Olimpíada

Favoritos, Isaquias e Erlon dominam série e vão direto à final na canoagem

19 AGO 2016 • POR • 15h20
Na Rio-2016, Isaquias já amealhou pódios no C1-1000m (prata) e no C1-200m (bronze). As duas conquistas anteriores já o inseriram em um grupo seleto: na história, apenas cinco brasileiros obtiveram duas láureas em uma mesma edição olímpica. Os outros foram os atiradores Afrânio da Costa e Guilherme Paraense (Antuérpia-1920) e os nadadores Gustavo Borges (Atlanta-1996) e Cesar Cielo (Pequim-2008). A chance de Isaquias se colocar à frente desse pelotão acontece justamente numa prova em que o brasileiro desponta como favorito. Ele e Erlon são os atuais campeões mundiais da C2-1000m – venceram em Milão, em 2015, quando tinham remado juntos pouquíssimas vezes. “Eu já fiz meu trabalho, já ganhei duas medalhas e quero fazer meu amigo Erlon entrar na história também”, disse Isaquias na última quinta-feira (18), depois do bronze no C1-200. Antes da Rio-2016, o Brasil jamais havia frequentado o pódio olímpico na canoagem velocidade. O primeiro veio com a prata do canoísta no C1 - 1000 m na terça-feira. Os dois canoístas são oriundos da Bahia, mas de municípios diferentes – Isaquias é de Ubaitaba, cidade cujo nome significa “cidade das canoas” em tupi-guarani, e Erlon nasceu em Ubatã (“canoa forte” no mesmo idioma). Desde 2013, quando a CBCA (Confederação Brasileira de Canoagem) contratou o técnico espanhol Jesús Morlán, ambos dividem com o restante da equipe nacional de velocidade uma casa em Lagoa Santa (MG). Treinam em regime de oito semanas ininterruptas para cada sete dias de descanso. A origem baiana e a casa que compartilham em Lagoa Santa são apenas duas das coincidências entre Isaquias e Erlon. Os dois também foram descobertos em projetos sociais e precisaram conciliar o esporte com outros empregos no início de suas trajetórias nas canoas, mesmo depois de terem registrado resultados relevantes – Isaquias, por exemplo, carregava compras na feira quando já era campeão sul-americano da modalidade. As semelhanças entre os dois, contudo, não permeiam a personalidade. Isaquias é expansivo, falastrão e apaixonado por festas. Gosta de arrocha, estilo musical popular em Ubaitaba, e mantém vida social agitada quando está longe do esporte. Erlon, por outro lado, é tímido, distribui poucas palavras e gosta de uma rotina caseira. Nesta sexta-feira, a diferença de personalidade entre os dois não importou. Isaquias e Erlon estavam na primeira bateria eliminatória e venceram com 3min33s269. Por terem ficado com a primeira posição da série, avançaram diretamente à decisão da prova. O tempo dos brasileiros ainda foi o melhor na soma das duas baterias. Eles foram seguidos pelo conjunto da Alemanha (3min33s482) e de Cuba (3min34s939). A decisão da prova será realizada no próximo sábado (20), no estádio da Lagoa Rodrigo de Freitas. “O treinador deixou claro que precisávamos correr, fazer uma ótima prova e não avaliar. Precisávamos da sensação de competição. Tentamos fazer uma prova limpa, mas pegamos muito vento e ondas que atrapalharam a remada. Mesmo assim, conseguimos chegar na frente. Talvez não com um tempo tão bom, mas o vento atrapalhou. Sabemos que podemos correr muito mais do que isso”, disse Isaquias nesta sexta-feira. Mais brasileiros na Lagoa Na bateria de abertura do Caiaque K1-200 m, Édson Isaias da Silva completou a prova com o sétimo melhor tempo da bateria (35s665) e não avançou para as semifinais. Ele terminou no 20º lugar geral. Já a equipe brasileira do K4 1000 m, composta por Roberto Maelher, Vagner Souta, Celso Oliveira e Gilvan Ribeiro, chegou em sexto lugar na eliminatória e se classificou às semifinais. Na fase, o quarteto terminou em sexto novamente e disputará a final B no sábado.