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Flamengo joga para avançar na Libertadores e salvar presidente

12 ABR 2012 • POR • 14h35

O jogo entre Flamengo e Lanús hoje, às 19h30, no Engenhão, decide mais do que o futuro do time na Libertadores-2012. O resultado da partida vai influenciar diretamente o futuro político do clube e a sobrevivência de sua presidente, Patricia Amorim. As eleições serão no final do ano.

Lanterna do Grupo 2 da competição continental, com cinco pontos, o Flamengo precisa de uma combinação de resultados para avançar às oitavas de final do torneio.

Além de vencer o Lanús (líder, com 10 pontos), o Flamengo torce por empate entre Olimpia (sete) e Emelec (seis), que se enfrentam no mesmo horário, no Paraguai.

Patricia Amorim, que também é vereadora pelo PSDB, assumiu a presidência do Flamengo no fim de 2009.

Desde então, o clube alternou momentos de euforia e crise --no campo e fora dele.

No futebol, o único título foi o Estadual do ano passado. Na era Patricia, o Flamengo teve como técnicos Andrade, Rogério Lourenço, Silas, Vanderlei Luxemburgo e Joel Santana, que já balança.

Fora do futebol, ela contratou Cesar Cielo para nadar pelo clube. O Comitê Olímpico dos Estados Unidos escolheu as instalações do Flamengo como sua base para Olimpíada do Rio, em 2016.

No basquete, o Fla repatriou Leandrinho e tem o único campeão olímpico no Brasil, o argentino Kammerichs.

O maior revés da gestão de Patricia se dá na área que ela havia mirado como prioritária. "Quero promover um investimento maior no departamento de marketing", disse à Folha em março de 2010.

Há pouco mais de um ano, o Flamengo venceu um leilão contra Palmeiras e Grêmio para repatriar Ronaldinho.

Hoje o clube gasta quase R$ 1,5 milhão por mês para pagar o salário do astro e não consegue um patrocinador para dividir essa conta.

Para fazer comparações cabíveis: o Corinthians nunca teve problema para pagar Ronaldo, e Neymar já tem dez patrocinadores que ajudam o Santos a bancar seu salário.

Segundo empresas que cogitaram patrocinar o Flamengo, as negociações são mais difíceis na Gávea do que em outros clubes por causa da burocracia e da "descentralização de poder" --contratos altos precisam ser aprovados no Conselho Deliberativo do clube, por exemplo.

O opositor mais ferrenho de Patricia hoje talvez seja Marcio Braga, 75, que presidiu o Flamengo por seis mandatos. No total, 14 anos.

"O descontrole financeiro e a falta de reforma estatutária poderão tornar o Flamengo ingovernável", escreveu Braga em carta ao conselho.

O presidente do Conselho Fiscal, Leonardo Ribeiro, o "capitão Leo", ex-chefe de torcida e hoje o maior aliado político da presidente, a defendeu das acusações.

"Na administração Patricia, o Flamengo deu um salto patrimonial muito maior do que nos dez anos anteriores", declarou. "Ela colocou o CT para funcionar, algo que o clube nunca teve."

Segundo Ribeiro, o Flamengo tem uma dívida de R$ 290 milhões, dos quais R$ 185 milhões estão incluídos na Timemania. "A dívida está controlada, ela nunca atrasou salários e reformou a Gávea."

Nas eleições de dezembro, Patricia Amorim deve enfrentar Delair Dumbrosk (ex-presidente) e Marcos Braz (ex-vice de futebol do clube).

FOLHA.COM.BR