolvido o assunto.

 

Qual é a pronúncia de oximoro?  A palavra rima com namoro?

Oximoro é paroxítona. Rima com namoro sim, senhores. Em ambas, a sílaba tônica é mo. O significado? Trata-se de figura de linguagem pra lá de brincalhona porque reúne palavras contraditórias. É o caso de silêncio eloquente, valentia covarde, culpa inocente..

 

PREFIRO MIL VEZES ESCREVER DO QUE FALAR.

O verbo preferir não admite modificadores (mil vezes, milhões de vezes, muito mais, antes, etc.) nem admite do que. Quem prefere, prefere alguma coisa a outra; no prefixo pré- já existe a ideia de anterioridade desejada, o que torna dispensável o uso de qualquer modificador. Portanto:
Prefiro escrever a falar.

As crianças preferem praia a piscina.

Preferimos comer chuchu a comer jiló.

 

PARA QUE SERVE O PERFUME DA FLOR?

O perfume funciona como um meio de sobrevivência das plantas porque atrai agentes polinizadores. Os insetos, guiados pelo cheiro, pousam na flor e entram em contato com o seu pólen. Quando o inseto voa, espalha o pólen e ajuda na fecundação da planta.

 

CARROÇA

Vem do italiano carrozza, através do francês carrosse. Na origem, designava uma espécie de carruagem de quatro rodas, usada no transporte de passageiros; era um símbolo de luxo e de riqueza. No séc. XVII, o Padre Vieira ainda podia escrever que "o rei e a rainha passeiam juntos na mesma carroça". A partir do século seguinte, no entanto, já começa a prevalecer o significado, que perdura até hoje, de "veículo reforçado para transporte de carga". Como metáfora, o termo é muito usado para falar pejorativamente de automóveis: "a indústria automobilística brasileira fabricava verdadeiras carroças".

 

CHARME

Vem do francês, que foi buscá-lo no latim carmen ("canto, poema"); designava, na linguagem jurídica e religiosa, uma fórmula em versos com supostos efeitos mágicos. Com o tempo, seu significado passou a abranger também os poderes sobrenaturais de um mago, bem como qualquer objeto que tivesse propriedades de trazer a sorte ou afastar o Mal (no inglês, um dos sentidos de charm é "amuleto, talismã"). Afastando-se do mundo do oculto, o vocábulo passou a designar aquele fascínio que certas pessoas naturalmente exercem sobre os outros, tornando-se uma qualidade extremamente valorizada, pois o mundo passou a ser dividido entre os que têm e os que não tem charme.

 

COLOSSO

Vem do grego kolossos, estatuetas usadas em rituais religiosos para representar pessoas ausentes, correspondendo aproximadamente aos bonequinhos do vodu. Eram feitos de todos os tamanhos e materiais, mas o termo passou a designar uma estátua gigantesca a partir da fama do Colosso de Rodes, uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo - uma imagem de Apolo de mais de 30m, que dominava o porto de Rodes, no Mediterrâneo. Embora colosso, juntamente com o seu derivado colossal, ainda seja usado com o sentido de "muito grande" (fortuna colossal, obra colossal), o termo vem sofrendo uma evolução cada vez mais favorável e já figura na lista dos elogios modernos: um colosso de livro, uma ideia colossal.

 

FAMIGERADO

Vem do latim famigeratus ("famoso, célebre, renomado"). Na origem, embora se referisse tanto à boa quanto à má fama, tinha uma conotação predominantemente positiva. Com o tempo, entretanto, passou a ser aplicado apenas com a intenção de criticar: "Os argentinos insistem em comparar Pelé ao famigerado Maradona". Essa alteração de significado é o tema do genial conto Famigerado, de Guimarães Rosa, em que um médico de férias no sertão, para salvar a própria pele, convence um perigoso jagunço, a quem ele havia chamado de famigerado, de que o termo tem um sentido positivo e elogioso.

 

LEITÃO É AUMENTATIVO?
Por que o filhote do porco se chame leitão. "Conforme Aurélio, vem de leite + ão; ora, sendo o filhote, qual o motivo para usarmos o -ÃO, usualmente empregado nos aumentativos, e não o -INHO"?

Esse final -ão não é o nosso tradicional indicador de aumentativo; neste caso, ele traz uma ideia intensificada de hábito, de ação frequente. Não te perguntaste por que, sendo filhote de porco, leitão usa o radical de leite?

Evidentemente, o nome designa o animal que ainda está sendo amamentado - algo assim como o mamão ("que ainda mama") que empregamos para os cordeiros.

 

O QUE PESA MAIS: 1 QUILO DE CHUMBO OU 1 QUILO DE ISOPOR?

Se a experiência for realizada no vácuo os dois pratos da balança ficarão equilibrados. Mas em condições normais, com a pressão atmosférica atuando, a balança irá pender para o lado do chumbo. Isso porque o volume de 1 quilo de isopor é muito maior do que o de 1 quilo de chumbo; assim, o isopor desloca muito mais ar do que o chumbo e tem uma atração maior para cima (empuxo) do que o chumbo.

 

ORIENTAÇÃO GEOGRÁFICA
Mesmo os homens mais sábios da Antiguidade defendiam a teoria de que a Terra era imóvel e de que o Sol girava ao nosso redor. Não podemos criticá-los; afinal, todos os dias eles o viam nascer no mesmo lugar, passar por sobre suas cabeças e desaparecer, à noitinha, no lado oposto do céu. Decorreram milênios até que Copérnico e Galileu, no séc. XVI, entendessem a verdadeira estrutura do sistema solar.

