Futebol
João Havelange morre aos 100 anos no Rio de Janeiro de infecção pulmonar
Em julho deste ano, ele havia sido internado em virtude de uma pneumonia, mas teve alta. Com a saúde debilitada, Havelange foi novamente levado ao hospital semanas depois.
Filho de um comerciante de armas belga, Jean-Marie Goedefroid de Havelange foi um dos cartolas mais influentes da história do esporte. Presidente da Fifa durante 24 anos (1974 a 1998), ele conviveu com diversas denúncias de corrupção em sua gestão e é apontado como um dos responsáveis pela popularização do futebol em lugares como a África e a Ásia.
Antes de se tornar dirigente, Havelange construiu uma história de sucesso como atleta. Pelo Fluminense, seu clube de coração, disputou diversos esportes e destacou-se primeiro na natação. Ele chegou a disputar os Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936, nas piscinas.
Em 1952, em Helsinque, ele voltaria às Olimpíadas com a seleção brasileira de pólo aquático, tornando-se um dos poucos atletas a disputar edições antes e depois da Segunda Guerra Mundial. Mais tarde, começou a envolver-se com o lado político da natação e ascendeu até a presidência da CBD (Confederação Brasileira de Desportos) em 1956.
A entidade, que na época agregava mais de 20 esportes, serviu como um trampolim para o dirigente, que conseguiu tornar-se presidente da Fifa em 1974. Foi sob a gestão de Havelange que a Copa do Mundo atraiu o interesse de grandes patrocinadores e passou a render mais financeiramente.
Ao mesmo tempo, o crescimento da Fifa também criava suspeitas de que Havelange teria se aproveitado do processo para lucrar pessoalmente. Influente, o cartola manteve contato próximo com diversos políticos e conseguiu estender seus tentáculos ao futebol brasileiro em 1989, quando colocou seu ex-genro Ricardo Teixeira na presidência da CBF.
Foi da relação com o afilhado político que saiu seu grande tendão de Aquiles, que curiosamente tornou-se público depois que ele deixou a presidência da entidade, em 1998. Segundo a BBC, ele e Ricardo Teixeira receberam propina da ISL, agência de marketing que trabalhava com a Fifa.
Ambos teriam assumido o crime e devolvido o dinheiro à Justiça suíça, mas estariam tentando abafar o caso para que ele não se tornasse público. Toda a confusão fez com que, em dezembro do ano passado, ele renunciasse ao seu cargo no COI, que estava investigando o problema e ameaçava expor Havelange. Fora da entidade, o cartola brasileiro não podia mais ser atingido e a apuração foi arquivada.
Em sua carta de renúncia, João Havelange alegou problemas de saúde e nunca mais tratou do assunto até a sua morte. Nesta terça-feira, o COI demonstrou o seu pesar e pediu permissão para o Comitê Rio-2016 para colocar a bandeira brasileira a meio mastro durante as provas do dia.
A Confederação Brasileira de Futebol divulgou uma nota oficial lamentando a morte do ex-dirigente:
"Com extremo pesar, a Confederação Brasileira de Futebol, sua Diretoria e seus funcionários despedem-se de João Havelange. Nesta terça-feira (16), aos 100 anos, o ex-presidente faleceu no Rio de Janeiro, onde estava internado desde julho devido a complicações causadas por uma pneumonia. A CBF, por sua Presidência, decretou luto oficial de sete dias, com bandeiras hasteadas a meio mastro. Na próxima rodada dos campeonatos em andamento, será respeitado um minuto de silêncio antes de todas as partidas."