Dicas

Dicas 12/10/15

13 OUT 2015 • POR • 10h36
QUEM DEU O NOME DE DEUS A DEUS? Existem diferentes teorias. Para uns, o termo vem do latim deus, o qual, por sua vez, deriva do grego Theos. Outros afirmam que a palavra grega que serviu de base para o termo latino foi Zeus, o maior deus da mitologia grega, deus da luz do céu e dos raios. Há ainda quem diga que Deus vem do sânscrito di, que significa dia, já que Ele é luz. Em algumas religiões, Deus é chamado de Jeová, termo originado do hebraico Yehowah, estabelecido por rabinos no século VII, com fusão das “Quatro Letras Sagradas” YHWH – que denotava “aquele que é” – com as vogais de “Adonay”, cujo significado é “Meu Senhor”.   DE ONDE VÊM OS TÍTULOS? Magnífico – do latim magnus, significa imponente e grandioso. Alteza – deriva do latim altitia, que significa altura. Reverendíssimo – derivado do latim reurendissimus, superlativo de reverendus, ou seja, aquele que é venerável ou digno de veneração. Majestade – do latim maiestas, denota grandeza, poder, dignidade e aspecto majestoso. Santidade – do latim sanctitas, representa o que é sagrado e inviolável. Meritíssimo – deriva do latim meritissimus, superlativo de meritus, que significa merecedor – no caso, “merecedor de confiança”. Excelentíssimo – do latim excellentissimus, superlativo de excellens, é aquele que excede em altura, que sobressai, que é superior.   Tenho dificuldade de distinguir ó e oh! Pode me dar uma ajudinha?  A dúvida procede. A pronúncia de uma é gêmea univitelina da outra. Por isso, na hora de escrever, pinta a confusão. São duas grafias. E dois sentidos. Como acertar sempre? O ó aparece no vocativo, quando gente chama alguém: Deus, ó Deus, onde estás que não me escutas? Até tu, ó Brutus, meu filho? Seu pai morreu? Morreu pra você, ó filho ingrato. O oh! é interjeição. Tem vez quando a gente fica de boca aberta de admiração ou espanto: Oh! Que linda voz! Oh! Que trapaceiro! Ó Márcio, não entendi seu oh! de espanto. Pode me explicar?   Sem confusão Olho vivo! A pronúncia de hora e ora é a mesma. Mas o sentido não tem nenhum parentesco. Veja como não cair na esparrela de tomar uma pela outra: Hora significa 60 minutos: A velocidade na ponte é de 60km por hora. Ganho R$ 50 por hora de trabalho. Quando divertir-se? A qualquer hora. Afinal, como diz o outro, toda hora é hora. Ora quer dizer por enquanto, por agora: Por ora, a velocidade na ponte é de 60km por hora. O governo não pretende, por ora, privatizar as universidades federais. Lamento, mas, por ora, nada posso fazer.   Nobreza em cartaz Voltou a temporada do reconhecimento mundial. Escritores, cientistas, políticos estão de olho na Suécia. De lá vem o anúncio do mais cobiçado prêmio de todos os tempos. É o Nobel. Apesar da nobreza que o cerca, muitos lhe desrespeitam a pronúncia. Olho vivo! Nobel, Mabel, papel e cruel se pronunciam do mesmo jeitinho. A sílaba tônica é a última. Na dúvida, pense um pouco. Se Nobel fosse paroxítona, pertenceria à gangue de móvel e automóvel . Teria acento. Como não tem, a conclusão é uma só. O nome do prêmio é oxítono e não abre.   Ser natural é... Escolher palavras simples e curtas. Em vez de somente, use só. Em lugar de falecer, prefira morrer. Substitua féretro por caixão. Obviamente por é claro. Morosidade por lentidão.   Masculinidade em xeque Centenas de fãs assediavam o bonitão. Queriam um olhar, uma palavra, um toque. Ele, sedutor, não poupava esforços. Falava com uma, sorria pra outra, jogava beijinhos pra todas. A mais ousada comprou flores. Chegou-se a ele e, com malícia, entregou-lhe o buquê. O charmoso agradeceu: — Muito obrigada, queridas amigas. As moças murcharam. Decepcionadas, deram-lhe as costas. O atônito desprezado não entendeu nada. Nem desconfiou de que, ao agradecer, pôs a masculinidade em xeque. A razão: o homem diz obrigado. A mulher, obrigada. Ambos respondem por nada.   