ECONOMIA

Alimentos fazem Fipe elevar projeção de inflação para a cidade de São Paulo

07 Mar 2019 - 14h31Por Thaís Barcellos

A Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) elevou a projeção de 2019 para o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que mede a inflação na cidade de São Paulo, de 3,58% para 3,98%, depois da divulgação do indicador em fevereiro, que subiu 0,54%. Em janeiro, a alta foi de 0,58%, sendo de 0,53% na terceira quadrissemana.

O coordenador do índice, Guilherme Moreira, explica que a revisão responde, principalmente, ao forte aumento dos alimentos no início do ano, por causa de problemas de oferta. Moreira destaca que só o feijão já subiu 79,47% no ano, em função da quebra de safra.

Outros itens, como batata, beterraba, cenoura, pimentão e quiabo encareceram devido às fortes chuvas do período, que prejudicaram as lavouras, completa o coordenador do índice. Em virtude deste início de ano "complicado", a Fipe então elevou a projeção de Alimentação para o ano de 5,07% para 6,22%.

Mas Moreira pondera que a estimativa mais elevada para os alimentos não altera o cenário comportado de inflação neste ano. Ele ressalta que o forte aumento desses produtos é resultado de um problema de oferta pontual que, apesar de afetar o IPC do ano, deve ser parcialmente devolvido ao longo de 2019.

"A alta dos alimentos é por conta do clima. A inflação está comportada e não vemos nenhuma fonte de pressão esse ano", diz Moreira.

Ele completa que o principal problema este ano é a atividade econômica fraca e que, portanto, mesmo que haja aumento das incertezas em torno da aprovação das reformas, o impacto que poderia ser sentido de desvalorização do câmbio deve ter repasse limitado para inflação. Por outro lado, o aumento das incertezas pode enfraquecer ainda mais a atividade econômica, finaliza.

Março

O IPC da Fipe deve arrefecer a alta de 0,54% em fevereiro para 0,36% em março, segundo o coordenador da pesquisa. Moreira explica que o índice deste mês não deve contar mais com as pressões do IPTU e do reajuste da passagem de ônibus, mas pondera que os alimentos devem seguir como pressão.

Em fevereiro, o feijão, que está com a oferta restrita devido à quebra da primeira safra do ano, subiu 54,98% (de 43,27% na leitura anterior e de 15,80% em janeiro) e teve a segunda maior alta desde o Plano Real, só perdendo para maio de 1998 (62,72%). O aumento correspondeu por 0,22 ponto porcentual (40%) da variação de 0,54% do IPC-Fipe. Na ponta, o grão aponta elevação de 0,54%, iniciando uma desaceleração da alta, mas em patamar bastante elevado.

"É impressionante como o feijão tem subido. Teve um comportamento fora do padrão e praticamente não tem substituto na mesa do brasileiro", diz Moreira, que completa que a leguminosa já subiu 79,47% no ano.

Junto com a batata (25,66% para 24,91%), que já começou a desacelerar, mas ainda em patamar elevado, o feijão somou mais de 50% (52%) de contribuição no IPC de fevereiro. Na ponta, o tubérculo indica alta de 1,10%. "Deve arrefecer mais, mas ainda deve continuar subindo."

Moreira ainda cita que outros legumes, como cenoura, pimentão, beterraba e quiabo, devem seguir mostrando fortes variações no IPC de março, conforme as variações na ponta próximas a 20%.

Para Alimentação, a Fipe projeta alta de 1,15%, depois de 1,64% em fevereiro. Em janeiro, o grupo teve aumento de 1,13%.

Outro destaque de alta no IPC de fevereiro foi o IPTU, que subiu 7,71%, de 5,73% na terceira leitura do mês e de variação zero em janeiro. O coordenador do indicador lembra que a variação efetiva do imposto foi bem mais elevada do que o reajuste divulgado pelo governo, de 3,5%. Depois de feijão e batata, o IPTU foi o que mais contribuiu positivamente para o IPC de fevereiro, com 0,05 ponto porcentual.

Empatado com o IPTU em termos de contribuição, apareceu o ônibus, que, em função do reajuste da tarifa anunciado em janeiro continuou a impactar o IPC, mesmo que com taxa menor (3,54% na terceira quadrissemana para 1,73% na última leitura). Em janeiro, a alta fora de 5,52%.

Em março, porém, o fim do efeito de aumento tanto do IPTU quanto da passagem vai contribuir com o arrefecimento do indicador, ressalta Moreira. Por outro lado, o coordenador do índice cita o impacto de combustíveis em Transportes, que devem sair do terreno negativo.

Etanol e gasolina reduziram a queda no fim de fevereiro. O biocombustível passou de recuo de 2,76% para declínio de 1,59%. Já o derivado do petróleo cedeu 1,95%, de -2,55%. Na ponta, o etanol já aponta elevação de 3,09%, enquanto a gasolina indica queda menor, de 0,33%.

Para Transportes, a projeção da Fipe para março é de avanço de 0,53%, depois de alta de 0,22% em fevereiro, já, para Habitação é de aumento de 0,12% neste mês, depois de 0,41% em fevereiro. Em janeiro, os grupos tiveram alta de 1,16% e 0,11%, respectivamente.

Matérias Relacionadas

Economia

WEG irá interromper produção de turbinas eólicas em Jaraguá do Sul, diz jornal

Em entrevista ao jornal "Valor Econômico", diretor superintendente da WEG Energia alega sobreoferta no mercado de energia
WEG irá interromper produção de turbinas eólicas em Jaraguá do Sul, diz jornal
Geral

BC comunica vazamento de dados de 87 mil chaves Pix

Foram expostas informações cadastrais da Sumup Sociedade de Crédito
BC comunica vazamento de dados de 87 mil chaves Pix
Economia

BC comunica vazamento de dados cadastrais de 46 mil chaves Pix

Dados protegidos por sigilo, como saldos e senhas, não foram afetados
BC comunica vazamento de dados cadastrais de 46 mil chaves Pix
Economia

Indústria puxa geração de novas vagas de trabalho em SC em janeiro

Dos 26,2 mil novos empregos criados no estado, indústria foi responsável por 14,26 mil postos no primeiro mês do ano, segundo dados do CAGED. Saldo de vagas no Brasil no período atingiu 180,4 mil empregos.
Indústria puxa geração de novas vagas de trabalho em SC em janeiro
Ver mais de Economia