ECONOMIA

BC autônomo seria melhor preparado para avanços do País, diz Campos Neto

13 Mar 2019 - 17h49Por Eduardo Rodrigues e Fabrício de Castro

O novo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, avaliou nesta quarta-feira, 13, que um BC autônomo estaria mais bem preparado para consolidar os ganhos recentes e abrir espaço para novos avanços para o País.
"Precisamos agora avançar em outras dimensões, fundamentais para o desenvolvimento pleno do mercado financeiro brasileiro e, em colaboração com outros órgãos de governo, dar um foco especial no mercado de capitais", afirmou, em discurso de posse no BC, quando foi feita a transmissão do cargo.

Ele voltou a citar quatro pilares para fomentar o mercado de capitais: inclusão, precificação, transparência e educação financeira.

Segundo ele, a democratização do mercado de capitais amplia a capacidade do mercado financeiro de prover recursos para o setor produtivo em condições justas, melhorando a alocação dos mesmos.

Entre as distorções atuais do mercado, Campos Neto apontou os programas de empréstimos a juros subsidiados, principalmente por meio do BNDES. Ele afirmou que as empresas com acesso a esses recursos não aumentaram seus investimentos.

"Além disso, os pagamentos antecipados por parte das empresas de empréstimos de longo prazo obtidos junto ao BNDES ressaltam a natureza de tesouraria de parte dessas operações, que deixaram de ser atrativas com a redução do diferencial entre a TJLP e a Selic", detalhou.

Para ele, a intermediação financeira no Brasil tem de se libertar das amarras que a prendem ao governo. "O mercado precisa se libertar da necessidade de financiar o governo e se voltar para o financiamento ao empreendedorismo. Por todas essas razões, é necessário avançar nas mudanças que permitam o desenvolvimento de nosso mercado de capitais, garantindo o acesso a tomadores e investidores, brasileiros e estrangeiros, famílias e empresas, grandes e especialmente pequenos", completou.

Trabalho incansável

Campos Neto prometeu manter o trabalho incansável na busca do cumprimento da missão do órgão, que é assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda e um sistema financeiro sólido e eficiente. "A experiência brasileira evidencia claramente como são elevados os custos de uma política econômica que não se compromete com a estabilidade da moeda. Vivemos esse tipo de situação antes do Plano Real e também mais recentemente, com resultados negativos", afirmou.

Segundo ele, a estabilidade monetária é um patrimônio de toda a sociedade e tem ajudado a criar as condições necessárias para o crescimento econômico sustentado. Campo Neto criticou escolhas de política econômica dos governos anteriores a 2016 que, segundo ele, causaram um grande revés ao País.

"Excessos de intervenção desorganizaram a economia, reduzindo a confiança dos agentes econômicos e distorcendo a alocação de capital e de mão-de-obra. Essas distorções sufocaram o crescimento, a produtividade e o emprego, levando a um aumento da inflação e a uma recessão profunda, com grave piora das contas públicas", avaliou.

O presidente do BC citou reformas adotadas pelo governo Michel Temer, como a criação do teto dos gastos, a reforma trabalhista e a criação da Taxa de Longo Prazo (TLP).

Campos Neto destacou que o câmbio flutuante é um importante pilar na gestão das crises que o País tem enfrentado, servindo como primeira linha de defesa da economia. "Isso não impede, no entanto, intervenções para evitar disfuncionalidades nos mercados. Nesse aspecto, as reservas internacionais funcionam como uma garantia, um seguro", afirmou.

Mais uma vez, ele destacou que a administração das reservas teve custo zero nos últimos dez anos, já que os custos de carregamento foram compensados pelos resultados da variação cambial. "Qualquer decisão econômica deve sempre considerar custos e benefícios, e isto também se aplica à gestão de reservas", repetiu, como já havia dito em sabatina no Senado.

Além citar as medidas tomadas recentemente pela autoridade monetária no âmbito da Agenda BC+, ele ainda agradeceu o que chamou de excelente trabalho do seu antecessor, Ilan Goldfajn, à frente do órgão. "Espero que, com a colaboração do excelente corpo funcional do BC, eu consiga me colocar à altura dos desafios que o país precisa enfrentar", completou.

Desenho

O novo presidente do Banco Central voltou a dizer que tem se dedicado ao desenho de um "sistema financeiro do futuro", com destaque para a evolução tecnológica nesse cenário. "Nunca me esquecendo das missões de promover a estabilidade de preços e a solidez do sistema financeiro, a preparação do Banco Central para esse futuro tecnológico e inclusivo será um dos focos principais da minha gestão", afirmou.

Segundo ele, os objetivos são simplificar e desburocratizar o acesso aos mercados financeiros para todos e dar um tratamento homogêneo ao capital, independente de sua nacionalidade ou se provém de um grande ou de um pequeno investidor. "Ainda no espírito de construir uma economia de livre mercado, o governo está trabalhando para promover uma melhora substancial na posição ocupada pelo Brasil no ranking do Doing Business, computado pelo Banco Mundial", acrescentou.

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