Qual é a do quê? ‘‘Trabalhar pra quê?’’, perguntou a manchete do jornal. A questão gerou polvorosa. Leitores estranharam o texto. A turma se dividiu em dois grupos. Um recusava o circunflexo do quê. O outro o aplaudia. E daí? O quê é grande criador de caso. Não cansa de provocar dores de cabeça nos pobres tupiniquins. Recursos não lhe faltam. De um lado, a criatura tem o poder da mobilidade. Troca de lugar como nós trocamos de camisa. De outro, muda de classe gramatical. Passa de pronome a substantivo com a facilidade de quem anda pra frente. Resultado: ele se diverte, nós pagamos o pato. O xis da questão é o acento. Quando usá-lo? Em duas oportunidades: 1. quando o quê for substantivo. Aí será antecedido de pronome, artigo ou numeral: Ele tem um quê de desvairado. Qual o mistério dos quês? A coluna de hoje trata do quê com acento e sem acento. Este quê não me confunde mais. Belo quê você introduziu na redação. 2. Quando o quê for a última palavra da frase — a última mesmo, coladinha no ponto. É o caso da manchete do jornal: Trabalhar pra quê? Riu, mas não disse por quê.Você se atrasou por quê? Cheguei tarde, mas me nego a dizer por quê . É isso. Desvendados os dois empregos, o quê recolhe-se à própria insignificância. Os leitores que arrancavam os cabelos por causa do acentinho chegam à conclusão óbvia: o diabo não é tão feio quanto o pintam. O quê diz por quê.   FIZERAM MENÇÃO A MEU NOME. O substantivo menção deve ser acompanhado da preposição "de". Fizeram menção de meu nome.   OCEANO PACÍFICO O Pacífico é o maior oceano da Terra. Estende-se por mais de 165 milhões de quilômetros quadrados, ou seja, a terça parte da superfície total do planeta. O volume de suas águas é mais que duas vezes as do Atlântico e pouco menor do que o volume somado dos demais oceanos.   SPA "Há vários anos, tenho tentado, através de leitura, indagações e consultas variadas, saber o que significam as letras de SPA. Um sem-número de pessoas pronunciam e repetem 'spa's' e nunca mencionam o significado das letras. Vocês poderiam desvendar-me esse mistério?" Spa é o nome que se dá a uma estância hidromineral, hotel distante das cidades ou grande estabelecimento comercial que oferece um tratamento integrado de saúde e beleza. SPA não é sigla. O nome tem origem na cidade de Spa, antiga e famosa estância hidromineral localizada no leste da Bélgica. Observe o plural: - Uma empresa pretende investir na construção de dois spas em São Paulo. - Gabriel conseguiu voltar à boa forma depois da permanência de três dias num spa.   Viva os editores do jornal do almoço! - Disse Mateus. Se o sujeito está no plural, o verbo deve acompanhar. Vivam os editores do jornal do almoço! - Disse Mateus.   HUMILHAÇÃO ‘‘A crase não foi feita para humilhar ninguém’’, escreveu Ferreira Gullar. ‘‘A vírgula também não’’, completou José Cândido de Carvalho. ‘‘O hífen muito menos’’, acrescentamos nós. O tracinho não humilha. Mas nos pega pelo pé. A prova está na capa de certa revista. No título, aparece: ‘‘Kadafi na luta anti-terror’’. Baita tropeço. Anti - só aceita hífen quando seguido de h, r e s. Nos demais casos, é tudo coladinho: anti-humano, anti-regional, anti-semita. Mas: antiterror, antiimperialismo, antigovernamental. Falando em hífen, seria bom ressaltar que o prefixo bi não aceita hífen. Logo, bicampeão e bicampeonato não levam hífen, ou seja, bi, tri, tetra, penta, hexa, hepta, octo, enea, deca, endeca, dodeca campeão, não levam hífen. Somente vice-campeão é hifinizado. É bom salientar que bi vem do latim, mas tri, tetra, penta, hexa, hepta, octo, enea, deca, endeca, dodeca vêm do grego. Também é mais do que bom lembrar que não se usa hífen quando se emprega esses elementos. Portanto, escreva bicampeão, tricampeão, tetracampeão, pentacampeão, hexacampeão, heptacampeão, etc., sem hífen.   PERIGO Pare. Olhe. Escute. É a recomendação para quem vai atravessar o caminho do trem. Pare. Leia. Releia. É a recomendação para quem escreve. Só assim escapamos das armadilhas que povoam a língua. Hoje ignoramos o conselho. Eis a bobeira: ‘‘E, além das já tradicionais fitas da Xuxa e do Didi, há ainda Cazuza ...” Baita acidente. Além de indica adição. Ainda também. Para evitar a trombada, melhor ficar com um ou outro: Além das tradicionais fitas da Xuxa e do Didi, há Cazuza... Há as tradicionais fitas da Xuxa e do Didi e, ainda, Cazuza ...   