Clima

Frio em 2016 deve chegar mais cedo

22 JAN 2016 • POR • 10h55

O El Niño deve perder força no decorrer do segundo trimestre (abril, maio e junho). Durante o inverno, teremos um período de transição climática, indicando que neste ano o frio deve chegar mais cedo. Para o segundo semestre de 2016, os modelos climáticos apontam para o início de uma nova fase de águas frias sobre o Oceano Pacífico equatorial, com indicativo da provável configuração de um episódio de La Niña.

O último La Niña aconteceu entre 2010 e 2011. Para os que consideram difícil haver uma mudança tão rápida de um fenômeno para outro, lembramos que os El Niños de 1997/1998 e de 1982/1983, considerados tão fortes como o atual, foram substituídos por um La Niña no segundo semestre.

O clima sinaliza muitas variações em 2016. Para uns, as condições melhoram, enquanto para outros, pioram. O fato é que todos acabam sendo afetados por essas variações do clima de forma direta ou indireta.

Em 2016, cada estação do ano estará sob a influência de um fenômeno climático diferente.

Os principais efeitos do El Niño neste verão estão associados com períodos mais chuvosos no Sul e períodos secos no Nordeste, principalmente no Sertão e no Agreste. Enquanto isso, para o Sudeste e o Centro-Oeste, o verão com El Niño apresenta chuvas irregulares e temperaturas mais elevadas. No restante do verão, não muda muito, com chuvas irregulares e abaixo da média. O único ponto favorável está associado ao fato de que mesmo as pancadas de chuva devem ser mais concentradas, reduzindo o risco de longas janelas de tempo seco na fase de desenvolvimento das lavouras, que, por sinal, foi o principal problema nas duas últimas safras.

Período de enfraquecimento. A principal consequência em relação ao enfraquecimento do El Niño está associada com a queda da temperatura. O outono de 2016 deve ter temperaturas mais baixas que no outono passado. O outono de 2015 foi anomalamente quente por causa do El Niño. Para os Estados do Sul do país, já se pode esperar algumas ondas de frio a partir de maio, o que aumenta o risco de geadas em junho. Essa condição representa um aumento do risco para as lavouras de milho de segunda safra (safrinha) do Paraná e de Mato Grosso do Sul.

Condição típica beneficia lavouras no inverno. Passa a prevalecer um padrão mais típico da estação, que representa uma condição de mais frio para o sul do Brasil e um período seco mais caracterizado para o Sudeste e o Centro-Oeste. As culturas de inverno serão beneficiadas com essa mudança do clima. Em vez de excesso de chuva e calor atípico como em 2015, no próximo inverno deve haver uma redução das chuvas, temperaturas mais baixas e ondas de frio, como é típico dessa estação. Por enquanto, não há previsão de frio extremo e inverno rigoroso.

Para a Primavera, há indicativo dos efeitos do La Niña. Muito provável que a partir da primavera de 2016 vamos começar a sentir os primeiros efeitos do fenômeno La Niña, caracterizado pelo prolongamento do frio e pela redução das chuvas no sul do Brasil. O clima deve favorecer o trigo na Argentina. Além da posse do novo presidente Mauricio Macri, o clima também promete grandes alterações em 2016 na Argentina. Por enquanto, a presença do El Niño favorece as lavouras de verão, com chuvas mais regulares e redução de estiagens. A partir de abril-maio, o enfraquecimento do El Niño leva para um cenário de redução dos excessos de chuva e redução da temperatura, com indicativo de um inverno mais frio que o observado em 2015, que foi atipicamente chuvoso e quente, devido à presença do El Niño.

A grande e mais sensível mudança deve ocorrer com a provável instalação do fenômeno La Niña no decorrer do segundo semestre de 2016. O La Niña prolonga as condições do inverno e traz uma sensível redução das chuvas. Em um primeiro momento, isso beneficia as culturas de inverno, especialmente a lavoura de trigo, mas, na sequência, o clima mais seco pode comprometer a instalação das lavouras de verão (milho e soja). Lembrando que, historicamente, a Argentina sofre com problemas de seca em anos de La Niña.