Esportes

Time espanhol realiza primeira transferência no mundo do futebol com criptomoedas

Tanto o jogador quanto a equipe são desconhecidos de boa parte do público, mas ainda assim houve um componente na negociação que foi uma grande novidade

4 JUN 2021 • POR Da Redação • 16h02

Uma equipe da terceira divisão do Campeonato Espanhol, o Inter de Madrid FC, fez a contratação do atacante David Barral, que apesar de não ser das mais caras ou polêmicas, atraiu as atenções por outros motivos. Tanto o jogador quanto a equipe são desconhecidos de boa parte do público, mas ainda assim houve um componente na negociação que foi uma grande novidade. Essa foi a primeira negociação de um jogador de futebol que teve os valores totalmente pagos em moedas virtuais, neste caso em questão, o bitcoin.

A transferência utilizando uma moeda virtual só foi possível porque o Inter de Madrid tem como um dos seus principais patrocinadores uma corretora de criptomoedas, a Criptan. Mais um ponto que chama a atenção é o que o time foi originalmente criado como uma equipe de esporte eletrônico, conhecida como Dux Gaming, mas que pouco tempo depois enveredou-se pelo mundo do futebol profissional. Sendo o único clube da terceira divisão espanhola a ser fundado ainda no século XXI.

O CEO da Criptan, Jorge Soriano, aproveitou os holofotes em cima do caso e explicou qual a participação da companhia que comanda na negociação do jogador. "A Criptan é patrocinadora da DUX e o patrocínio é pago em criptomoedas. Uma das primeiras ações a serem realizadas com esse patrocínio foi a contratação de David Barral. O token do jogador é pago em euros e a DUX é quem muda as criptomoedas para euros através do aplicativo Criptan para pagar ao jogador.”, relatou o executivo.

  Moedas virtuais ganhando cada vez mais espaço

O Bitcoin é a primeira criptomoeda da história. Criada em 2009, a moeda digital levou um certo tempo para ganhar notoriedade, mas agora gera lucros exorbitantes e tem atraído as atenções de milhares de investidores ao redor do mundo. Ela vem sendo utilizada como um meio de troca seguro e discreto, e que no Brasil já foi usada para o pagamento de shows de artistas famosos e também nas casas de apostas que aceitam bitcoin, que garantem promoções especiais para os usuários que lidam com moedas digitais.

Para o especialista em inovação na indústria do esporte e sócio da agência 14 de conteúdo, Bruno Maia, a negociação do time espanhol com criptomoedas é somente a primeira de muitas que estão por vir. "Mais do que prenúncio, é uma constatação do tempo presente. Isso não quer dizer necessariamente que o futuro de transações seja através de criptomoedas, mas é mais um elemento que atesta a relevância deste tipo de ativos na sociedade contemporânea. Em janeiro, o mercado de criptoativos superou US$ 1 trilhão (R$ 5,43 trilhões) de lastro. É natural que se desdobre para os esportes também. Ao investir numa plataforma como o futebol, empresas buscam atrair esse público para suas plataformas, para que conheçam essa forma de investimento e suas vantagens. O futebol sempre se prestou muito bem a isso", afirma Maia.

Já o advogado especializado em esporte, Pedro Trengrouse, afirma que os clubes brasileiros também podem realizar transações envolvendo moedas digitais. Assim como, se for de comum acordo, eles podem pagar os salários dos atletas e os direitos trabalhistas com criptomoedas.

Nos Estados Unidos, isso já vem acontecendo, e o jogador do Carolina Panthers, Russell Okung, é o primeiro da NFL a receber cerca de 50% do seu salário de US$ 13 milhões em bitcoin. Mas em um esporte como o futebol, em que a tradição é muito valorizada e que demora para se adaptar às novas tecnologias, essa popularização das moedas digitais deve levar um pouco de tempo. Por conta disso, não há nenhuma surpresa de que o primeiro clube a utilizá-las no futebol tenha sua origem atrelada a um time de eSportes.