No entanto, aquelas crenças antigas deixaram sua marca nos vocábulos que usamos até hoje para referir nossa posição no planeta. A palavra Ocidente, que usamos para indicar o Oeste, o lado onde o Sol se põe, vem da expressão latina sol occidens - literalmente, "sol que tomba", derivado de occidere, "tombar, derrubar".

Na direção oposta fica o Oriente, o Leste, o lugar onde nasce o Sol, de sol oriens, "sol nascente", de oriri, "erguer-se, nascer" - irmão, portanto, de origem e aborto ("que não nasceu").

Nas igrejas e catedrais cristãs, sempre que possível, procurou-se manter o princípio de voltar a porta do edifício para o lado do poente, o que faz com que os fiéis, voltados para o altar, dirijam suas preces em direção ao nascente - e foi essa preocupação em direcionar o templo para o Oriente que produziu a ideia de orientar e orientação.

 

MERIDIONAL

Que fica no Sul, sinônimo de "sulino". Vem do latim meridies, "meio-dia", porque na metade do dia, no Hemisfério Norte, o Sol está ao sul do observador. Em francês, até hoje, midi significa tanto "meio-dia", como "sul". O vocábulo latino aparece nas expressões ante meridiem e post meridiem ("antes" e "depois do meio-dia"), usadas pelos EUA na indicação de horário, hoje tornadas universais pelos relógios digitais, na forma das abreviações AM e PM, respectivamente.

 

SETENTRIONAL

Vem de setentrião, o nome usado antigamente para designar as regiões que ficam no Norte do planeta. O termo vem do latim septentriones (literalmente "os sete bois de arado"), um dos nomes dados pelos romanos à constelação da Ursa Maior, a qual, com suas sete estrelas principais que giram em torno da Estrela Polar, lembrava um conjunto de bois arando uma extensão de campo.

 

TRÓPICO

Os trópicos são os dois círculos menores da esfera celeste, paralelos ao equador, que assinalam o ponto máximo a que o Sol chega, tanto ao Norte quanto ao Sul. Os astrônomos gregos e romanos acreditavam que era dali que o Sol começava a "voltar" em direção ao equador, denominando-os de tropicus, derivado do grego trope, "volta, reviravolta". A mesma ideia se encontra em heliotrópio, denominação erudita do popular girassol, por que esta flor costuma girar para acompanhar a trajetória do Sol (helios, em grego).

 

EQUADOR

O círculo máximo da esfera terrestre, cuja linha imaginária divide a Terra em dois hemisférios, tira seu nome do latim aequator (derivado de aequare, "tornar igual"; pronuncia-se /ecuátor/); é irmão, portanto, de equalizador, equação e equilíbrio. O termo fazia parte da expressão [circulus] equator [diei et noctis], isto é, "círculo igualizador do dia e da noite", referente ao fato de que, nessa latitude, o dia e a noite têm duração quase idêntica.

 

BOREAL

Que fica no extremo setentrional. Para os gregos, um dos quatro ventos divinos era Bóreas, que vinha do Norte, trazendo o frio do inverno no seu sopro gelado. Os mitos antigos falam da terra dos hiperbóreos ("muito além do Norte"), um fantástico continente fértil e verdejante que ficaria situado além das neves do Ártico. O nome de Bóreas está presente também em outros vocábulos ligados à meteorologia: borrasca, do italiano burrasca, "temporal trazido pelo vento Norte", e aurora boreal, ou "luzes do Norte", o belíssimo fenômeno luminoso que pode ser observado nas proximidades do Pólo Norte.

 

AUSTRAL

É o oposto de boreal. Os romanos chamavam de auster o vento quente e seco que sopra do Sul, nome derivado do grego austeros, "seco, quente, áspero". Os cartógrafos renascentistas admitiam a existência de terras inexploradas no Hemisfério Sul, além da América e da África, registrando em seus mapas a expressão latina Terra Australis Incognita ("terra desconhecida ao Sul). Por isso, quando Matthew Flinders, o explorador inglês, relatou a descoberta das novas terras que hoje formam a Oceania, nada mais lógico que as batizasse de Austrália (literalmente, "terra do Sul".

 

ÁRTICO
Vem do grego arktos, "urso", não por causa do urso polar, como pensam alguns, mas pelo mito grego da ninfa Calisto. Seduzida por Zeus, o rei dos deuses, a pobre ninfa foi punida por Artêmis, a deusa da caça, que a transformou numa ursa. Anos mais tarde, numa caçada, o filho de Calisto, que desconhecia o destino da mãe, preparava-se para abater o animal, quando Zeus, inconformado com a injustiça, transformou os dois nas constelações das Ursas, sempre visíveis no Hemisfério Norte, em direção ao Pólo.

 

ANTÁRTICA
A Antártica, o continente gelado do Sul, foi convenientemente batizada como "oposta ao Ártico" (anti + ártico). Esta é a forma universalmente adotada, e também a preferível em nosso idioma; a variante Antártida, bastante usada nos países de língua espanhola, nasce de uma evidente interferência do nome Atlântida.

Aos que alegam que Antártica é a cerveja, e não o continente, lembro que ela recebeu esse nome exatamente para associá-la ao frio do Polo Sul, com direito, inclusive, aos pinguins que figuram no rótulo.