Itajaí

Ineficácia da fosfoetanolamina levanta o debate sobre a importância de pacientes em estudos clínicos

4 ABR 2017 • POR • 17h30
Na última sexta-feira, dia 31 de março, o Instituto do Câncer de São Paulo anunciou que o estudo feito em seres humanos com o uso da fosfoetanolamina, não comprovou eficácia. A substância ficou conhecida nacionalmente no ano passado e foi chamada como a pílula do câncer. Em nota, o Instituto explicou que: “ Dos 72 pacientes tratados com a substância, 59 já foram reavaliados e 58 não tiveram redução de pelo menos 30% no tamanho do tumor - critério mínimo para se considerar o tratamento eficaz. Um paciente, com melanoma (tipo de câncer de pele), melhorou. Como a fosfoetanolamina não cumpriu o mínimo de eficácia, os médicos decidiram não incluir novos pacientes na pesquisa. Vinte pessoas continuam a receber a substância, seguindo o tempo de tratamento definido para esse teste clínico”. O médico oncologista responsável pelo Centro de Novos Tratamentos Itajaí, Giuliano Santos Borges, atua na área de pesquisas clínicas há mais de 10 anos e desde a época da sanção do projeto do uso e da fabricação da fórmula fosfoetanolamina acompanha o caso. Segundo ele, muitos pacientes chegaram a fazer o uso da fosfoetanolamina na região, mas não obtiveram respostas. Uma situação complicada e esperada ao mesmo tempo, pois a primeira etapa do estudo já havia demonstrado a ineficácia do comprimido. “Nós que trabalhamos com os protocolos clínicos não entendemos porque naquele momento o projeto foi sancionado, sem apresentar dados positivos. É importante lembrar que a cura do câncer já acontece em muitos casos. Para os outros, a medicina está em busca de tratamentos alternativos, e fazendo assim com que os pacientes tenham sobrevida, qualidade de vida e a diminuição dos efeitos colaterais. Nos últimos anos, a evolução tem se mostrado promissora”, explicou. A luta para que os pacientes tenham acesso aos protocolos clínicos mundiais é grande. Tramita hoje na Câmara dos Deputados um projeto de lei que busca acelerar a pesquisa clínica. Atualmente, o processo para liberação das pesquisas é muito burocrático e com isso, o país inclui uma média de 20% do total de vagas oferecidas no mundo. Hoje no Centro de Novos Tratamentos Itajaí, por exemplo, existem protocolos de estudos abertos para pacientes com câncer de pulmão, de mama, próstata, linfoma, bexiga e lúpus. Em muitos casos com uso de imunoterápicos, onde a quimioterapia já não é mais usada como base do tratamento. Agora, com a imunoterapia, o sistema imunológico é o responsável para combater o câncer.