ECONOMIA
Dólar tem segunda queda seguida e recua para R$ 3,93
O dólar teve nesta sexta-feira, 26, o segundo dia de queda e fechou em baixa de 0,60%, a R$ 3,9315. Depois de ultrapassar os R$ 4,00 na quinta pela manhã, operadores ressaltam que o enfraquecimento da moeda americana no exterior, possíveis captações externas de empresas brasileiras (Marfrig e Ultrapar) e declarações do Banco Central de que tem "bastante espaço para atuar" no mercado de câmbio levaram os investidores a desmontarem posições mais defensivas. As mesas de operação seguem ainda monitorando os passos da reforma da Previdência, mas o dia foi de noticiário político mais esvaziado.
Profissionais de câmbio destacam que o mercado gostou do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, mostrando esta semana maior disposição em tocar a reforma da Previdência. "Ele mostrou força de vontade maior que a do governo", destaca o chefe da mesa de operações e sócio da Frente Corretora, Fabrizio Velloni. Para ele, a tumultuada tramitação do texto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara mostrou um governo perdido e sem articulação, aumentando as dúvidas sobre os rumos das medidas no Congresso.
Em meio ao aumento das dúvidas sobre a Previdência, Velloni destaca que o mercado começou a testar o novo comando do BC, pressionando as cotações do dólar para cima. Na quinta, o diretor de Política Monetária da instituição, Bruno Serra, disse em palestra em São Paulo que a autoridade monetária intervém no mercado de câmbio "caso identifique alguma anomalia em seu regular funcionamento" e que os instrumentos que possui, além das reservas elevadas, "nos dão bastante espaço para atuar". Por enquanto, os indicadores no mercado futuro de câmbio mostram que não há pressão maior na liquidez e as declarações seguiram ecoando nas mesas.
Mesmo com a passagem tumultuada da reforma na CCJ e com os recentes ruídos políticos, o JPMorgan está com recomendação "overweight" (desempenho acima da média do mercado) para o câmbio, bolsa e títulos. "A preocupação no momento é o tamanho do impacto fiscal e o timing da aprovação do Congresso", destaca relatório do banco. A expectativa do JP é de aprovação mais para o final de 2019 e que Jair Bolsonaro consiga com as medidas economia fiscal de R$ 700 bilhões em 10 anos. O banco prevê que o dólar deve cair a R$ 3,80 no final deste semestre, permanecer neste patamar no término do terceiro trimestre e terminar o ano em R$ 3,90.
No exterior, mesmo com dados melhores que o esperado no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos no primeiro trimestre, o índice de preços dos gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) veio fraco, ajudando a aumentar as apostas no mercado futuro de Chicago de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) pode cortar juros.