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Em Santa Catarina, 217 crianças diagnosticadas com anencefalia morreram nos últimos 10 anos

13 ABR 2012 • POR • 13h03

Nos últimos 10 anos em Santa Catarina, mais de 200 mulheres tiveram que levar a gravidez adiante mesmo sabendo que o bebê morreria logo após a dar o primeiro suspiro de vida ou as primeiras mamadas. De 2001 a 2011, a Secretaria de Estado da Saúde registrou 217 óbitos de crianças que foram diagnosticadas com anencefalia e nasceram vivas, mas morreram no hospital.

Nesta quinta-feira, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram que o aborto de fetos sem cérebro não é crime. O julgamento iniciado quarta-feira terminou com oito magistrados favoráveis e dois contra a interrupção da gravidez nestes casos.

Para o pediatra da secretaria, Haley Cruz, se considerar o número de bebês que nascem todos os anos, no Estado, de 80 a 90 mil, o número de casos de anencefalia não é considerado alto. No país a média é de 500 a 600 fetos com anencefalia todos os anos. O Vale do Itajaí é a região do Estado que apresenta mais óbitos. Foram 36 em 10 anos e a Serra é o menor com 11 casos nesse mesmo período.

- Esses são apenas aqueles que nasceram vivos com a malformação, lembrando que metade deles não chega a nascer. A olho nu são bebês normais, eles choram, mamam, se movimentam, mas como o cérebro comanda tudo, os dias e as horas são contados - diz.

O obstetra Renato Polli, que trabalha no Hospital Regional de São José e já acompanhou nascimentos de bebês com anencefalia, diz que a decisão do STF não deveria vir como uma obrigação, mas como uma opção. Segundo ele, apesar de saber que o feto não viverá muitas gestantes preferem levar a gestação até o fim.

- Pelo que vivencio nos consultórios eles devem ter opções, tanto para abortar como para dar continuidade à gestação. Em muitos casos o pré-natal é normal, o bebê mexe, o coração bate e ele nasce quase perfeito. Geralmente enrolamos um pano na cabeça para a malformação não ficar visível e quem o vê não diz que ele nasceu com problema. Vivenciar ou não esta fase deve ser uma escolha da mãe - observa.

Bebês com anencefalia que nasceram vivos e morreram logo após o parto em Santa Catarina

Total: 217

Total dos últimos 10 anos por região (2001/2011)

Extremo Oeste : 22

Meio Oeste: 14

Vale do Itajaí: 36

Foz do Rio Itajaí: 30

Grande Florianópolis: 28

Sul: 30

Nordeste: 33

Planalto Norte: 13

Planalto Serrano: 11

De 100% dos casos de anencefalia

50% morrem dentro do útero

25% morrem no parto

25% morrem após o parto e vivem de um a 15 dias. Há casos raros de até um mês

Em SC nascem em média de 80 a 90 mil bebês todos os anos (saudáveis ou não)

A malformação pode ser verificada por exame de ultrassom entre a 10ª e a 16ª semana de gestação

A única forma de prevenção é tomar de 2 a 5 miligramas por dia de ácido fólico até mesmo antes da gestação (cerca de um mês)

Fonte: pediatra Haley Cruz e obstetra Renato Polli

DIÁRIO CATARINENSE