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'Quero ficar, agora mais do que nunca' diz professor da escola Raul Brasil

20 Mar 2019 - 08h34Por Priscila Mengue, com colaboração de Isabela Palhares

"Pouco se falou desse herói. Salvou muitas crianças que corriam desesperadas, puxando para dentro da sala de aula, fazendo barricadas com mesas na porta e vigiando para ver se os assassinos vinham na direção deles. Parabéns, professor Agnaldo."

O texto foi publicado em rede social por um ex-aluno da Escola Estadual Professor Raul Brasil, alvo do ataque a tiros que deixou dez mortos há uma semana. Na postagem, o rapaz menciona a atuação de Agnaldo Xavier, de 47 anos, que ajudou a esconder cerca de 60 estudantes durante o massacre.

Professor de Matemática há dez anos e do Raul Brasil há cinco, Xavier é um dos funcionários que ajudaram a minimizar os impactos do ataque à escola. "Pensei que era bombinha, mas aí eu fui na porta. Um dos alunos corria, dizendo que era tiro e que mataram a 'tia'. Abri a porta e comecei a gritar para entrar todo mundo. Fechei a porta, mas deixei uma abertura para eu ficar olhando a ação deles, não queria ser pego de surpresa. Não sabia quantos tinha. Só vi dois, mas não sabia se tinha mais", relembra.

À reportagem, o professor se mostrou orgulhoso pela Raul Brasil ser uma das melhores escolas da região. "A minha vida se resume a tentar dar um incentivo para esses jovens, um futuro", conta. Nesta terça-feira, 18, ele foi ao colégio ajudar no acolhimento dos alunos, enquanto faltou ao próprio acolhimento (no dia anterior) para ficar com a filha - ainda assustada, embora estude em outra instituição. "Hoje (terça) teve muitos pais me abraçando e chorando. Alunos gratificados. Deus me colocou no lugar certo, na hora certa."

Sobre a permanência no Raul Brasil, diz não ter dúvidas, "agora mais do que nunca". "Temos de colocar ele (o colégio) no lugar de novo. Se não melhorar (com ações de governo), a gente vai reivindicar."

Silmara

Nesta terça, não faltaram histórias de "heróis" a relembrar. Até uma semana atrás, Silmara Moraes, de 49 anos, era a mãe de três jovens, a "pastora" de uma igreja de Guaianases e a "tia da merenda" do Raul.

Hoje, das redes sociais até o grafite no portão de onde mora, a "Silmara Maravilha" é lembrada como a mulher que usou um freezer para impedir a entrada de atiradoras no refeitório, salvando 60 adolescentes na instituição em que entrou há dez anos.

Silmara conta que conhecia todos os alunos que morreram no massacre. "Lembrava de todos. O Cleiton era o mais quietinho, ficava sempre nos cantos. Lembro dele desde a quinta série."
Na terça, recebeu muitos abraços na volta às aulas, de quem nem sabia que tinha salvo. De uma menina, ganhou trufas e um bicho de pelúcia. "Ainda não caiu a ficha. Eu não vejo por esse lado, como uma heroína. Eu vejo assim, como um coração de amor. Eu faria isso em qualquer lugar que estivesse, acho que seria essa a minha reação, pelo amor que tenho àquele lugar."

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