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Moradores de SC aguardam apreensivos a oportunidade de deixar Guiné-Bissau

17 Abr 2012 - 12h55

O clima é de apreensão entre os familiares dos 10 catarinenses que estão em Guiné-Bissau, país da costa oeste da África e que enfrenta um golpe militar. O grupo, formado por oito moradores de São José, na Grande Florianópolis, e dois de Tubarão, estava naquele país para um trabalho voluntário promovido por uma igreja evangélica Assembleia de Deus, com sede em São José.

Na segunda-feira, através de internet, Eduardo Soares, um dos voluntários, informou ao Diário Catarinense que todos devem retornar na quinta-feira para o Brasil. Apesar da situação de vulnerabilidade política, Soares disse que o clima estava mais tranquilo. O grupo estava em um hotel quatro estrelas, com acesso à internet, comida e água. Havia rumores de que o aeroporto tinha sido reaberto e estavam à espera por voo para Portugal, de onde retornarão ao Brasil. A voluntária Estela Mônica Gimenez Falcão Martins, mostrava-se um pouco mais preocupada: 

- Não estamos com medo, só queremos sair. Notícias, comentários e aeroporto com os voos cancelados. Fomos pegos de surpresa, pois tínhamos projeto de retornar para Europa na quarta-feira, e depois para o Brasil - explicou.

Na comitiva também estão Sônia e Ezquiel Montanha, sogros do pastor evangélico Amilton Júnior.

- Consegui conversar com eles por volta das 19h desta segunda-feira. Em princípio, está tudo mais tranquilo e na quinta-feira devem estar em Santa Catarina - disse.

O golpe de Estado foi condenado pelos Estados Unidos, pela União Africana, a Cedeao, pela União Europeia, pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, por Portugal, entre outros.

Na segunda-feira, depois do anúncio de que Portugal enviaria um navio para retirar cidadãos portugueses e de outras nacionalidades do país, a Junta Militar reagiu. Afirmou que apenas os aviões identificados estariam autorizados a aterrissar no aeroporto de Bissau, que permanecia fechado ao tráfego desde quinta-feira.

O golpe de Estado ocorrido no último dia 12 aconteceu enquanto o país - um dos mais pobres do mundo - se prepara para o segundo turno da eleição presidencial, marcado para 29 de abril.

Os responsáveis pelo levante asseguraram que atuam contra um suposto acordo entre Guiné-Bissau e Angola para ajudar na reforma do Exército guineano. Os chefes militares fecharam o espaço aéreo e marítimo do país.

Até a noite desta segunda-feira, o Ministério das Relações Exteriores não havia definido o tipo de ação para atender aos cerca de 300 brasileiros que se encontram na Guiné-Bissau. Não foi divulgada relação com nomes e naturalidade das pessoas.

De acordo com a assessoria de imprensa do Itamaraty, o momento exige cautela e a primeira providência foi fazer contato com os familiares no Brasil (números de telefones e e-mail foram colocados à disposição) para estabelecer uma estratégia para apoiar os brasileiros. O Itamaraty aproveita para fazer um alerta para os que estiverem fora do país: uma das primeiras atitudes deve ser buscar a Embaixada ou o Consulado e passar telefones de contato. Isso ajuda em caso de situações de emergência, de vulnerabilidade política, como a que ocorre atualmente em Guiné-Bissau.

Nos contatos iniciais com os familiares, o Itamaraty colheu informações de que os brasileiros que estão no país africano relataram estar em boas condições de segurança. Apesar disso, a situação é de expectativa e exige o acompanhamento da crise a partir do golpe militar, para ação do governo brasileiro, caso a situação de conflito aumente.

A administração pública de Guiné-Bissau ficou paralisada na segunda-feira por uma greve geral convocada pelos sindicatos que protestam contra o golpe de Estado de 12 de abril. Segundo informações obtidas pela Agência Efe, a greve foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Guiné-Bissau (SNTGB) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores (CNT) através de um comunicado conjunto, apoiado pelos trabalhadores da administração pública. Os sindicatos pediram para os simpatizantes ficarem em casa, e aos hospitais, aeroportos e portos, para manterem um mínimo de serviços até que sejam restabelecidas as instituições democráticas do país. O apelo dos sindicatos afetou também, embora em menor medida, as empresas privadas, já que alguns empregados decidiram aderir à greve. O SNTGN e o CNT disseram no comunicado que o golpe de Estado é uma ameaça ao funcionamento da administração.
Diante do cenário, a Força Naval portuguesa anunciou o envio de tropas à costa de Guiné-Bissau, despertando temor na população da capital. Com isso, centenas de pessoas decidiram abandonar Bissau com destino à província como forma de fugir de possíveis confrontos armados.

- Vou embora para evitar a situação que já vivemos em 1998, disse à Agência Efe Fatoumata Cissé, que viajava para Dissorang, a 80 quilômetros ao norte de Bissau, onde pretende permanecer até novo aviso.

A jovem estudante lembrou a intervenção de soldados senegaleses após um golpe de estado contra o então presidente, João Bernardo Vieira.

Francisco Gomes Wambar acompanha com apreensão a crise na Guiné-Bissau. Na segunda-feira pela manhã, o estudante que faz mestrado em Ciência Política na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) conversou com os pais, que moram em Canchungu, cerca de 160 quilômetros da capital guineense. Ele demonstrou grande preocupação também com os amigos e primos moradores de Bissau. 

- A situação está péssima. Nenhum familiar ou amigo está preso, mas o silêncio imposto faz todo mundo sofrer - conta ele, que deixou o país em 2003 para fazer Oceanografia na Universidade do Vale do Itajaí (Univali).

O estudante conta que a falta de perspectivas para os jovens é o que faz eles abandonarem o país. Por causa da língua e de acordos internacionais que unem países de Língua Portuguesa, o Brasil é um dos destinos mais procurados. 

- A juventude não tem escola e isso faz com que deixem sua terra, mas a repreensão ao povo continua - conta Wambar.

O estudante diz que o fato dos jovens não poderem se manifestar acirra os ânimos, ainda que o estado de sítio seja vigente. Para ter informações dos amigos e familiares, Wambar tem usado o telefone. Na segunda-feira, apesar das tentativas, o sinal da internet caía.

Na UFSC estudam 20 estudantes da Guiné-Bissau, entre da graduação e pós-graduados. Todos são beneficiados pelo PEC-G, programa do governo federal que permite aos cidadãos de países em desenvolvimento cursarem o ensino superior de forma gratuita no Brasil. A seleção dos alunos é feita pela embaixada brasileira no país do beneficiado e leva em conta o histórico escolar e o currículo do candidato estrangeiro.

Depois de Cabo Verde, a Guiné-Bissau é um dos países com maior número de alunos vindos de países da África. Para ter direito a vaga eles devem ter entre 18 e 25 anos, provar que possuem condições de manter-se no país sem trabalhar e ao terminar a graduação devem voltar imediatamente ao país de origem, onde, só então, o diploma de conclusão do ensino superior será entregue ao aluno. Francisco e os outros acadêmicos passaram por um processo seletivo na embaixada brasileira de Guiné-Bissau. A disputa por uma vaga é muito concorrida e muitos estudantes tentam várias vezes antes de conseguir.

Colaborou Anelize Salvagni

DIÁRIO CATARINENSE

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