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Mulher de Jaraguá do Sul, que se passava por irmã falecida, usou documentos para se casar novamente

21 MAI 2011 • POR • 12h23

O que era para ser um caso de furto de documentos terminou revelando uma farsa, segundo a Polícia Civil de Jaraguá do Sul. Tudo começou em fevereiro, quando uma mulher, identificada como Neli Ferreira Borges, 64 anos, prestou queixa por ter os documentos furtados.

Ela foi encaminhada ao setor de identificação. Foi quando o Instituto-geral de Perícia (IGP) constatou que as digitais eram de outra pessoa - Santalina Borges Meurer.

A polícia abriu inquérito para investigar o caso e descobriu que Santalina usava, na verdade, a identidade da irmã, falecida há 35 anos. Segundo o delegado Marco Marcucci, a mulher já foi ouvida.

- Ela compareceu com o advogado e se reservou ao direito de falar em juízo - disse Marcucci.

Segundo o delegado, a história começou em 1971. Naquele ano, a pedido do pai, Santalina casou-se com Jacob Bernardo Meurer, bem mais velho que ela, e passou a se chamar Santalina Borges Meurer.

Em 1976, separada do primeiro marido, casou-se novamente, usando os documentos pessoais da irmã Neli Ferreira Borges, já falecida, porque na época não era permitido o divórcio. Foi então que Santalina passou a assumir o nome de Neli. No ano seguinte, com o falecimento do primeiro marido, a suspeita de fraude usou os documentos verdadeiros, como viúva, para receber o benefício do INSS.

- Quanto a isto não há irregularidade - alertou o delegado.

Marcucci ainda não sabe como irá enquadrar a mulher. Ele quer ouvir Neli mais uma vez, para Santalina, para saber que bens ela comprou ao longo dos anos como Neli. A partir daí, a polícia começa a definir se a idosa poderá responder por estelionato ou falsidade ideológica.

Santalina registrou neto como filho

O delegado Marcucci também adiantou que foi um dos filhos de Santalina, Arlindo Souza, 23 anos, que teria furtado a bolsa da mãe para pegar dinheiro.

- Sem saber que se tratava do próprio filho, ela registrou o BO que deu origem à confusão.

Outro fato que surpreendeu o delegado é que Arlindo, registrado como filho da mulher, é neto dela.

- O rapaz é filho de uma filha de Santalina com o primeiro marido. A moça morreu aos 17 anos e Santalina registrou a criança - contou o delegado.

O advogado de Santalina, Valmir Kellener, disse que, "em respeito à família, vai esperar a conclusão do inquérito para se pronunciar sobre o caso", que é inédito para ele. A filha do meio de Santalina, Cirlene de Souza, 29 anos, casada, disse estar surpresa, mas que perdoa a mãe.

- Minha mãe tem 64 anos. Não há o que fazer. Eu a perdoo.

DIÁRIO CATARINENSE