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Marina Silva sai e pode pedir votos contra PV

8 JUL 2011 • POR • 11h24

O grupo de Marina Silva, que anunciou na quinta-feira (7) sua desfiliação do PV, apoiará candidatos de outros partidos, desde que se comprometam com plataformas defendidas pela ex-senadora e seus aliados.

Isso pode levá-la a pedir votos contra políticos do PV nas eleições municipais de 2012, quando os dissidentes ainda estarão sem partido.

Outro grupo, porém, permanece na sigla. Alguns temem perder o mandato caso saiam; outros ainda tentam tirar José Luiz Penna da presidência do partido --cargo que ocupa há 12 anos.

"Não sou muito boa para pedir votos para mim, mas excelente para conseguir votos para os outros", disse Marina na quinta-feira, em São Paulo.

A ex-senadora recebeu quase 20 milhões de votos nas eleições presidenciais em 2010.

"Estaremos todos juntos, inclusive com pessoas de outros partidos, ou sem nenhum partido", disse ela.

O deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ), que entregou os cargos de direção no partido em apoio a Marina, mas não saiu da legenda, sinalizou que poderá fazer campanha contra candidatos da sigla que considere fisiológicos. Ele citou casos de MT, RO, AM e DF.

"Quando se está no partido, há um constrangimento em não os apoiar e apoiar outros que tenham compromisso com o nosso programa. Afastado, tenho liberdade de chegar a um município e, para a base do PV, dizer para não votar num candidato a vereador ou a prefeito porque, mesmo filiado ao PV, é um pilantra", disse Sirkis.

O grupo centrou fogo contra o PV e Penna, apontado como o responsável pela saída de Marina. A ex-senadora decidiu sair do partido após a sigla prorrogar por um ano o mandato da atual direção.

Para o grupo, o movimento em favor da verde "transbordou" o partido.

"A experiência no PV serviu para sentir até que ponto o sistema político está empedernido e sem capacidade de abrir-se para sua própria renovação", disse Marina.

"Não podemos falar das conquistas do nosso país separando-as da baixa qualidade do sistema político, dos desvios éticos tornados corriqueiros, da perplexidade da população diante da transformação dos partidos em máquinas obcecadas pelo poder em si", completou.

O PV afirmou, em nota, que prepara "atualização programática". Classifica as críticas sobre falta de democracia interna, feita pelo grupo de Marina, como "polêmica artificialmente inflada".

A ex-senadora não descartou criar nova sigla nem tentar a Presidência em 2014.

Fonte: Folha SP