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Frio reduz a produção de leite em até 8% no Oeste de Santa Catarina

28 JUL 2011 • POR • 11h17

Além das belas paisagens, o inverno rigoroso também trouxe prejuízo para o setor agropecuário catarinense. No Oeste, que responde por cerca de 70% da bacia leiteira do Estado, já foi registrada queda na produção.

De acordo com o diretor agropecuário da Aurora Alimentos, Marcos Zordan, houve uma queda de 8% no volume esperado para este mês. A empresa está recolhendo cerca de R$ 1,2 milhão de litros de leite por dia, quando o esperado era a marca diária de R$ 1,3 milhão de litros.

- A geada matou o pasto da região - explica Zordan.

De acordo com o observador meteorológico da Epagri em Chapecó, Francisco Schervinski, do dia 4 a 8 de julho, houve formação de geada diariamente, com temperaturas inferiores a 1ºC. Os engenheiros agrônomos Gilberto Curti e Mário Miranda, também da Epagri, confirmam que as pastagens foram prejudicadas pelo excesso de frio na região.

Na Cabanha Monte Alegre, em Chapecó, cerca de 50 hectares de pastagem foram "queimados" pela geada. Os pastos, que antes eram verdes, ficaram amarelos.

- Para não diminuir a produção, tivemos que aumentar um quilo de ração por vaca por dia - explica o administrador da parte leiteira da cabanha, Ademir Nonnemacher.

O problema é que a medida aumenta o custo de produção em 20%. Além disso, há também um consumo maior de silagem que, devido ao inverno rigoroso, pode terminar antes do previsto.

- Vamos adiantar o plantio de milho para suprir uma possível falta - afirma Nonnemacher.

Reflexo também nos supermercados

O aumento do custo aos produtores também se refletiu nos supermercados, onde o litro de leite longa vida está ultrapassando a marca de R$ 2.

Zordan, da Aurora, reconhece que houve um aumento no preço do leite, mas não prevê mais aumentos para o consumidor no curto prazo, pois isso iria retrair o consumo.

O setor de hortigranjeiros também foi afetado pelas geadas. Em Chapecó, o preço da alface, por exemplo, teve aumento de até 30% nos supermercados. Tudo porque a produção local foi prejudicada pelo frio.

O produtor Dirceu Tomasi, de Chapecó, perdeu 40% da produção.

- O que não estava nas estufas estragou quase tudo - afirma.

A produção de brócolis foi afetada de 80% a 100% e ele teve que comprar de terceiros para atender aos pedidos dos supermercados.

Mesmo com o aumento de R$ 1,20 para R$ 1,50 por pé de alface, Tomasi estima que o prejuízo será de R$ 10 mil. Ruim para o produtor, ruim para o consumidor, que paga mais caro.

O economista e analista de mercado do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri Luiz Marcelino Vieira diz que outras culturas, como trigo, cebola e alho, apresentam desenvolvimento normal.

Fonte: Clic RBS