ECONOMIA

Boxe antecipado do BC sobre o REB mostra estabilidade no crédito reestruturado

21 Mai 2019 - 19h08Por Eduardo Rodrigues

O Banco Central (BC) antecipou nesta terça-feira, 21, do seu Relatório de Economia Bancária (REB) de 2018, a ser divulgado no dia 28, um boxe que analisa a reestruturação de dívidas no País e o perfil do endividamento do cidadão. Considerando período entre dezembro de 2016 e dezembro de 2018, o estudo mostra que há uma relativa estabilidade na proporção do saldo das carteiras reestruturadas em relação ao estoque total de crédito do mercado para pessoas físicas. No fim do ano passado, o saldo dessas operações reestruturadas era de R$ 2,9 bilhões, o equivalente a cerca de 0,15% do saldo da carteira ativa total do Sistema Financeiro Nacional (SFN).

Da mesma forma, a proporção de tomadores de crédito reestruturado - normalmente clientes com severas dificuldades financeiras, já com o atraso de parcelas - se manteve em torno de 0,3% do total de tomadores no período. Isso significa 252 mil novas reestruturações a cada mês.

O boxe do relatório mostra ainda que a maior parte do tomadores que precisam reestruturar seus contratos possui dívidas inferiores a R$ 3 mil. Das 278 mil pessoas que reestruturam seus empréstimos em dezembro do ano passado, 178 mil deviam valores menores que esse montante. De acordo com o estudo, esses 65% de tomadores responderam por apenas 8% do saldo reestruturado no último mês de 2018.

Já as dívidas maiores, superiores a R$ 50 mil, responderam por 63% do saldo da carteira reestruturada, embora se concentrassem em menos de 5% dos tomadores em dezembro. De acordo com o BC, esses porcentuais também se mostraram estáveis, na média, nos dois anos analisados pelo estudo.

Dentre os clientes que chegaram ao ponto da reestruturação de dívidas de crédito em dezembro, 70% tinham renda mensal inferior a três salários mínimos. O saldo reestruturado por essas pessoas somou R$ 1,2 bilhão, ou 43% do valor das operações reestruturadas naquele mês. Já os tomadores de alta renda, acima de dez salários mínimos, reestruturaram R$ 660 milhões em dívidas em dezembro, ou 23% dessa carteira.

Embora menor em quantidade de tomadores - cerca de 15 mil -, quase metade do valor reestruturado em dezembro do ano passado se referia a dívidas do crédito imobiliário. O montante naquele mês chegou a R$ 1,3 bilhão, ou 46% da carteira reestruturada. Isso porque 69% das operações reestruturadas com valor acima de R$ 50 mil estão no crédito para imóveis.

Já a modalidade com o maior número de operações reestruturadas é o cartão de crédito. Em dezembro de 2018, o segmento respondeu por 27% do total de reestruturações no mês, embora o valor tenha representado apenas 6% do saldo reestruturado.

O boxe analisa ainda a efetividade dessas reestruturações e mostra que 48% do saldo reestruturado no fim de 2017 (por 45% dos tomadores) estava pago ou em dia 12 meses depois, em dezembro do ano passado. Do restante do saldo, 23% estavam com atraso inferior a 90 dias, 15% estavam inadimplentes e 18% já haviam sido lançados pelos bancos como prejuízo. Esses porcentuais também se mantiveram estáveis ao longo do período analisado pelo estudo.

Os dados revelam ainda que a efetividade da reestruturação de crédito após 12 meses é maior nos empréstimos imobiliários, com 83% da carteira reestruturada paga, adimplente ou com atraso inferior a 90 dias. "Esse comportamento pode estar relacionado com o fato de o crédito imobiliário ser de alto volume e envolver uma boa garantia, levando a um maior interesse tanto por parte do tomador quanto da instituição concedente em mantê-lo adimplente", explica o documento.

Já no caso do cartão de crédito, esse resultado cai para 55% do saldo reestruturado. "A permanência dos tomadores na modalidade cartão de crédito é preocupante dado seu alto custo, que tende a levar ao aumento da inadimplência. Essa análise é compatível com a participação do cartão de crédito na carteira inadimplente", destaca o estudo.

"Reforça-se assim a importância de ações de cidadania financeira, alertando para a adequada utilização dessa modalidade de crédito ou sua substituição por outras mais convenientes e menos custosas", conclui o BC.

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