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Empresário deve tocar seus planos, independentemente do governo, diz côrte

4 DEZ 2015 • POR • 22h20

“O ano de 2016 vais ser tão duro quanto 2015, mas será pior se nos encolhermos. Nós temos que dominar a crise com ações positivas e concretas”, defendeu na noite desta quinta-feira (3), o presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), Glauco José Côrte. Os empresários devem avaliar o que pode ser melhorado no âmbito de suas empresas, “fazendo o exercício da inovação, investindo o que for possível e se preparando para o crescimento, quando ele for possível”, afirmou, durante palestras a empresários de São Bento do Sul. Apesar das incertezas políticas, da crise econômica e ética, que caminha também para uma crise social, já que houve 1,5 milhão de demissões, os empresários devem se manter firmes, afirmou Côrte. “Albert Einstein, em 1930, dizia que o mais grave da crise é quando as pessoas não se dispõem a combate-la. Aí ela fica grave. Nós temos que reagir e não deixar que a crise domine nossas ações”, acrescentou. E sugeriu aos industriais catarinense seguir a recomendação do vice-ministro da economia da Alemanha, Matthias Machnig, que em setembro, durante o Encontro Econômico Brasil-Alemanha, afirmou que os empresários de seu país aprenderam a trabalhar independentemente do governo. “Devemos fazer nossos planos e tocar em frente, pois assim teremos condições de vencer a crise”, resumiu Côrte. Ao destacar a conjuntura atual, o presidente da FIESC alertou para a crescente alta da taxa de inflação, que deve fechar o ano em 9,9%, bem acima dos índices registrados em países como Canadá (0,5%), Alemanha (0,3%) e Estados Unidos (0,2%). No caso da indústria, os indicadores são negativos para produção industrial, que acumula queda de 7,4% até setembro, e nas vendas, que somam retração de 9,6% no mesmo período. As exportações catarinenses de janeiro a outubro diminuíram 15,8% e as importações 18,8% no mesmo período. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do PIB, registra 2% de queda nos primeiros nove meses do ano sobre igual período em 2014. O mercado de trabalho acompanha a conjuntura adversa: foram fechadas 3.259 vagas na indústria de transformação catarinense até outubro. Aos empresários presentes, Côrte defendeu a inovação como condição para competitividade, acesso a mercado e produtividade. Ele destacou ainda as ações da FIESC e suas entidades nas áreas: ambiente institucional, inovação, educação e qualidade de vida. No encontro, o vice-presidente regional da FIESC Arnaldo Huebl chamou atenção para os esforços do setor industrial em manter o nível de emprego na atual conjuntura, o que, destacou, é especialmente importante porque a intensificação do ritmo de demissões teria forte efeito multiplicador negativo na economia. O diretor de desenvolvimento institucional e industrial da FIESC, Carlos Henrique Ramos Fonseca, apresentou o Programa de Desenvolvimento Industrial Catarinense (PDIC). Ele vai propor ações futuras e promover, no longo prazo, uma dinâmica de prosperidade industrial, a partir de rotas de crescimento dos setores produtivos estratégicos do Estado. No setor de madeira e do mobiliário, que é destaque em São Bento Sul, uma das oportunidades destacadas pelo PDIC é o comércio exterior, independentemente do câmbio. Entre as questões centrais para que as empresas possam ser competitivas e explorar o potencial de negócios no exterior está a inovação, com a necessidade de atenção cada vez maior design. Automação industrial, biotecnologia na produção de madeira, nanotecnologia na produção de chapas, móveis para idosos, otimização dos espaços e substituição de materiais são algumas das tendências apontadas como estratégicas para o setor pelo PDIC. Durante o encontro com os empresários de São Bento do Sul, em interação ao vivo com o Observatório de Inteligência Industrial da FIESC, em Florianópolis, foi demonstrado que a China importa mais de 40% dos móveis negociados no mercado internacional. Santa Catarina, contudo, tem focado mais a relação com importadores dos Estados Unidos, tendo, portanto, uma oportunidade de buscar o mercado asiático.