ECONOMIA
Saem descolados, entra fazendeiro
O presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, reafirmou que não gostou do filme publicitário retirado do ar porque não contemplava a juventude brasileira como um todo. O filme tinha minorias, como gays e negros, em seu elenco. "O presidente (Jair Bolsonaro) viu primeiro e me ligou. Foi um erro. Eu deveria ter visto primeiro. Assisti ao filme publicitário e não gostei. Estranhei. Nosso objetivo é atingir toda a juventude, que não estava no filme, o jovem fazendeiro, o esportista, o nerd", afirmou.
De acordo com Novaes, o filme, que culminou na saída do diretor de marketing do BB, Delano Valentim, era muito concentrado na juventude descolada. Segundo ele, a decisão de retirar a campanha do ar foi do banco. "Vamos ver como atingir a juventude de maneira mais adequada", disse.
Novaes admitiu que a suspensão do filme criou "certo ruído". Segundo ele, contudo, às vezes é preciso "enfrentar alguns ruídos" para fazer mudanças. "Não nos arrependemos de tirar filme do ar", disse. "Vamos incorporar jovens no novo filme."
Novaes afirmou ainda que o BB segue com a diretriz de rejuvenescer os clientes. Pessoas com menos de 20 anos representam apenas 3% da base do banco. A maior parte dos clientes - mais de 40% - têm acima de 40 anos. O BB ainda não selecionou o novo diretor de marketing.
Ainda segundo Novaes, não há pressão ou interferência do governo sobre o cancelamento do filme nem com relação à fala de Bolsonaro quanto aos juros no crédito rural. O mandato que recebeu do governo, disse ele, foi o de trazer o melhor retorno possível ao acionista. "Não tenho sofrido interferência para sair desse rumo", afirmou. Para ele, o banco tem liberdade de definir juros e a fala de Bolsonaro quanto às taxas do crédito rural não passou de "brincadeira".
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.