GERAL
Capitão Adriano tinha 'certeza' de que queriam matá-lo para 'queimar arquivo'
Morto após confronto com a polícia da Bahia, Adriano Magalhães da Nóbrega, conhecido como capitão Adriano e acusado de chefiar um grupo miliciano, estava convencido de que queriam matá-lo, e não apenas prendê-lo. Nos últimos dias, ele e sua mulher atual relataram a pessoas próximas que tinham certeza de que havia um plano de "queima de arquivo" em curso contra ele.
O ex-capitão do Bope nunca havia falado diretamente com seu advogado, Paulo Emilio Catta Preta, até a quarta-feira passada. Foi quando, preocupado com os últimos movimentos da polícia, ligou para ele e relatou que tinha "certeza" de que queriam matá-lo para "queimar arquivo". A viúva do miliciano também fez o mesmo relato.
"Eu estranhei ele me ligar, porque nunca havíamos conversado. Me disse que estava ligando porque estava muito aflito, que tinha absoluta certeza de que iriam atrás dele não para prender, mas para matar", disse o advogado ao jornal O Estado de S.Paulo.
Catta Preta afirmou que mantinha contato com familiares de Nóbrega. E que, por isso, não havia conversado diretamente com seu cliente até a semana passada. Ele nega que capitão Adriano tivesse uma pistola austríaca calibre 9 milímetros.
De acordo com a polícia da Bahia, o miliciano usou a arma para atirar nos policiais quando foi abordado na manhã de ontem. O advogado disse que tomará todas as "medidas cabíveis" para que a morte de seu cliente seja investigada de forma independente.
Outras pessoas próximas a Nóbrega, que preferem não se identificar, também relataram ao Estado o temor que o miliciano vinha demonstrando nos últimos dias de que poderia ser morto pela polícia.
A operação que causou a morte de capitão Adriano envolveu equipes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da Bahia, da Companhia Independente de Policiamento Especializado (Cipe) Litoral Norte e da Superintendência de Inteligência (SI) da Secretaria da Segurança Pública.
Foragido
Capitão Adriano era considerado foragido desde janeiro de 2019, quando a Justiça expediu 12 mandados de prisão como parte da Operação Intocáveis, que investigou um esquema de grilagem na zona oeste do Rio. Dos 12, apenas Nóbrega e Ronald Paulo Alves Pereira, foram identificados como integrantes do Escritório do Crime.
O grupo é acusado de assassinar pessoas que "atrapalham" seus interesses. Os dois prestaram depoimento como testemunhas na investigação do assassinato de Marielle Franco. A grilagem de terras na zona oeste, principal atividade dos milicianos, é apontada como pano de fundo para o assassinato.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.