Crianças
Brasil registra 10,5 mil assassinatos por ano de crianças e adolescentes
Os dados integram um estudo encomendado pela Secretaria de Direitos Humanos do governo federal, em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), e será divulgado nesta quinta-feira, 30. A análise mostra que as mortes de crianças e adolescentes por causas naturais sofreram queda de 78,5% nos últimos 33 anos, enquanto os óbitos por causas externas – denominação que inclui acidentes de trânsito, suicídios e homicídios – cresceram 22,4% no período.
O que explica esse crescimento, segundo a análise, é “a escalada de um flagelo que se transformou, ao longo dos anos, na maior causa de letalidade de nossas crianças e adolescentes: a violência homicida”. Em analogia, o estudo lembra que a quantidade de crianças e adolescentes mortas diariamente equivale a três chacinas da Candelária, que deixou oito jovens mortos, em 1993, no Rio.
“Se a chacina levantou indignação, protestos e mobilização da sociedade – pelo brutal extermínio de crianças, adolescentes e jovens, exatamente nas idades que estamos hoje tratando –, esse outro extermínio, bem maior, contínuo e crescente, permanece oculto sob um véu de indiferença”, informa o estudo.
O relatório usa dados do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, cujos registros mais recentes são de 2013. Os números permitem notar que se, durante o primeiro ano de vida, as mortes por causas naturais ainda representam quase a totalidade dos óbitos, a proporção cai rapidamente até os 14 anos. A partir dessa idade, as causas externas ultrapassam as naturais e, aos 18 anos, representam 77,5% das mortes dos jovens nessa idade, dos quais 49% são casos de assassinatos.
O Estadão