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Temporal recorde em São Paulo causa dezenas de alagamentos e fecha Marginais

10 Fev 2020 - 21h46Por João Ker, Ana Paula Niederauer, Isabela Palhares, Giovana Girardi, Marco Antônio Carval

O temporal que atingiu São Paulo na madrugada desta segunda-feira, 10, somou 114 milímetros, o que, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), representa a 2ª maior chuva para o mês de fevereiro em 37 anos - o volume só não é maior do que o registrado em 2 de fevereiro de 1983, quando chegou a 121,8 mm. O acumulado dos dez primeiros dias do mês já equivale a 96% do previsto para todo o mês. Os efeitos foram notados em todas as partes da capital e em cidades da região metropolitana, com deslizamentos e dezenas de alagamentos.

Da meia-noite até 16h30, o Corpo de Bombeiros recebeu 7,6 mil chamados e as equipes se deslocaram para atender 932 ocorrências de enchentes, 166 desabamentos e 182 casos relacionados a quedas de árvore. Em Osasco, três pessoas ficaram feridas após um deslizamento atingir a casa onde moravam, o casal e um menino de oito anos foram socorridos para um pronto-socorro em Barueri.

Os rios Tietê e Pinheiros transbordaram em diversos pontos, o que levou à interrupção do tráfego nas marginais, com consequências severas para o trânsito do centro expandido. Com alagamentos também dentro dos bairros, o deslocamento ao longo do dia ficou impraticável e a Prefeitura orientou as pessoas a não saírem de casa. Consulte aqui os pontos de alagamentos na cidade.

Paulistanos ficaram ilhados e a situação fez colégios particulares cancelarem aulas. O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), afirmou que um comitê de crise está trabalhando para diminuir os estragos. "Para se ter noção, em três horas na cidade, em algumas regiões, choveu praticamente metade do esperado para todo mês de fevereiro", disse. "O desastre teria sido muito maior se não tivesse sido o trabalho preventivo que a prefeitura fez ao longo dos últimos meses", acrescentou.

O temporal ultrapassou o recorde do nível de água do Rio Pinheiros, marcando 719.6mm. Este é o maior valor já registrado desde 2005, quando o rio chegou a 718.9mm, de acordo com a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente. A pasta afirmou que, apenas nesta madrugada, choveu 66% do total esperado para todo o mês de fevereiro.

"Mudança climática não é discurso de ambientalista. Está chovendo nessa década o que não choveu no século passado", afirma Marcos Penido, secretário de Infraestrutura e Meio Ambiente, ao jornal O Estado de S. Paulo. De acordo com ele, os mais de 78 pontos de alagamento registrados pelo Centro de Gerenciamento de Emergências Climática (CGE) de manhã aconteceram porque o volume de chuva ultrapassou o que estava previsto na série histórica de cem anos, usada para calcular o sistema de drenagem das chuvas. "Tudo foi implantado com essa lógica."

De acordo com a CPTM, as chuvas provocaram alagamentos na Linha 9 - Esmeralda e os trens deixaram de circular entre as estações Osasco e Santo Amaro. No último balanço divulgado pelo governo do Estado às 19h, a Linha 9 inda tinha pontos de alagamento e só operava entre as estações Grajaú e Santo Amaro. A Linha Diamante também operou parcialmente, com interrupção entre Comandante Sampaio e Itapevi, mas às 19h voltou a operar sem restrições. Ainda no início da noite, a Linha 7-Rubi operava com velocidade reduzida e maior tempo de intervalo entre as estações Jaraguá e Vila Aurora.

O rodízio de carros foi suspenso para veículos leves e caminhões. No entanto, permanece a restrição para circulação de caminhões e fretados nas zonas em que já são impedidos de circularem. A empresa bloqueou o acesso à Marquês de São Vicente.

Os ônibus da EMTU têm circulação restrita e atrasos ainda às 19h. Há problemas nos municípios de São Paulo, Taboão da Serra, Osasco, Itapevi, Barueri e Santana de Parnaíba. As linhas operam com atrasos de aproximadamente uma hora devido a alagamentos. O Terminal Taboão, em Guarulhos, está alagado e com operação suspensa. São 80 linhas prejudicadas de Guarulhos para o Metrô Armênia e Terminal Tietê e 120 linhas prejudicadas na região de Osasco.

Em cidades da Grande São Paulo, segundo a Defesa Civil, diversas famílias ficaram desabrigadas e desalojadas. Em Tabõao da Serra, 500 pessoas foram desalojadas por causa da enchente no centro do município. Em Osasco, 81 famílias foram desalojadas e três estão desabrigadas por causa dos deslizamentos que ocorreram na região. Também há desalojados em Pirapora de Bom Jesus - o número não foi informado.

No interior do Estado, em Botucatu, foi registrada uma morte. Um caminhão caiu em uma cratera que se abriu na rodovia Marechal Rondon (SP-300) e o corpo do motorista foi encontrado às margens de um córrego, em local de difícil acesso.

Cidade deve esperar mais chuva, aponta meteorologia
Áreas de instabilidade permanecem sobre o Estado de São Paulo e provocam mais chuva, de moderada a forte intensidade, no decorrer desta segunda-feira, 10, e também nos próximos dias. Segundo o Governo do Estado, a forte chuva que caiu em alguns pontos da capital atingiu 100 milímetros em três horas - praticamente a metade da média prevista para todo o mês de fevereiro.

Segundo a meteorologista da Climatempo, Ana Clara Marques, a frente fria que se formou no sul da América do Sul e subiu para costa paulista, segue em direção ao Rio de Janeiro podendo chegar ao Espírito Santo entre terça e quarta-feira, 12. "A chuva pode voltar forte várias vezes ao longo desta segunda-feira e também nesta terça-feira. A partir de quarta-feira diminui a intensidade mas ainda tem previsão de chuva forte para São Paulo", disse Ana Clara.

Medidas indicadas pelo CGE para amenizar os efeitos dos alagamentos

Evite transitar em ruas alagadas;

Se a chuva causou inundações, não se aventure a enfrentar correntezas;
Fique em lugar seguro. Se precisar, peça ajuda;

Mantenha-se longe da rede elétrica e não pare debaixo de árvores. Abrigue-se em casas e prédios;

Planeje suas viagens, para que haja menor possibilidade de enfrentar engarrafamentos causados por ruas bloqueadas;

Em caso de dúvida sobre vias bloqueadas, ligue para a central de atendimento da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) através do número 156 ou entre no site da CET para saber como está o trânsito nas principais vias.

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