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Brasil

Governador do Ceará acusa PT de 'preconceito'

15 Set 2018 - 11h52
Aliado do presidenciável Ciro Gomes (PDT), o governador do Ceará e candidato a reeleição, Camilo Santana (PT), se diz vítima de "preconceito" da cúpula do partido na distribuição das verbas do fundo eleitoral por causa de sua aliança com o adversário do petista Fernando Haddad na disputa presidencial.

"Eu questionei a direção do partido e solicitei que fosse revisto esse critério. O Ceará tem um grande colégio eleitoral. Dos governadores do PT, somos o terceiro - só perdendo para Minas Gerais e Bahia. Não acho que seja o critério correto. Estou aguardando uma posição da direção nacional", afirmou o governador cearense.

A tensão entre Camilo e o PT aumentou após Haddad ser oficializado candidato à Presidência no lugar do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Lava Jato. A campanha à reeleição do governador ignora Haddad enquanto Camilo faz campanha ao lado de Ciro.

Nos materiais de campanha, bandeiras, adesivos e nos comerciais da TV quem aparece ao lado do governador petista é Cid Gomes, irmão de Ciro, que disputa o Senado. Quando questionado sobre em quem vai votar para presidente, Santana sorri e desconversa: "O voto é secreto".

Em uma caminhada do governador em Fortaleza a reportagem contou 42 "porta bandeiras" trabalhando para o petista - cada uma recebendo um salário mínimo por mês da campanha. Quatro deles disseram que não sabiam quem é Haddad. O presidenciável petista também é ignorado na TV, jingle e santinhos de Camilo.

Na semana passada, participou de uma carreata e discursou ao lado do pedetista em um grande comício em Sobral, base dos Ferreira Gomes. Fez elogios ao ex-ministro e no final chamou o pedetista para tirar um selfie no palco.

Em outro ato político, esse em Fortaleza, Camilo disse ter uma "forte admiração" por Ciro. E concluiu: "Você estimulou nossa geração na política e representa a esperança. Estamos juntos".

Em conversas reservadas, dirigentes petistas não escondem a irritação com Camilo. Alguns chegam a chamá-lo de "traidor". Segundo eles, as reclamações do governador em relação aos repasses são a preparação do discurso para deixar o PT depois das eleições.

Repasses

Até quarta-feira, 13, quando concedeu a entrevista, Camilo havia recebido R$ 785 mil da direção nacional do PT. Nesta sexta-feira, 14, depois que o jornal O Estado de S. Paulo questionou o partido sobre as críticas do governador, o valor subiu para R$ 900 mil. O único candidato petista a governador que recebeu menos foi Wellington Dias, candidato à reeleição no Piauí, com R$ 882 mil. Candidatos desconhecidos e com poucas chances como Miragaya do PT (DF) e Jackeline Rocha (ES) receberam R$ 1 milhão cada.

Procurada, a direção do PT não respondeu sobre os repasses. A ordem é evitar polêmicas em nome de uma eventual aliança com Ciro no segundo turno.

Márcio Macedo, um dos vice presidentes do PT, disse que as reclamações de Camilo são legítimas, mas fora de hora. "A divisão do fundo (eleitoral) foi amplamente debatida nas instâncias do PT com a participação de todos, inclusive representantes dele", disse Macedo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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