Educação

EXCLUSIVO – Haitianos aprendem português de graça na Anhanguera Jaraguá

O projeto teve início no segundo semestre do ano passado, onde cerca de 80 haitianos já foram atendidos

28 Jun 2019 - 17h51Por Camila Silveira Rosa

Todos os dias nós passamos pelo processo de desterritorialização, ou seja, um processo de ruptura que ocorre quando abandonamos uma situação. Um exemplo clássico disso, são as imigrações, onde as pessoas abandonam seus países, suas famílias e seus costumes para tentar a vida em outro país, sem ao menos conhecer o idioma do local. 

Em Jaraguá do Sul, por exemplo, esse exemplo pode ser visto com os haitianos, que de acordo secretária de assistência social do CRAS, Maria Santin Camello, estima-se que passa de 600 pessoas. 

Ernest Louis foi um dos alunos atendido pelo projeto de potuguês da Anhanguera Jaraguá - Foto: Camila Silveira Rosa

Entre esses imigrantes, está Ernest Louis, formado em administração turística. Ele chegou ao Brasil no final de 2012, e se instalou em Manaus, Amazônia, motivado pela Copa do Mundo de 2014 que foi sediada no país. 

O primeiro emprego, foi como cobrador urbano e o que o ajudou foi o espanhol. A cidade de Jaraguá do Sul apareceu em sua vida através do irmão, em 2015.

Agora que a família está com ele, a saudade é do golfe que jogava no país de origem, das aulas que ministrava sobre o esporte e dos amigos. 

Ernest comenta que pelo fato de o Brasil ter uma Lei sobre Crime Racial (artigo 20 da Lei 7716/89), o preconceito que sofreu e sofre aqui não é direto. Ele encara isso com tranquilidade, pois tem Deus no coração. 

Entre as dificuldades que encontra no Brasil, destaca-se o idioma e a questão financeira. Ernest fala cinco idiomas – criolo (que é a língua oficial do Haiti), inglês, espanhol, francês e agora o português. 

Projeto de português 

Se conhecendo o idioma já é difícil encontrar emprego, em outro país onde não se conhece nada, é mais difícil ainda. Foi pensando em ajudar os haitianos que estão em Jaraguá do Sul, que a Anhanguera Jaraguá resolveu adotar um projeto que iniciou a partir de um estágio. A ideia surgiu após a observação de Maria Terezinha Rosa Bertoldi no Centro de Assistência Social (CRAS). 

O projeto teve início no segundo semestre do ano passado, onde cerca de 80 haitianos já foram atendidos. Para a diretora da faculdade Anhanguera, Karin Siqueira Ramos, o projeto do curso de português para haitianos, tornou-se curso de extensão comunitária da faculdade, cujo objetivo é dar uma vida mais digna a esses imigrantes ensinando o português. 

Professora Solange Silveira Rosa ao lado da diretora da faculdade Karin Ramos - Foto: Camila Silveira Rosa

Hoje, já são duas turmas, ou seja, aproximadamente 150 haitianos, sendo uma turma no modulo 1 e outra no módulo 2. De acordo com Karin, o objetivo da Anhanguera é transformar por meio da educação.

Como acontecem as aulas 

As aulas acontecem nas sextas-feiras e são voluntárias, ou seja, os haitianos não pagam nada para aprender e os professores e os alunos da faculdade, ajudam nas aulas de graça. Além disso, a Italy Turismo, sede o transporte para levar os estrangeiros até a faculdade. 

Uma das professoras do projeto, é a coordenadora de pós-graduação e extensão, Solange Silveira Rosa. Ela ministra aulas para a turma iniciante – módulo 1. 

Segundo ela, as aulas são mais lúdicas, buscando inserir os alunos na realidade do mercado de trabalho. 

A professora comenta que não há um cronograma como se faz com as turmas de graduação, por exemplo. Cada aula é diferente. Na aula que nós acompanhamos, os haitianos aprenderam sobre o troco de mercado a partir de uma dinâmica. Ela se emociona e aprende a cada aula. Para ela uma aula emocionante foi a de sexta-feira. 

A aula de sexta-feira onde os alunos foram ao "mercado" - Foto: Camila Silveira Rosa

Para Solange, o impacto social é muito grande, pois as pessoas começam a enxergar os haitianos dentro da sociedade. 

Ernest hoje é um dos “líderes” que traz os haitianos para o projeto. Ele comenta que o português o ajuda no social. 

Ele comenta que a Anhanguera faz parte da sua vida, assim como a sua família e é uma história bonita de ser contata. 

As aulas envolvem também os alunos da Anhanguera. Thalissa Eduarda Cardoso Konart, é aluna de enfermagem e é voluntária na aula da professora Solange. Ela comenta que as aulas são bem diferentes e divertidas e diz como esse contato com os haitianos irá ajudar em sua profissão. 


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