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ECONOMIA

Dólar sobe para R$ 3,95 e fecha no nível mais alto desde 1º de outubro

27 Mar 2019 - 19h05Por Altamiro Silva Junior

O mercado de câmbio teve uma sessão marcada por nervosismo e o dólar fechou nesta quarta-feira, 27, no patamar mais alto desde 1º de outubro de 2018, quando terminou em R$ 4,0299 por conta das incertezas sobre quem disputaria nas eleições o segundo turno com Jair Bolsonaro. O ambiente externo negativo contribuiu para pressionar a moeda americana ao longo do dia, mas foram fatores domésticos que acabaram tendo peso relevante. Com isso, o real foi a segunda moeda que mais perdeu valor ante o dólar hoje, atrás apenas do peso argentino, considerando uma lista de 33 moedas.

Nas mesas de operação, aumentou a sensação de que a tramitação da reforma da Previdência será mais difícil do que o esperado após o governo sofrer derrota na noite de terça-feira com a rápida aprovação na Câmara da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que torna obrigatória a execução do Orçamento aprovada pelo Congresso, retirando margem de manobra do Planalto. O Senado pode votar a PEC ainda nesta quarta-feira. No final do dia, o dólar à vista terminou em alta de 2,24%, cotado em R$ 3,9543.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, fez no Senado defesa veemente da reforma da Previdência na tarde desta quarta, mas reconheceu que a votação da PEC na Câmara "deu demonstração de poder de uma casa legislativa". No mesmo horário, em entrevista à TV Band, o presidente Jair Bolsonaro também defendeu a reforma, mas criticou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), falando que o parlamentar foi "infeliz" ao criticar o ministro Sergio Moro. Bolsonaro prometeu encontrar Maia quando voltar da viagem que fará a Israel.

O gestor da Rosenberg Asset, Eric Hatisuka, avalia que uma das chances é o texto da Previdência ser ainda mais desidratado. Para ele, o governo precisa tomar um "choque de realidade" após os últimos eventos e tentar recomeçar. A sensação no mercado financeiro é que Bolsonaro quer tratar apenas de questões de Estado e não da articulação com o Congresso, necessária no regime do presidencialismo de coalizão. "O mercado não esperava que Bolsonaro tivesse problema tão grande de articulação com o Congresso, sobretudo quando se considera que ele foi deputado por quase 30 anos", afirma.

Para o dólar, Hatisuka acha difícil a moeda voltar para níveis de R$ 3,60 ou R$ 3,70 nas próximas semanas. Mesmo se o governo conseguir avanços importantes na articulação e no diálogo com o Congresso, o ambiente externo está bem mais desafiador, com fortalecimento do dólar no exterior em meio ao aumento da percepção de fraqueza da economia mundial e da visão de que as ações dos bancos centrais dos países desenvolvidos não estão sendo suficientes. "A sensação é que os BCs estão atrasados para o tamanho da desaceleração que está vindo." A consequência imediata é o investidor buscar proteção e rentabilidade no dólar, sobretudo quando se considera que os Estados Unidos são hoje uma das poucas economias desenvolvidos importantes com juro positivo.

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