ECONOMIA
Juros fecham em queda, com exterior, Previdência e caminhoneiros no radar
O estresse com a reforma da Previdência nos últimos dias que adicionou prêmios à curva de juros atraiu doadores ao mercado nesta quinta-feira, 18, e, mesmo sendo véspera de feriado prolongado, teve bom giro de contratos. O clima externo ajudou e as taxas estiveram em queda desde a manhã, absorvido o adiamento da votação do parecer sobre a reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para a semana que vem. O reajuste anunciado pela Petrobras para o diesel em R$ 0,10 por litro foi bem recebido, assim como a entrevista do ministro da Economia, Paulo Guedes, quarta à noite. Por outro lado, a possibilidade de nova greve dos caminhoneiros nos próximos dias esteve no radar.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020 fechou a sessão regular em 6,495%, de 6,541% na quarta no ajuste, e a do DI para janeiro de 2021 recuou de 7,122% para 7,03%. A taxa do DI para janeiro de 2023 fechou em 8,21%, de 8,312% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 8,842% para 8,77%. Apesar da frustração com a postergação da votação da reforma na CCJ, as taxas fecharam a semana em níveis mais baixos em relação aos da sexta-feira passada.
O mercado esteve sujeito a aspectos mais técnicos, além da percepção de que a atividade ruim pode resultar em queda da Selic ainda em 2019. "A posição técnica mais 'light' do mercado no pré ajudou, além do cheiro de que a atividade está mesmo muito fraca", disse o gestor de renda fixa da Absolute Investimentos, Mauricio Patini. No exterior, a quinta-feira foi de queda no rendimento dos títulos das principais economias, como dos Treasuries norte-americanos e dos bunds alemães.
As mínimas do DI foram atingidas na última hora da sessão regular, atribuídas à informação de que o presidente Jair Bolsonaro estaria disposto a negociar ministérios com partidos que fecharem questão a favor da reforma da Previdência, trazida pela coluna Radar, no site da revista Veja.
Outro assunto que repercutiu nas mesas foi o reajuste no preço do diesel, que o mercado viu como uma vitória da equipe econômica, mesmo com o aumento da possibilidade de greve dos caminhoneiros nos próximos dias. "O movimento parece que está dividido e isso alivia um pouco as preocupações", disse um gestor. O líder do Comando Nacional do Transporte (CNT), Ivar Schmidt, acredita que é cedo para uma paralisação, "mas se tiver mais dois reajustes já seria motivo para uma nova greve". Já o representante dos caminhoneiros Wanderlei Alves, conhecido como Dedéco, disse que a categoria iniciará uma paralisação a partir da meia-noite do dia 29 de abril.
A solução pode passar pela seara tributária. O ministro da Economia, Paulo Guedes, pediu à sua equipe que estude "possibilidades de mudanças na tributação dos combustíveis". O ministro considera que, como o peso dos impostos representa 46% no valor do diesel, a saída precisa passar pelo campo tributário.

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