ECONOMIA
Dólar sobe a R$ 3,90 com dúvidas sobre reforma da Previdência e exterior
O dólar voltou a superar os R$ 3,90 nesta terça-feira, 16, pressionado pela valorização da moeda americana no exterior - perante moedas fortes, como o euro e a libra, e ante divisas pares do real, como o peso mexicano, o colombiano e o argentino - e pelas dificuldades da tramitação da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Em mais um dia de discussões entre os deputados, nada ainda foi decidido e cresce a chance de a votação da admissibilidade ficar mesmo para depois do feriado de Páscoa. O dólar à vista terminou o dia em alta de 0,88%, a R$ 3,9023, o maior nível desde 29 de março.
A líder do governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), tentou na tarde desta terça-feira acelerar os discursos dos deputados na CCJ para tentar votar a admissibilidade na quarta-feira, mas sem sucesso. Já o deputado tucano Carlos Sampaio (PSDB-SP) criticou esta tarde a falta de articulação do governo. "É zero", disse ele.
Para o gerente de operações da B&T Corretora, Marcos Trabbold, o dólar está atrelado ao que anda acontecendo na CCJ e, enquanto não se clarear a questão de como vai ficar a votação da Previdência, a moeda vai operar pressionada. Inicialmente, a avaliação era de que a tramitação da Previdência na CCJ seria a etapa mais fácil na tramitação, mas a prática está mostrando que está sendo difícil.
Em meio ao impasse sobre os rumos da Previdência na CCJ, dois bancos norte-americanos, o Bank of America Merrill Lynch e o Citi, divulgaram pesquisas mostrando que os investidores ficaram mais pessimistas com as perspectivas da reforma. O Citi ouviu clientes e constatou uma redução no porcentual dos que esperam que o governo consiga economia fiscal superior a R$ 750 bilhões com a reforma em 10 anos, de 31% em março para 8% em abril. Ao mesmo tempo, subiu o número dos que esperam uma economia abaixo de R$ 500 bilhões, de 9% para 28% em abril. Apesar desse maior ceticismo, o Citi mantém a visão de que a reforma deve ser aprovada na Câmara no terceiro trimestre e no Senado no quarto período de 2019, com economia de R$ 500 bilhões.
Já a pesquisa do Bank of America mostra que os investidores estão prevendo dólar mais valorizado aqui, em meio ao aumento da incerteza sobre a Previdência: 40% dos ouvidos este mês na pesquisa com gestores veem o dólar entre R$ 3,60 a R$ 3,80 no final do ano, ante 46% em março. No mês anterior, 35% dos gestores viam o dólar com chance de terminar o ano abaixo de R$ 3,60, porcentual que caiu para 15% este mês. O levantamento mostra ainda que agora mais investidores (de 18% em março para 43% este mês) acreditam que a economia fiscal ficará em R$ 500 bilhões do que em R$ 700 bilhões (que caiu de 60% para 41%).