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ECONOMIA

Quadro interno limita queda do Ibovespa, apesar de externo ruim

29 Mai 2019 - 12h08Por Maria Regina Silva

O mau humor que atinge os mercados internacionais também contamina a Bolsa brasileira, mas de forma menos expressiva. O temor de um desaquecimento da economia mundial mais intenso que o imaginado é o pano de fundo desse desempenho desfavorável no exterior, onde as bolsas europeias cedem acima de 1,00% e as de Nova York caem perto dessa marca.

Às 10h58, o Ibovespa caía 0,45%, aos 95.965,29 pontos, diante de sinais promissores da reforma previdenciária.

O pessimismo toma conta dos mercados acionários lá fora, refletindo a cautela dos investidores quanto à possibilidade de um crescimento econômico global aquém do esperado e às incertezas em relação à guerra comercial entre Estados Unidos e China, observa em nota o Bradesco.

Conforme o banco, a intenção de Pequim de restringir as vendas de metais de terras raras, substâncias químicas usadas na indústria, como uma arma no conflito comercial entre as duas potências colocou um elemento adicional nas tensões com os EUA.

Investidores estão atentos ao risco de inversão na curva dos retornos dos títulos dos Estados Unidos, vista como possível prenúncio de recessão à frente. A companhia chinesa Huawei ainda entrou com pedido na Justiça americana para que a lei de segurança dos EUA seja considerada inconstitucional, em mais um capítulo da disputa comercial entre as duas potências. Esse temor tende a elevar as estimativas de aumento do juro nos EUA ainda este ano.

A possibilidade de desaceleração econômica mais forte que o imaginado atinge os preços de várias commodities, minério, cobre e petróleo. Consequentemente, as ações de empresas ligadas a matérias-primas caem na B3.

Porém, as perdas do Ibovespa são limitadas. Operadores ponderam que as aprovações de algumas medidas no Brasil ontem sugerem que a pauta reformista voltou a mostrar evolução, em especial a da Previdência.

Na terça-feira, os Três Poderes fizeram um pacto com o intuito de avançar as reformas, bem como o crescimento econômico. Nesse contexto, aprovaram a MP 870, que trata da reforma administrativa, e a transferência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) do Ministério da Justiça para o da Economia.

"O Ibovespa tem condições de andar um pouco. O pacto precisa ser avalizado pelos líderes dos partidos para ter algum efeito sustentável, mas é um bom sinal", diz a fonte. Ontem, o índice à vista da Bolsa subiu 1,61%, aos 96.392,76 pontos.

O especialista em renda variável ainda cita que é preciso cautela em relação a esse acordo para ver se de fato será mantido. Um dia após receber os chefes da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal (STF) para um café da manhã em que se discutiu um pacto entre os poderes, o presidente Jair Bolsonaro mandou um recado a Rodrigo Maia (presidente da Câmara), dizendo que, 'com a caneta, eu tenho mais poder do que você'. "Por isso que é importante ver se esse entendimento será mesmo para valer", diz o operador.

Além da perspectiva de influência positiva do noticiário político sobre os negócios, as notícias corporativas também tendem a contribuir para possíveis ganhos na B3, caso dos papéis de companhias ligadas ao consumo.

O SBF, dono da Centauro, elevou o valor para adquirir a Netshoes, que também é disputada pela brasileira Magazine Luiza, cujos papéis subiram cerca de 6,00% ontem (ante 1,87% esta manhã).

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