O ARTIGO O artigo tem uma só letra. Mas vale por dez. Sozinho, é capaz de mudar o significado da informação. Ao dizer ‘‘policiais reúnem-se em assembleia’’, referimo-nos a alguns policiais. Já ‘‘os policiais reúnem-se em assembleia’’, englobamos a todos. Hoje, esquecemos a diferença. Escrevemos: ‘‘No ano passado, entidade recebeu 20% do previsto no orçamento, suficiente para não fechar portas’’. A entidade foi referida um pouco antes. O artigo é obrigatório (a entidade). Mais: ‘‘fechar portas’’ é fechar uma ou outra porta. Mas o texto fala em fechar a entidade. Logo, fechar as portas.   CRIME QUASE HEDIONDO Presente com presente. Passado com passado. É a regra da correlação verbal. Hoje, nem ligamos para norma. Eis o crime de lesa-língua: ‘‘Maura não imaginava que seu filho estava morto há dez horas’’. Respeitado o lé com lé, cré com cré, a frase fica assim: Maura não imaginava que seu filho estivesse morto havia dez horas.   COCHILOS Em 1972, promoveu-se uma caça aos acentos diferenciais. Os legisladores queriam acabar com ele. Não conseguiram. Só puseram fim ao chapeuzinho que distinguia o som do e e o abertos do som fechado: eu governo, o governo; eu almoço, o almoço. O pode x pôde ficou para confirmar a regra. Os diferenciais com acento agudo permaneceram firmes e fortes. Um deles é pára, do verbo parar. O grampinho diferencia a preposição do verbo. Compare: Vá para o inferno. O Ônibus pára logo ali. Ora, preposição é invariável. Não tem feminino, masculino, singular ou plural. Por isso as outras formas do verbo parar não levam acento. Esquecemos essa verdade ao escrever: ‘‘José Dirceu chamou sete deles para dizer que párem de reclamar’’.   TAMANHO E DOCUMENTO O pequeno só tem uma saída. Vira-se. É o caso do prefixo micro-. Ele se sente minúsculo. Para vencer o complexo de inferioridade, tomou uma decisão. Vem sempre — sempre mesmo — coladinho à palavra. Aí, não dá outra. Fica grandão: microanálise, microrregião, microssistema. Impiedosos, humilhamos o coitado. Certo jornal escreve: ‘‘O aumento da alíquota vem tirando o sono do micro-empresário’’. A criaturinha chorou. Merece consolo: O aumento da alíquota vem tirando o sono do microempresário. Lembrete:  O correto é micros e pequenas empresas, ou seja, micro e pequena vão para o plural e não como se vê constantemente na mídia em geral.   A ARMADILHA A concordância prega ciladas. A mais frequente se chama distância. Basta o verbo se afastar do sujeito e lá vamos nós. Caímos como patos. Vale o exemplo de hoje: ‘‘Quem tiver prestações equivalentes a 30% ou mais da renda familiar poderão pedir aumento do prazo ...’’ Se o verbo estivesse coladinho ao quem, só o singular teria vez (quem poderá, quem fará, quem estudou). A frase nota mil seria esta: Quem tiver prestações equivalentes a 30% ou mais da renda familiar poderá pedir aumento do prazo ...   DOIS ARDIS A língua é um sistema de ciladas? É. A palavra sequer serve de exemplo. Primeiro peguinha: o significado. Ela não tem nenhum parentesco com a conjunção não. A ardilosa significa ao menos, pelo menos. O segundo: o emprego. Só se usa em frase negativa: Lula não disse sequer um nome. Partiu sem sequer se despedir. Nós nem ligamos paras manhas astuciosas. Escrevemos sem corar: ‘‘A União Europeia sequer nos exige visto de entrada’’. Há duas formas de fugir da emboscada. Uma: A União Europeia não nos exige sequer visto de entrada. A outra: A União Europeia nem sequer nos exige visto de entrada.   SEMPRE ACOMPANHADAS As construções linguísticas são como as pessoas. Algumas convivem com a solidão. Outras precisam de companhia. A indicação de horas encaixa-se no 2º caso. O número vem sempre (sempre mesmo) acompanhado de artigo. Certo jornal, esqueceu a exigência: ‘‘Saída entre 12h e 14h. Para retornar, a embarcação navega de meia em meia hora até 14h45min’’. Sem o artigo, as horas choram. Vamos secar-lhes as lágrimas: Saída entre as 12h e as 14h. Para retornar, a embarcação navega de meia em meia hora até as 14h45min.