Ex-zelador vive na rua

A situação em que se encontra o técnico de eletrônica Lourival Severino Soares da Silva, 57 anos, chama a atenção para uma realidade que até a pouco tempo não se observava na região. Morador de Jaraguá do Sul há 23 anos, ele trabalhava como zelador de um condomínio, mas perdeu o emprego há um ano e passou por momentos que jamais imagina. Quando estava empregado, morava num imóvel alugado. Depois, se viu obrigado a deixar o local. Durante seis meses, morou dentro do próprio carro e conseguia arrecadar R$ 70 por semana com a venda de cartelas da Trimania. Como mantinha valores consideráveis em dinheiro consigo, foi obrigado a parar com a venda, pelos riscos de assalto. Logo em seguida, teve de vender o carro, que lhe custou R$ 7 mil, por R$ 1,3 mil, para poder pagar a Carteira Nacional de Habilitação, que havia feito meses antes. Morou de favor na casa de conhecidos, até que foi parar na Casa de Passagem mantida pela Prefeitura, na rua João Januário Ayroso. Não pode ficar mais que cinco dias lá e foi para o local onde mora há cerca de um mês: embaixo da Ponte Abdon Batista, no limite da Vila Baependi com o Centro da cidade. Inscrito nos programas habitacionais da Prefeitura há dois anos, considera sua situação de vulnerabilidade, embora não tenha reconhecimento disso como critério para conseguir um imóvel do Minha Casa Minha Vida. “Tenho um documento da Secretaria de Assistência Social que declara minha vulnerabilidade. Se não tenho endereço fixo, não consigo trabalhar e ter minha dignidade de volta”, desabafa. Como não tem renda, atualmente, vive com a ajuda que lhe é dada por funcionários de um posto de combustíveis ao lado da ponte. Lourival diz que tem condições de saúde e vontade para trabalhar.

Rogério Tallini