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INTERNACIONAL

Macron corta impostos para conter protestos de 'coletes amarelos'

26 Abr 2019 - 07h00

O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou na quinta-feira, 25, um pacote de medidas em resposta ao movimento popular conhecido como "coletes amarelos", que há 23 semanas protesta nas ruas do país contra o custo de vida, a carga tributária e os privilégios dos políticos. Entre outras ações, Macron prometeu cortar impostos e aumentar as aposentadorias.

Ontem, em um encontro com jornalistas, acompanhado na TV por milhões de franceses, o presidente reconheceu que o governo precisará trabalhar mais e gastar menos para compensar a menor arrecadação com os impostos e o aumento dos gastos com as aposentadorias e os bônus salariais prometidos. "Não quero aumentos de impostos. Quero uma redução para os que trabalham, diminuindo significativamente os tributos sobre a receita", declarou.

O presidente também disse ser favorável ao fechamento da Escola Nacional de Administração, considerada elitista e obsoleta pelos manifestantes. O instituto forma a maior parte dos funcionários públicos do país - o próprio Macron estudou no local.

Macron defendeu ainda políticas duras contra a imigração ilegal na Europa - outro aceno aos manifestantes mais identificados aos políticos nacionalistas franceses. O presidente afirmou que deseja uma Europa "forte", que proteja as fronteiras, mas saiba selecionar aqueles que estão realmente em perigo em outros países. "Para podermos dar boas-vindas, precisamos ter uma casa. Então, temos de ter fronteiras que sejam respeitadas. Precisamos de regras."

Exigências. Os protestos dos "coletes amarelos" começaram em novembro de 2018. Inicialmente, os atos eram contra o aumento de um imposto sobre combustível, para beneficiar uma transição para veículos mais ecológicos. No entanto, com o tempo, a insatisfação foi incorporando reclamações difusas, como custo de vida, impostos, privilégios da elite e aposentadorias.

Sem liderança específica, oposicionistas tanto da esquerda radical quanto da direita nacionalista tentaram capitalizar com as manifestações. Entretanto, cenas de violência e algumas mortes por atropelamento esvaziaram os protestos e minaram a imagem dos manifestantes.

Para tentar acabar com o movimento, Macron anunciou o que chamou de "grande debate nacional", para encontrar uma saída. As medidas de ontem deveriam ter sido anunciadas no dia 15, mas o presidente decidiu adiá-las em razão da comoção causada pelo incêndio na Catedral de Notre-Dame.

"Os coletes amarelos são um movimento inédito que mostrou a raiva e a impaciência para que as coisas mudem e para que o povo francês continue a progredir num mundo incerto. Este movimento foi tomado pelos extremismos. Agora é a hora da ordem pública voltar", disse Mácron.

Além do corte de impostos e de melhorar o reajuste das aposentadorias, o presidente prometeu um bônus salarial e simplificar a convocação de referendos, intensificando a democracia direta. Ele garantiu também que não fechará nenhum hospital e escola até 2022 e propôs uma reforma para favorecer as regiões da França, descentralizando o poder político, hoje excessivamente concentrado em Paris.

Recusa

No entanto, Macron não cedeu em algumas questões. O presidente rejeitou duas reivindicações dos coletes amarelos: a introdução do voto obrigatório e a exigência de que o voto em branco seja computado nas eleições. "O voto em branco é negligente. Não vou adotar essa medida porque já temos uma crise de ineficácia. Temos de fazer uma escolha no voto e essa escolha é importante. O branco não é uma decisão, é uma escolha fácil", afirmou. "Sobre o voto obrigatório, não resolveremos nossa crise democrática na base da coerção", disse Macron. (Com agenciais internacionais)

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